quarta-feira, 15 de novembro de 2017

POUCA DEMOCRACIA DEPOIS DA REPÚBLICA




Pouca Democracia Depois da República.

Por: Marcos Inácio Fernandes.

A Proclamação da República, em 1889, também se efetivou sem nenhuma participação do povo. Aristides Lobo, escrevendo a um amigo, diria: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada.”
Aquele seria o primeiro golpe militar e a primeira traição política, considerando que o marechal Deodoro era amicíssimo do Imperador Pedro II, mesmo assim, o destronou com meia dúzia de militares.

Em 128 anos de República, apenas tivemos espasmos de democracia. Apenas 58 anos de democracia formal, pois democracia política e econômica juntas, nunca tivemos.

Na 1ª República (1889-1930), não se pode falar de democracia com restrições ao voto e eleições fraudulentas a “bico de pena” e a famigerada Comissão de Verificação do Senado, que referendava os eleitos. A Constituição de 1891, a segunda do Brasil e primeira da República, estabelecia que: “são excluídos do alistamento eleitoral as mulheres, os mendigos, os analfabetos, os praças de pré (sargentos, cabos e soldados) e os religiosos em regime de clausura e sujeitos a voto de obediência”. Quando as mulheres conquistaram o direito ao voto, em 1935, veio em seguida a ditadura do Estado Novo (1937-1945), de Vargas e nem as mulheres e, ninguém mais, votou. Os Interventores eram nomeados pelo poder central para governar os Estados e Territórios.

Mais recente tivemos o golpe político/militar de 1964 (1964-1981), Uma noite de 21 anos que se abateu sobre a democracia. Agora no ano passado o golpe político/jurídico/midiático, com o impeachment da Dilma Rousseff. Um ano desse golpe mostrou todo o retrocesso a que estamos submetidos. É um direito a menos por dia! Rasgaram a Constituição a CLT e tenta-se restaurar a escravidão nas relações de trabalho. O congelamento de investimentos, por 20 anos, em educação e saúde é um crime institucional que está em vigor. Avança-se sobre os direitos dos aposentados e o MERCADO e os RENTISTAS com om Congresso conivente e a serviço da plutocracia, vendem o nosso patrimônio e negociam a nossa soberania.

São tempos tenebrosos. Mas o barbudo nos ensinou que: “Tudo que é sólido se desmancha no ar” e o poeta abolicionista Castro Alves Bradou:

“Oh! temei-vos da turba esfarrapada,

Que salva o berço à geração futura,

Que vinga a campa à geração passada.”

(O Sol e o Povo – Castro Alves)




Versos do Imperador destituído, Pedro II



O primeiro golpe militar da nossa República




segunda-feira, 13 de novembro de 2017

AOS QUE HÃO DE VIR!!



Aos Que Hão De Vir

Marcos Inácio Fernandes


Para meu neto Arthur.

“Os que virão depois de ti e de mim,
Serão os primeiros a entrar em Berlim.
Eles colocarão a bandeira vermelha,
No alto da montanha de escombros.
E ela tremulará:

 Altaneira!
Imponente!!
Flamejante!!!

A mostrar aos incautos e aos patifes,
Que o sonho não acabou.
Eles serão os Arcanjos,
 Que “vingarão a campa”
Às gerações passadas...

E continuarão a marcha,
 Lenta ou a passos largos,
Mas, inexoravelmente...

Na trilha do horizonte,
Onde se esconde a utopia
Com seus velhos sonhos
E novas esperanças.”



Rio Branco (AC), 13 de novembro de 2017

domingo, 12 de novembro de 2017

O PRIMEIRO GOLPE NINGUÉM ESQUECE!







1823 - Dia de "sua majestade, o canhão" 
 
D. Pedro I dissolve a 1ª Constituinte brasileira: prisões, deportações. Ao sair do prédio, Antonio Carlos de Andrada tira o chapéu com ironia para "sua majestade, o canhão".

A destituição da nossa primeira Assembléia Nacional Constituinte em 1823. Posteriormente D.Pedro I, outorga a "Constituição da Mandioca", em 1824, que estabelecia, entre outras extravagâncias, o voto Censitário. Assim começava nosso ordenamento jurídico. Ruim desde o início!!
 Votava apenas quem detivesse uma renda líquida anual de 100 mil réis, por bens de raiz, indústria, comércio ou emprego. Para ser candidato a Assembléia Legislativa Provincial, exigia-se uma renda superior a 400 mil réis; para a Assembléia Geral, de 800 mil-réis e para o Senado de 1.600 mil-réis. Deputados e Senadores eleitos indiretamente. Votam nas eleições primárias os maiores de 25 anos. Não votam os dependentes dos pais, os “criados de servir” e da casa Imperial “que não fossem de galão branco”. Mulheres, negros, pobres, analfabetos e religiosos que viviam em claustros não votavam.