LANÇAMENTO DO
LIVRO: OS MEANDROS DA EXTENSÃO RURAL/AGROFLORESTAL DO ACRE: UM PROJETO
HUMANISTA
Roosevelte, Ely, Barrinhos, Deuzanira, Vera, Darcilene, Pedrinho, Madazinha e Generozo, na cadeira Neurides (A Dama de Niteroi)
Para minha felicidade foi uma noite esplendorosa onde recebemos os amigos e colegas da extensão do Acre (ACAR e EMATER), colegas e amigos da Universidade, companheiros do Partido dos Trabalhadores, familiares e muitos outros amigos.
Tivemos como “Mestre de
Cerimônia” a nossa amiga Vera Gurgel, que conduziu, brilhantemente, todo o
evento que contou com um sarau musical do Som a Madeira, o Sax Alto de Samuel Vieira,
um singelo coquetel e autógrafos dos livros adquiridos pelos presentes e os que
compraram antecipadamente
O destaques do evento foi a
homenagem que prestamos ao benemérito da Extensão Rural do Acre, Zaqueu
Machado, feita pelo seu amigo Raimundo Barros. Barrinhos também sugeriu uma
homenagem póstuma aos colegas que partiram mais cedo para o “Oriente Eterno”.
Foi comovente ouvir Antônio Carlos executar no seu Bandolim, acompanhado pelo
violão de James da Ave Maria de Gunot.
Uma homenagem que não estava
no roteiro do evento foi o depoimento que a amiga Darcilene, fez a meu respeito.
Foi muita generosidade e me comoveu profundamente. Transcrevo:
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Boa noite, caros, irmãos e irmãs
da Extensão Rural, autoridades presentes, familiares, amigos e companheiros de
caminhada do nosso querido mestre e amigo Marcão,
Pra nós é uma grande bênção e uma
alegria incomensurável poder participar desse momento tão importante e
significativo para a história da Extensão Rural do nosso Estado e para a
história de cada um de nós, enquanto pessoas e enquanto extensionistas que
somos e que jamais deixaremos de ser. Pois, esta experiência transformadora que
vivenciamos juntos, na nossa casa de Extensão, com muito amor e dedicação, é
algo que levaremos para a vida inteira,
em nossos corações; e que com certeza, foram boas sementes que
plantamos, que germinaram, floresceram e que deram muitos frutos, ao longo da nossa
história e dos caminhos que percorremos.
Um dos frutos, sem dúvida, é a
apresentação desse livro, organizado com todo amor e carinho, por esse grande
“monstro” da Extensão Rural, como o chamamos de forma carinhosa e
fidedignamente, porque ele o é, no sentido de grandioso e incansável amante e
defensor do serviço de Extensão Rural, não só no Acre, mas em todo o Brasil.
Ele é o nosso “mestre”, professor
Marcão, que muito tem nos ensinado, ao longo desses anos, como fazer extensão
rural, com amor, dedicação, simplicidade e honestidade, sempre nos colocando ao
lado e a serviço dos que não “têm”, dos que não “podem “e dos que não “são”.
Não no sentido pejorativo, mas na convicção de que aqueles que cuidam das
nossas riquezas naturais e que produzem os elementos essenciais para a nossa
soberania e segurança alimentar, são, na maioria das vezes, massacrados e
alijados, no que se refere ao justo acesso aos meios de produção e no
reconhecimento dos seus direitos como cultivadores, geradores e produtores dessa
riqueza, que é a produção de alimentos,
caracterizada como produção familiar, que garante, na grande maioria, a vida e a sobrevivência de cada um de nós.
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Sermos convidadas, eu e minha amiga irmã Neurides, para
lermos o curriculum desse grande escritor, extensionista, mestre e amigo, é
para nós uma grande honra.
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Todos nós sabemos que o
Curriculum Vitae= é o Termo que descreve um documento que resume a trajetória
educacional, profissional e pessoal de uma pessoa, detalhando suas
experiências, qualificações e realizações.
E que na Origem do termo: significa do
Latim “curso de vida/trajetória de vida”
E que no Uso prático: ele é usado
para apresentar a uma pessoa ou instituição, um resumo das qualificações e
histórico de um indivíduo.
Porém, existe uma outra espécie
de apresentação curricular, tão significativa quanto, que chamamos de
“Testemunho de vida”. E é esse, que em rápidas palavras gostaria de expressar,
nesse momento, com alguns episódios, às vezes até engraçados, que marcaram a
nossa convivência, com o nosso mestre Marcão, e que muitos desconhecem, e que
gostaríamos de partilhar com vocês, como uma forma de merecida homenagem e
gratidão. Ele que sempre gostou dos “causos” da extensão. Vamos contar alguns sobre
ele, antes de ler o seu curriculum acadêmico...kkkk
A Palavra de Deus nos diz, no
Evangelho de Mateus, Cap. 6, versículo 21, que fala do nosso maior tesouro, diz
assim: “...Porque, onde está o seu tesouro, aí também estará o seu coração”.
O que que essa Palavra tem a ver
com o testemunho de vida desse grande professor e mestre da extensão?
Marcão, que embora nunca tenha
demonstrado, claramente, ser um “praticante assíduo” de uma determinada
religião, sempre se comportou, em seus diálogos e nas suas relações do
cotidiano como sendo um homem temente a Deus e de coração generoso. Pois, ao
longo da sua prática, na extensão e fora dela, demonstrou-se ser um homem,
“segundo ao coração de Deus”.
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atitude concreta. Uma fé que, |
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Ao iniciar sua carreira na
extensão rural e na sua militância política, sempre manteve uma postura de fé,
onde essa fé se traduzia em coragem e realmente, transforma e que liberta.
