sexta-feira, 29 de março de 2019

SETE PONTO UM - MAS COM TUDO FUNCIONANDO!!




GRATIDÃO!!!

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo.” Epicuro (341-271 a.C)

“Sonhe como se você vivesse para sempre, viva como se fosse morrer hoje.”
  James Dean (1931-1955)

“Dói entender que a posição da lua não interfere no quanto eu morro um pouco todos os dias.” Gustave Flaubert (1821-1889)

Bem que vivo tentando praticar a frase do James Dean, que viveu intensamente e nos deixou bem jovem. Também tenho clareza que nem a força da lua e as demais forças da natureza e do universo conseguem deter a marcha inexorável do tempo, que já começa a me difamar.

Mas já de “meio dia prá tarde”, com 71 voltas completas em torno do sol, não tenho do que me queixar. A vida me foi benfazeja e tem me coberto de dádivas ao longo dessa trajetória iniciada em 1948. Pois é! Sou do tempo que todo telefone era preto; toda geladeira era branca e tinha um pinguim em cima; violão não dava choque e pandeiro tinha couro. Cheguei a ver o “Zepelin” nos céus de Parnamirim, andei de bonde em Natal e de trém “Maria Fumaça” de Parnamirim a Pedro Velho, da Rede Ferroviária Federal do Nordeste e, muitas vezes, nos Douglas C-47 da FAB de Natal à Fernando de Noronha.

As proezas que consegui na vida, em que pese, minha origem humilde e de minha cor, foi de nunca ter passado fome, nunca ter sofrido acidentes e doenças graves, de ter sempre estudado em escola pública e me formado, e de ter trabalhado desde cedo sem nunca ter sofrido a amargura do desemprego. Hoje, aposentado, tento exercer o “Ócio Criativo” conforme nos recomenda o Domenico De Masi.

Como dá prá perceber, estou no saldo. E o saldo é grande considerando que construí uma família estruturada, com uma companheira que me atura há 44 anos e que me deu  um casal de filhos já formados e que já constituíram suas famílias, trabalham e são cidadãos de bem. Ademais, a filha primogênita já nos presenteou com um neto, o rei Arthur. Ô sorte!! Como disse o poeta Augusto dos Anjos: “Depois da morte ainda teremos filhos”...e netos!!

Depois da família, vem os amigos que cultivei na vida por “Oropa, França e Bahia”. Eles são poucos (conto nos dedos) e bons. Eles não tem defeitos, agora os inimigos (possa ser que os tenha sem saber), se não tiver, eu boto!

No plano político, sou grato ao amigo Silton, torturado e assassinado pela ditadura militar, que me “recrutou” para o PCBR na adolescência e, desde então, milito no projeto generoso da esquerda e do Socialismo. Passei pela matriz política de toda esquerda, o PCB (Partidão), trazido pelo amigo Pedro Vicente, meu contemporâneo da Faculdade de Sociologia, em Natal, que também já não está mais entre a gente. Agora, no ocaso da vida, continuo a militância no Partido dos Trabalhadores-PT, do qual tive a honra de ser dirigente, mais pela generosidade dos companheiros do que pelas minhas qualidades pessoais e políticas.

O escritor francês Gustave Flaubert disse: Aos incapazes de gratidão nunca faltam pretextos para não a ter”. Como não sou ingrato tenho muitos pretextos para agradecer e continuar no PT. Sonho com a liberdade de Lula e com a nossa volta ao governo do Acre e do Brasil. Depois da derrota eleitoral e política que sofremos aqui e dos ataques que estamos sofrendo e das dificuldades que estamos passando digo como o poeta Antônio Thadeu:

                                             “Estou de pé
                                              Mas meu mundo caiu
                                              Tenho muita fé
                                              Mas puta que pariu!!



Sem medo de ser feliz!!!

