QUADRO POLÍTICO
NACIONAL E LOCAL
(leituras
preliminares do xadrez político)
Por: Marcos Inácio Fernandes
(Marcão/Marquito)*
“Jogar abertamente não
agrada nem é útil.” (Criar expectativas)
“O jogador astuto nunca
move a peça que seu oponente espera, e muito menos ainda a que ele deseja”.
(Variar o modo de agir)
Baltasar Gracián (1601-1658)
Quadro nacional:
1 – Lula é a única via para
derrotar o fascismo. Chapa formada com Alckmin (PSB) amplia essa possibilidade;
2 – Todas as pesquisas apontam
para uma vitória de Lula no 2º turno, quaisquer que sejam os adversários e que
a disputa com Bolsonaro é a mais plausível;
3 – Pesquisas qualitativas
internas do PT assinalam que, os votos dos jovens, das mulheres, dos artistas e
intelectuais e dos segmentos que ganham até 3 salários-mínimos, estão
cristalizados em Lula. Essa maioria pode ser capaz de possibilitar uma vitória
no 1º turno, a depender de outras variáveis;
4 – Uma variável a ser
considerada é a “cristianização”** das candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e de Simone
Tebet (MDB). Em 1989, o então PMDB, fez isso com Dr. Ulisses então candidato do
partido a Presidência naquele ano. No PDT está se configurando uma “cristianização
cruzada” (voto no partido para governador e voto em Lula, do PT, para
Presidente), principalmente no Nordeste, onde as pesquisas apontam vitória
folgada do Lula. A se confirmar essa tendência, as chances de Lula faturar o
pleito logo no 1º turno são consideráveis;
5 – Uma síntese do quadro político
geral é a constatação de que enquanto Lula aglutina e conquista apoios, no lado
bolsonarista as defecções se sucedem e a mais emblemática foi a do seu
ex-ministro Moro, hoje um cadáver político ambulante, correndo atrás de um
domicílio eleitoral e de uma imunidade parlamentar. Com o “navio fazendo água”,
os ratos já estão se lançando ao mar. Por sua vez, as viúvas da 3ª via estão
inconsoláveis e segundo a lenda, “o Centrão não vai a enterros. O voto útil em
Lula está pintando! A conferir.
6 – Enquanto isso a militância de
esquerda vai formando os COMITÊS POPULARES DE LUTAS, NAS REDES E NAS RUAS, não
apenas para eleger Lula, (se possível no 1º turno e afastar a possibilidade de
golpe) mas para contribuir na mobilização popular para governabilidade do seu mandato.
Não tenhamos dúvidas que as eleições serão conturbadas!
Quadro Local:
2 – Mesmo com todo esse aparato
político/administrativo o governo está com dificuldades de compor as chapas
majoritárias para governo e vice e para senado e suplência;
3 – Pelo lado da oposição, há um
sentimento, quase um clamor, do “volta Jorge para o governo”, tanto no partido
(PT), como na sociedade. Entretanto o Jorge seguindo a “Arte da Prudência” de
Baltasar Gracián, (Criar Expectativa), não tem pressa em se definir se vai pro
Governo ou Senado. Até agosto ele vai ter tempo e mais dados para tomar sua
decisão. Seja qual for a decisão, será um candidato competitivo e, sem dúvida,
o melhor candidato. Na minha percepção de hoje, o Jorge tem mais chance na
candidatura majoritária para o Senado, em face das inúmeras candidaturas da
situação (Mailza Gomes, Jéssica Sales, Márcia Bittar, Wanda Milani e Alan Rick),
além de outros menos cotados. Para o Senado quem tiver mais votos, leva. No
caso da eleição para Governo, Jorge indo para o 2º turno com Gladson vai, necessariamente,
provocar uma reaglutinação dos “flibusteiros”, que formam os partidos da
situação, que vivem do “butim” dos cargos e das benesses da máquina pública. O
bolso se sobrepõe as eventuais discórdias e desavenças que atualmente ocorrem
no bloco da situação;
4 – No cenário que se nos
apresenta, nós do PT temos clareza, que a nossa prioridade absoluta é de eleger
Lula, se possível, logo no 1º turno e que na disputa local, nós não podemos queimar
a largada e nem as nossas lideranças. Nesse sentido podemos participar do
processo majoritário para o governo apoiando a sigla aliada do PSB, com
Genilson, que já está com seu nome colocado e com boa aceitação. Seria a
reprodução invertida da chapa nacional PT/PSB, enquanto as composições das
chapas majoritárias (Governo e Senado) vão sendo construídas com os partidos da
Federação (PV e PC do B) e demais partidos aliados;
5 – No mais é a nossa militância,
nos seus Comitês de Luta, se preparar para embates duríssimos nessas eleições e
não se deixar cair em provocações. Podemos e devemos livrar o Estado do Acre da
pecha de um reduto de Bolsonaro. Para isso precisamos despertar no povo a
indignação com esse governo, nas coisas mais simples e triviais, quando por
exemplo: for as compras no supermercado, quando for abastecer o carro, quando
for comprar o gás e quando for pagar a luz.
Rio Branco (AC), 22 de maio de
2022
Marcos
Inácio Fernandes, é professor aposentado e Secretário de Formação do DM/PT de
Rio Branco-Ac.
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“Cristianização, na política brasileira, é a situação em que um candidato em
uma eleição perde o apoio do seu partido político, que passa a apoiar outra
candidatura com mais chances de vitória.” O neologismo teve origem na
eleição de 1950, para presidente onde os principais candidatos foram: Getúlio
Vargas (PTB); Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e Cristiano Machado (PSD). O
Cristiano perdeu o apoio do seu partido, que majoritariamente apoiou Vargas,
que foi eleito. Daí o termo “CRISTIANIZAÇÃO”.