Pouca
Democracia Depois da República.
Por: Marcos Inácio
Fernandes.
A Proclamação da República,
em 1889, também se efetivou sem nenhuma participação do povo. Aristides Lobo,
escrevendo a um amigo, diria: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito,
surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar
vendo uma parada.”
Aquele seria o primeiro
golpe militar e a primeira traição política, considerando que o marechal
Deodoro era amicíssimo do Imperador Pedro II, mesmo assim, o destronou com meia
dúzia de militares.
Em 128 anos de República,
apenas tivemos espasmos de democracia. Apenas 58 anos de democracia formal,
pois democracia política e econômica juntas, nunca tivemos.
Na 1ª República (1889-1930),
não se pode falar de democracia com restrições ao voto e eleições fraudulentas a
“bico de pena” e a famigerada Comissão de Verificação do Senado, que
referendava os eleitos. A Constituição de 1891, a segunda do Brasil e primeira
da República, estabelecia que: “são excluídos do alistamento eleitoral as
mulheres, os mendigos, os analfabetos, os praças de pré (sargentos, cabos e
soldados) e os religiosos em regime de clausura e sujeitos a voto de obediência”.
Quando as mulheres conquistaram o
direito ao voto, em 1935, veio em seguida a ditadura do Estado Novo
(1937-1945), de Vargas e nem as mulheres e, ninguém mais, votou. Os
Interventores eram nomeados pelo poder central para governar os Estados e
Territórios.
Mais
recente tivemos o golpe político/militar de 1964 (1964-1981), Uma noite de 21
anos que se abateu sobre a democracia. Agora no ano passado o golpe
político/jurídico/midiático, com o impeachment da Dilma Rousseff. Um ano desse
golpe mostrou todo o retrocesso a que estamos submetidos. É um direito a menos
por dia! Rasgaram a Constituição a CLT e tenta-se restaurar a escravidão nas
relações de trabalho. O congelamento de investimentos, por 20 anos, em educação
e saúde é um crime institucional que está em vigor. Avança-se sobre os direitos
dos aposentados e o MERCADO e os RENTISTAS com om Congresso conivente e a
serviço da plutocracia, vendem o nosso patrimônio e negociam a nossa soberania.
São
tempos tenebrosos. Mas o barbudo nos ensinou que: “Tudo que é sólido se
desmancha no ar” e o poeta abolicionista Castro Alves Bradou:
“Oh!
temei-vos da turba esfarrapada,
Que
salva o berço à geração futura,
Que
vinga a campa à geração passada.”
(O Sol e o Povo – Castro Alves)
Versos do Imperador destituído, Pedro II
O primeiro golpe militar da nossa República
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