domingo, 23 de fevereiro de 2020

OS HUNOS VOLTAM ATACAR!





Os Hunos Voltam Atacar!

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“A erva não volta a crescer onde pisa meu cavalo”. Átila (395 – 453 d.C)


Chamava-se Othar, o cavalo de Átila, rei dos Hunos. Dizia-se que por onde ele passava não nascia grama, tal a devastação que seu dono fazia com suas hostes bárbaras. O “flagelo de Deus”, como era conhecido, Átila era temido, até mesmo, pelo Império Romano. Era o mais selvagem e mais sanguinário dos povos bárbaros.

Quinze séculos depois, em terras tropicais, surge outro personagem que se assemelha ao rei dos Hunos. É o capitão Jair Bolsonaro e suas falanges bárbaras pós-moderna. Tudo definha e nada cresce por onde ele passa com sua cavalaria de Othar’s. Pisoteiam tudo. Desde a ética e a compostura, que o cargo exige, até as políticas sociais e a soberania nacional.

Uma das suas últimas investidas foi contra uma política pública, das mais generosas, do povo brasileiro -o serviço de Extensão Rural –
Fiquei sabendo do ataque através do meu amigo e confrade Hur Ben, agora em pleno carnaval. Transcrevo seu texto de indignação que reflete o sentimento de todos nós extensionistas. Diz ele:
Hoje foi extinto o DATER. O Decreto Nº 10.253 de 20 de fevereiro 2020, artigo 34º cria o Departamento de Desenvolvimento Comunitário, responsável pela Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
O DATER foi do MAPA e em 2003 passou para o MDA, onde ganhou espaço importante de política pública. Sem dúvida foi um exemplo de construção social de política pública que respondeu ao anseio dos agricultores e das organizações de ATER públicas e privadas. Entre suas maiores conquistas se destacam a PNATER, que virou lei em 2010, e os recursos diretos de ATER, chegaram próximos R$ 1,0 bilhão por ano. Em torno de 50% do que aplicam os governos estaduais.
 Representa o último ciclo virtuoso da política federal de ATER, antecedido pelos ciclos ABCAR e EMBRATER, e o ciclo negativo da década de 90. Um novo departamento - desenvolvimento comunitário - significa o início de um novo ciclo da Ater. Mas o que será este ciclo?
Os sinais não são animadores. Vejamos. Atualmente a PNATER está sendo reelaborada. A política construída ao longo de décadas com ampla participação dos segmentos envolvidos, passa por uma releitura acadêmica e tecnocrática. Vai perder sua dimensão democrática, uma de suas maiores virtudes, ao lado dos conceitos avançados e contemporâneos de desenvolvimento sustentável. Como ficará?
Outro sinal importante. Os recursos de ATER para 2020 são pífios. Não chegam a 1% dos recursos aplicados pelos governos estaduais. Em 2019 o DATER alocou recursos para o SENAR num projeto no semiárido o que sugere um modus operandi daqui pra frente.
 Então, o novo departamento pode ser a volta aos patamares da década de 90, quando o DATER era uma mera sala no MAPA sem recurso e sem política. O que significará isso? Menor oferta de serviços de Extensão Rural pra quem mais precisa. Justamente quem produz os alimentos da cesta básica dos brasileiros: os agricultores familiares.
Aprendi que o que é bom deve ser valorizado. Quem conhece e quem é atendido pela extensão rural sabe como esse serviço é bom, importante e necessário. Então? DATER, tiraram o teu nome! Porque?... Espero que não seja como aquele comercial do lançamento do barbeador com três lâminas. Lembram? A primeira faz tchun! e lá se foram os recursos de ATER. A segunda faz tchan! e lá se foi o DATER, e a terceira faz tchan tchan tchannnnn.... o que vai sobrar pra cortar? Veremos!
Pois é caro amigo Hur Ben, o que vai sobrar prá cortar? A grama já está seca e rala de tanto que está sendo pisoteada pelo capitão montado em Othar com suas milícias e suas falanges pentecostais. A grama de tão seca pode dá combustão para um incêndio de grandes proporções.
Considero que para se contrapor ao cavalo Othar e seu cavaleiro só os muitos cavalos de uma retroescavadeira e outras máquinas de igual porte.
Marcos Inácio Fernandes, é Secretário de Formação do DM/PT de Rio Branco.
Rio Branco (AC) 23 de fevereiro (domingo de carnaval) de 2020


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

FALTANDO PRESTES E SOBRANDO PILATOS!!!