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Com o ações |
seu coração
generoso, na sua essência, ao compartilhar o conhecimento e suas com amor e
humildade, ele conseguiu carregar, dar significado e transmitir essa verdade e
essas virtudes, não só como extensionista, mas como educador e como companheiro
de trabalho, para com todas as pessoas com as quais ele conviveu e ensinou.
Lembro-me que, durante o final da
década de 80 e início dos anos 90, quando iniciávamos um trabalho mais efetivo
junto às organizações rurais e com a organização da nossa própria associação de
servidores, a nossa Assea, ele já tomava a linha de frente nos formando e nos
ensinando a lutar contra os desmandos e a opressão, de governantes e dirigentes
que pretendiam nos calar e sufocar a nossa luta em defesa dos pequenos
agricultores e também por melhores salários e condições de trabalho.
Diante das ameaças, após uma
grande e significativa greve dos servidores, com a participação massiva de
produtores e organizações rurais, começava ali, naquele momento, a operação
“caça às bruxas”.
Ele, em nenhum momento, se
intimidou ou recuou. Pelo contrário, intensificou a formação junto à associação
e aos colegas, dizendo que tínhamos que permanecer firmes às ameaças e não usar
máscaras, tanto é que a sua primeira e impactante escrita, à qual ele fez com
muita ênfase e com uma maestria que lhe é peculiar, foi o documento intitulado:
“Cai a máscara”, contra o governo e dirigentes da época, que abalou as
estruturas da Emater e do palácio Rio Branco.
Veio então a ordem do palácio e a
notícia bombástica: todos que assinaram aquele documento deveriam se retratar,
sob pena de demissão sumária. Ninguém assinou, todos foram demitidos. Depois,
soubemos por algumas fontes que o governador havia dito: “demite todo mundo,
principalmente “os cabeças” Marcão, Monteiro e Cacá”. E depois ficamos sabendo
também, que ele disse, só não é pra demitir o menino do Bujari, esse menino era
o Pedrinho, que tinha ajudado implantar o polo hortigranjeiro do Bujari, que
era a “menina dos olhos” do então governador. Acredito, que os colegas, na
época,
não
entenderam por que o Pedro e a Darcilene não assinaram se retratando e não
foram demitidos. Com certeza, alguns até pensaram na linguagem da época:
“Pedrinho pelegou”. Kkkk
Esse, foi o primeiro fato, que
nos demonstrou a certeza de que ali no nosso quadro, tínhamos um grande
extensionista e um companheiro de fibra, disposto a lutar e a construir uma
linda história na extensão rural e no nosso Estado, que foi se consolidando ao
longo dos anos, não só na extensão rural no Acre e no Brasil, mas também na
Universidade, na política, na comunicação e em várias outras instâncias da
nossa sociedade.
Ao assumir, posteriormente, no
governo da Frente popular, um cargo de direção na sua casa Emater, ele,
imediatamente, primou pelo resgate histórico da extensão e dos fatos
significativos que marcaram época e a vida da Emater, enquanto instituição, e
dos principais atores que fizeram parte dessa história; ou seja, produtores,
indígenas, seringueiros, extensionistas e dirigentes comprometidos com a
verdadeira soberania e cidadania.
Um outro fato marcante e
pitoresco, na sua trajetória como dirigente, denota o tamanho da generosidade
do seu coração e da sua empatia com o seu semelhante. Esse fato foi
interessante: aconteceu que, enquanto os diretores, seus antecessores, da linha
dura, mandavam documentos ameaçando cortar repasse de fundo fixo ou até
salários de chefes de escritórios por não enviarem os relatórios, em tempo
hábil, ele simplesmente pegava o telefone e ameaçava os chefes de escritório dizendo:
“Home pela mor de Deus, mande esses relatórios, se não vocês vão complicar a
prestação de contas e a busca de recursos pra gente” ...kkkk
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Outro episódio que aconteceu nas
suas andanças pelo interior do Estado, enquanto diretor, foi, segundo o
Pedrinho, que fazia parte da sua comitiva, que ao regressar de Cruzeiro do Sul,
no meio do caminho para Tarauacá, encontraram uma senhora esperando condução
para Cruzeiro, com forte dor de dente, e que ia tentar extrair o dente. Daí,
convidou a mulher para ir com eles até Tarauacá para a consulta, mas ela
recusou. E durante o resto da viagem ele não parava de pensar naquela mulher e
ai queria voltar pra cruzeiro para levar a mulher ao dentista, e a equipe não
concordou e ele falava: Mas, meu Deus do céu, aquela pobre mulher deve tá
sofrendo muito com aquela dor de dente, e se ela não conseguir carona...não
consigo me esquecer disso”. Como os outros não concordaram, só lhe restou rezar
por aquela senhora.
Para finalizar, com uma frase,
que lhe é peculiar: Na sua sala de diretor, onde costumava receber as pessoas e
colegas de trabalho, ele ostentava em um quadro, uma linda frase que refletia o
motivo pelo qual ele estava ali, que era e que é o seu espírito de servir, na
qual ele dizia: “Sem amor e sem paixão, não podemos nem sequer chupar um
picolé”. Esse é o Marcão.
Um abraço carinhoso e a eterna
gratidão dos seus amigos da Extensão: Darcilene, Pedro, Neurides, Canízio,
Madalena, Idelfonso, Letícia...E todos os presentes ao lançamento do seu Livro
de memórias da Extensão no Acre.
Dizer o que? Só me cabe agradecer o carinho e a generosidade da Amiga Darcilene.
O Som da Madeira ( James, violãde 6; Tony do Bandolim, Bandolim; Nilton Bararo, Acordeon e Deley, Pandeiro)
Marcão (O Autor do livro)
Cícero e Marcão