Faltando
Prestes e Sobrando Pilatos!!
Por: Marcos Inácio
Fernandes*
“Ao envelhecer, parei de escutar o que as
pessoas dizem. Agora só presto atenção ao que elas fazem.” Andrew Carnegie
(1835-1919)
LUIS CARLOS PRESTES
(1898-1990) - o “Cavaleiro da Esperança”- está fazendo falta na política brasileira. O
personagem da Coluna (1922/1924) que levou seu nome e da Intentona Comunista
(1935), deixou um legado de atos e ações que atestam a sua retidão de caráter e
seu compromisso inabalável com o seu partido, com o socialismo e com o Brasil.
Citarei apenas dois fatos
históricos. Após o fracasso da Intentona Comunista de 35, Prestes e sua
companheira Olga Benário Prestes foram presos em 1936, pela polícia de Filinto
Muller, que havia sido expulso da Coluna Prestes. Após sofrer inomináveis
torturas, Prestes foi condenado a prisão onde amargou uma solitária
incomunicável por quase 10 anos. A situação de Prestes era tão aviltante, que
no seu julgamento, seu advogado Sobral Pinto, recorreu ao Código de Proteção
aos Animais em sua defesa. Essa prisão recente do Lula, de quase 600 dias, que
tanto nos indigna, se comparada com a de Prestes, mas parece um pic-nic mais
prolongado.
Prestes foi anistiado com a
redemocratização de 1945 e foi eleito senador pelo Rio na Constituinte de 1946.
Logo após cassaram os Constituintes comunistas e o registro do PCB. Por décadas na clandestinidade e, com os
sobressaltos que essa situação acarreta, continuou a comandar o partidão e
participar da vida política do país. Morreu de velho aos 92 anos. Uma
magnanimidade do destino.
A mesma sorte, porém, não
teve a sua companheira Olga. Ela, mesmo grávida de uma brasileira (Anita
Leocádia Prestes), foi deportada por Vargas, com a chancela do Supremo, e
entregue aos nazistas alemãs em 1936. Morreu numa das câmeras de gás do campo
de concentração de Bernburg em 1942, com apenas 34 anos.
Em 1945, o Estado Novo
agonizava, mas muitos queriam a continuidade de Vargas na Presidência e uma “Constituinte
com Getúlio”. Era o “movimento queremista”. Prestes e o partidão aderiram e
apoiaram o “queremos Getúlio”. Muitos estranharam o apoio de Prestes a quem
tinha sido o algoz de sua esposa. Quando foi questionado, até por companheiros
do partido, a respeito, ele respondeu, mais ou menos, nesses termos: “Não posso
me dá ao luxo, de como dirigente partidário, que os meu dramas pessoais e
familiares interfiram nas minhas decisões políticas.”
Pois bem, fico agora a me
lembrar de Prestes, quando vejo que após uma dolorosa derrota eleitoral em
2018, muitos companheiros e companheiras, com e sem pretextos, abandonam o
partido. Alguns deles usufruíram, de cargos e mandatos por anos a fio, no bojo de
nossas vitórias. Lembro de Prestes, quando vejo quadros partidários dando uma
de Pôncios Pilatos, “lavando as mãos” preocupados com questões de higiene e
apenas com seus problemas pessoais e particulares. Não atentam para a gravidade
do momento que exige de todos os militantes uma ação política mais firme e
consequente!
Isto posto e, se depender de
minha vontade, o PT participará do processo eleitoral que se aproxima com
candidaturas majoritárias próprias em todos os municípios do Acre, seja com
candidatos competitivos, ou não. O importante é participar do processo, não se
omitir e disputar hegemonia na sociedade. Defender o nosso legado e a nossa
memória, além de denunciar e combater o fascismo que se alastra no país e fazer
a defesa de nossa soberania.
Da luta não nos afastaremos.
Miremo-nos nos revolucionários como Prestes e outros do nosso próprio partido.
*Marcos Inácio Fernandes
(Marcão), é Secretário de Formação do
PT/ DM de Rio Branco.
Rio Branco (AC), 18 de
fevereiro de 2020
Parabéns pelo oportuno resgate histórico e posicionamento.
ResponderExcluirCarlos Prestes, "O homem de ferro e flor", Grande Camarada.
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