Faltando Prestes e Sobrando Pilatos!!

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“Ao envelhecer, parei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção ao que elas fazem.” Andrew Carnegie (1835-1919)

LUIS CARLOS PRESTES (1898-1990) - o “Cavaleiro da Esperança”-  está fazendo falta na política brasileira. O personagem da Coluna (1922/1924) que levou seu nome e da Intentona Comunista (1935), deixou um legado de atos e ações que atestam a sua retidão de caráter e seu compromisso inabalável com o seu partido, com o socialismo e com o Brasil.

Citarei apenas dois fatos históricos. Após o fracasso da Intentona Comunista de 35, Prestes e sua companheira Olga Benário Prestes foram presos em 1936, pela polícia de Filinto Muller, que havia sido expulso da Coluna Prestes. Após sofrer inomináveis torturas, Prestes foi condenado a prisão onde amargou uma solitária incomunicável por quase 10 anos. A situação de Prestes era tão aviltante, que no seu julgamento, seu advogado Sobral Pinto, recorreu ao Código de Proteção aos Animais em sua defesa. Essa prisão recente do Lula, de quase 600 dias, que tanto nos indigna, se comparada com a de Prestes, mas parece um pic-nic mais prolongado.

Prestes foi anistiado com a redemocratização de 1945 e foi eleito senador pelo Rio na Constituinte de 1946. Logo após cassaram os Constituintes comunistas e o registro do PCB.  Por décadas na clandestinidade e, com os sobressaltos que essa situação acarreta, continuou a comandar o partidão e participar da vida política do país. Morreu de velho aos 92 anos. Uma magnanimidade do destino.
A mesma sorte, porém, não teve a sua companheira Olga. Ela, mesmo grávida de uma brasileira (Anita Leocádia Prestes), foi deportada por Vargas, com a chancela do Supremo, e entregue aos nazistas alemãs em 1936. Morreu numa das câmeras de gás do campo de concentração de Bernburg em 1942, com apenas 34 anos.

Em 1945, o Estado Novo agonizava, mas muitos queriam a continuidade de Vargas na Presidência e uma “Constituinte com Getúlio”. Era o “movimento queremista”. Prestes e o partidão aderiram e apoiaram o “queremos Getúlio”. Muitos estranharam o apoio de Prestes a quem tinha sido o algoz de sua esposa. Quando foi questionado, até por companheiros do partido, a respeito, ele respondeu, mais ou menos, nesses termos: “Não posso me dá ao luxo, de como dirigente partidário, que os meu dramas pessoais e familiares interfiram nas minhas decisões políticas.”

Pois bem, fico agora a me lembrar de Prestes, quando vejo que após uma dolorosa derrota eleitoral em 2018, muitos companheiros e companheiras, com e sem pretextos, abandonam o partido. Alguns deles usufruíram, de cargos e mandatos por anos a fio, no bojo de nossas vitórias. Lembro de Prestes, quando vejo quadros partidários dando uma de Pôncios Pilatos, “lavando as mãos” preocupados com questões de higiene e apenas com seus problemas pessoais e particulares. Não atentam para a gravidade do momento que exige de todos os militantes uma ação política mais firme e consequente!

Isto posto e, se depender de minha vontade, o PT participará do processo eleitoral que se aproxima com candidaturas majoritárias próprias em todos os municípios do Acre, seja com candidatos competitivos, ou não. O importante é participar do processo, não se omitir e disputar hegemonia na sociedade. Defender o nosso legado e a nossa memória, além de denunciar e combater o fascismo que se alastra no país e fazer a defesa de nossa soberania.

