ANO NOVO
Por: Marcos Inácio Fernandes
“E quem for cego veja de repente/Todo azul da vida/Quem estiver
doente/Saia na corrida/Quem tiver presente/Traga o mais vistoso/ Quem tiver
juízo/ fique bem ditoso/ Quem tiver sorriso/Fique lá na frente/Pois vendo
valente/E tão leal seu povo/O rei fica contente/Porque é Ano Novo” (Chico
Buarque – Ano Novo)
É de praxe quando um ano se acaba
e outro se inicia, fazermos um balanço do ano que finda e conjecturas do que
esperamos para o que vai entrar. Pois bem, seguindo essa tradição e o espirito
desse período, onde o velho está morrendo e o novo ainda não nasceu, também
ouso compartilhar a minha análise pessoal, do que passou e do que estar por
vir.
Do ponto de vista pessoal tive
experiências extraordinárias pois estive presente nos mais importantes eventos
políticos do ano. Já do ponto de vista político/eleitoral foi um desastre
ferroviário principalmente no Acre.
Comecei o ano participando em
Porto Alegre, das manifestações ocorridas naquela capital, quando do julgamento
de Lula pelo TRF-4. Fui de ônibus até Porto Velho, de Porto Velho, de avião
para o Rio, segui de avião para Florianópolis e de lá para Porto Alegre, de
ônibus. O regresso foi no mesmo itinerário e nos mesmos meios de transporte.
No Rio, vi o ato dos artistas e
intelectuais, para Lula no Teatro Casa Grande no Leblon. Naquela oportunidade
conheci Graça Lago (irmã de Mário Lago), Gisa Nogueira (mãe do Didu Nogueira e
irmã do João Nogueira) e Paulo César Feital. O mais marcante foi ver Bethe
Carvalho, em cadeira de rodas, cantar com Noca da Portela o samba “Vou
Festejar”. Festejei!!!
Depois de uma curta passagem por
Floripa, na casa de amigos, (Edna e Artagnan), fui de ônibus para Porto Alegre
e participei de todos os eventos programados para os dias que antecederam o
julgamento do TRF-4. De todo Brasil vieram delegações e do Acre estiveram
presentes, o governador Tião Viana, o Senador Jorge Viana, o Deputado Federal
Léo de Brito e os estaduais, Dniel Zen,
Leila Galvão e Lourival Marques.
Na ‘esquina democrática” em Porto
Alegre (confluência da Av. Borges de Medeiros e rua da Praia) eu presenciei a
maior manifestação popular na minha trajetória de militante. Lula e outras
lideranças nacionais (Boulos Requião, Stédile, Gleise, Manuela...) falaram prá
mais de 70 mil pessoas. Quando dizem que perdemos de 3 a zero no TRF-4, eu digo
que ganhamos de 70.000 x 3. Uma questão de perspectiva! Na ocasião, dei até uma
pequena entrevista, que foi publicada na
revista Carta Capital.
Em junho, com mais 6 militantes
do PT de Rio Branco, estivemos na vigília por Lula Livre, em Curitiba. Por 3
dias demos o BOM DIA, BOA TARDE e BOA NOITE, PRESIDENTE LULA!!! e participamos
das rodas de conversa e outros eventos que diariamente ocorriam na vigília.
Vimos e participamos de inúmeras manifestações de solidariedade. De Curitiba
fomos de ônibus para São Paulo fazer um intercâmbio no MST e conhecer a
extraordinária experiência pedagógica e o funcionamento da Escola Nacional
Florestan Fernandes. Essa viagem, ademais, possibilitou rever amigos de
infância (Tânia Mazzarotto) em Curitiba e de militância (Pedro Rocha) em São
Paulo. Também conheci Morretes numa espetacular viagem de trém
(Curitiba/Morretes) e degustar naquela cidade de seu famoso “barriado”.
Em agosto acompanhei as mulheres
do Acre e de Rondônia numa viagem de ônibus até Brasília, para o registro da
candidatura de Lula no TSE. Esse ato reuniu mais de 50 mil pessoas de todo
Brasil que, juntos com as lideranças do PT e dos partidos de esquerda,
protocolaram o registro de Lula, como candidato do PT, naquele Tribunal.
Naquela oportunidade, revi muitos companheiros que estiveram na vigília de
Curitiba e tive o privilégio de conhecer o Adolfo Pérez Esquivel, o prêmio
Nobel da Paz de 1980. A energia que emanava nesse ato, era tão forte, que
mesmo, como peso de meus 70 anos e sem preparo físico, consegui fazer a “Marcha
do Mané Garrincha ao TSE”, de mais de 20 km, empunhando a bandeira do Brasil e
do PT. Cheguei cansado, mas feliz!! Só lamento da Graça Manchineri, ter perdido
minha bandeira do PT e a faixa do Acre ter ficado no carro de som. A viagem de
regresso foi de extremo repouso.
O mais foi a campanha eleitoral,
onde vislumbramos o desastre que se anunciava e que as urnas do Acre,
confirmaram. Como otimista inveterado, tinha esperanças de ir ao 2º turno,
eleger Jorge Viana, fazer, pelo menos, 1 federal e 3 deputados estaduais.
Entretanto o povo acreano votou com o fígado e fomos soterrados pela bílis
excretada. Agora não adianta se queixar do povo, que já nos deram tantos
mandatos. A minha primeira avaliação é que nessas eleições, o povo foi muito
rigoroso com o PT, mas nós fizemos por merecer.
Resta-nos nesse ano que se inicia
recompormos nossas energias, refazermos nossos projetos pessoais de vida, (tem
muitos companheiros ainda atordoados) e se “guardar prá quando o carnaval
chegar”, como recomenda o Chico. Considero que só após o carnaval, teremos
condições de saber quem de fato está disposto a reconstruir o partido e, com
serenidade, fazermos a nossa avaliação, ajustar “as velas” e cuidar desses dois
patrimônios do povo brasileiro – O PARTIDO DOS TRABALHADORES e LUÍS INÁCIO LULA
DA SIVA!!
Tenho clareza, que dias sombrios
nos aguardam em 2019, nosso partido continua sob ataque e nossa soberania
ameaçada com as ameaças concretas ao nosso patrimônio. Infelizmente, uma parte
majoritária do nosso povo deu um “cheque em branco” ao capitão, que ele vai
preencher a seu bel prazer e não podemos dizer que “Santo Antônio me enganou”.
Resta-nos aguardar como vai se
comportar os grupos que estão no poder: os militares, os “Chicagos Boys” da
economia, o “xerife da justiça” e os “infantes terribles” da família Bolsonaro.
Acompanhemos, por enquanto, a novela do motorista Queiroz, as contradições do
núcleo duro do poder e quem vai ser hegemônico no Planalto. Como disse José
Dirceu, deixemos o homem sentar na cadeira da presidência e ver como ela
esquenta, podendo até queimar!!
Da nossa parte cabe-nos RESISTIR
e LUTAR na certeza que essa fase vai passar e dias melhores hão de vir. É a história que nos dá essa certeza e que a
sabedoria popular confirma quando diz:
“Não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe”
Avante!!!
*Marcos Inácio Fernandes, é
presidente do DM/PT de Rio Branco
Rio Branco (AC), 01 de janeiro de
2019