Da luta não nos afastaremos. Miremo-nos nos revolucionários como Prestes e outros do nosso próprio partido.

*Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é  Secretário de Formação do PT/ DM de Rio Branco.

Rio Branco (AC), 18 de fevereiro de 2020






quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

EU E O RÁDIO




             

“Não é verdade que eu não tinha nada, eu tinha o rádio ligado.” - Marilyn Monroe (1926-1962)

Tenho uma paixão pelo rádio desde a infância. Na minha casa, meu pai nunca dispensou um bom rádio de válvulas, ligado o dia todo, todo dia. Daí nasceu meu gosto pela música brasileira, que de tanto ouvir, eu as memorizei até hoje.

Lembro que no primeiro carnaval que fui em Natal, em 1952, com 4 anos de idade, a música que mais tocava no rádio era  Lata d’água, de Luiz Antônio e Jota Júnior, na interpretação da Marlene, uma da Rainhas do Rádio. Lembro também que os nossos almoços aos domingos era ouvindo o programa humorístico “Edifício Balança Mas Não Cai” pela Rádio Nacional do Rio.

E aqui me permito confessar uma das grandes frustrações de minha vida. Nunca ter assistido o programa de auditório da Rádio Poty de Natal, “Turbilhão de Novidades” do Fernando Garcia, que tinha um jingle que dizia ser “o mais alegre da cidade”. Nunca assisti o programa ao vivo, mas nunca perdia a transmissão radiofônica nos domingos pela manhã.

Quando vim para o Acre, em junho de 1978, e logo que montei minha casa, comprei um rádio PHILCO TRANSGLOBE  e era ouvinte assíduo da Rádio Difusora. Fiquei enjoado de ouvir a piada do cavalo, que o J. Conde (o Criatura de Deus) não cansava de repetir no seu “Miscelânia Musical” e me divertia com as mensagens, muitas delas super engraçadas e até jocosas do “Mensageiro Difusora”, que o Reginaldo Cordeiro apresentava.

Ao longo dessa trajetória de 21 anos fazendo o “É Cantando Que A Gente Se Entende”, que comecei levando meus LPs, depois meus CDs e atualmente com a programação em pen drive, pude acompanhar a evolução tecnológica da rádio e o melhoramento do seu espaço físico, do seu stúdio e dos seus transmissores.

 Entretanto, o mais gratificante, foi conhecer e conviver com alguns de seus radialistas e sonoplastas. Nomino alguns e seus respectivos programas: Nilda Dantas do “Sala de Visitas”; Nivaldo Souza, do “Difusora Dona da Noite”; Estevão Bimbi, do “Mundo Cão” e “A Vida Quis Assim”; Franco Silva, “Forró, Cidade e Sertão”; Zezinho Melo e seu “Tarde de Emoções”; Francisco Madeira, “Baile da Saudade”; Damião Viana, com o “Sintonia 1.400” e Reginaldo Cordeiro com o campeão de audiência “Mensageiro Difusora”.

Registro, que nesses 21 anos de programa, dividi o “aquário” da Difusora com Ivan de Carvalho (o faz tudo da rádio) Toinha Oliveira, Edna Souza, Márcio Roberto, José Eusébio, Ângela Silva, Leila Silva, Ivani Nunes, Jander Silva, Marcelo Cordeiro, Chico Catolé e José Wellington, entre outros.

Agradeço, por fim, aos ouvintes assíduos do programa, que se tornaram “cadeiras cativas”. São centenas no Estado e fora dele. Não os nomino por falta de espaço e para não cometer nenhuma injustiça.

 Vamos continuar nos entendendo com o melhor da nossa música, através da das ondas da Difusora. 

Lembrando: “onde tem um rádio ligado não tem solidão”.

Minha gratidão a todos e conclamo-os a permanecerem com o rádio ligado na sintonia 1.400.

Marcos I. Fernandes (Marquito)