Marcos Inácio Fernandes (Marquito/Marcão)

Rio Branco (AC) 29 de março de 2019 ( com 71 voltas completas em torno do sol)


quarta-feira, 6 de março de 2019

NAS CORDAS




Nas Cordas


Por: Marcos Inácio Fernandes*



Nos seus 39 anos de existência o PT vive a maior crise de sua história. Há muito tempo que estamos nas cordas. Numa analogia que podemos fazer com o esporte do Box, a situação do PT pode ser comparada a luta do Box do século, entre George Foreman e Muhammad Ali (Cassius Clay) realizada no Zaire (atual República do Congo), em 30-10-1974. Naquela luta, que foi considerada a luta do século, Ali apanhou e ficou nas cordas até o 7° round e nocauteou Foreman no 8° assalto. Chegaremos ao 8° round?

Quero acreditar que sim, mas temos que lutar muito e jamais “jogar a toalha”.
O primeiro fator a considerar é fazer uma leitura, que mais se aproxime da realidade, internacional, nacional e local. Todas elas bastante desfavoráveis ao nosso projeto político.

No campo internacional o capitalismo vive uma das maiores crises da sua história. E o capitalismo só supera suas crises através das guerras. Agora, o pretexto é de combater o terror, o narcotráfico e a defesa das “liberdades democráticas”. Um embuste! Trata-se na verdade de uma guerra por mercados e matérias-primas, sendo o petróleo, a matéria-prima mais cobiçada. Foi, nesse contexto, que Dilma foi deposta e corremos o risco de ser tropa auxiliar na invasão da Venezuela para defender os interesses dos Estados Unidos.

A situação nacional não é menos problemática. Parte do povo deu um cheque em branco ao capitão, que tem o apoio da plutocracia para implementar reformas nocivas ao trabalhador brasileiro, enquanto joga nuvens de fumaça, através de seus “bobos da corte” (Filhos e alguns Ministros), para desviar atenção para suas ações nefastas. Mas governar o Brasil através do Twitter não vai ser possível. As polêmicas e os desgastes que o presidente e seus filhos estão causando através da Redes Sociais, já causam constrangimentos nos outros núcleos de poder do governo e depõe contra a imagem da Presidência da República e a imagem do Brasil no mundo. A última postagem escatológica do presidente sobre o carnaval, talvez lhe traga uma punição pelo Twitter do bloqueio de sua conta de mais de 3 milhões de seguidores. A pergunta que fica é: um presidente que não tem condições de administrar uma conte no Twitter, tem condições de governar o Brasil?

Aqui no Acre, as eleições de 2018, marcaram o fim de um ciclo de 20 anos de governos do PT. Essa derrota eleitoral e política ainda precisa ser analisada com serenidade e profundidade. É certo que o povo acreano “votou com o fígado” e a bílis nos soterrou a todos. Mas nós fizemos por merecer!

 Há algum tempo já se vislumbrava, nitidamente, os problemas internos do partido. O Manifesto do PMB (Partido Que Muda o Brasil já advertia:

. -“A vida interna do PT empobreceu. As tendências, que expressavam nossa democracia interna e a diversidade de sensibilidades políticas e ideológicas que possuímos, se burocratizaram, junto à burocratização do partido”;.

- “Os interesses pessoais, de mandatos ou de grupos, muitas vezes, predominaram sobre as idéias”;


. “Nem sempre apoiamos nossos Governos, quando era necessário”;

. -“Nem sempre soubemos fazer-lhes uma crítica, absolutamente necessária em determinas circunstâncias”; . ( Manifesto do Partido Que Muda o Brasil – PMB, apresentadas no 5° Congresso do partido na Bahia)

 Parece, que os companheiros estavam se dirigindo especificamente a situação do PT do Acre. Nos tornamos um partido quase CARTORIAL, com milhares de filiados, filiados ”chapa branca”, e poucos militantes.

Não há derrotas regeneradoras, mas o resultado das urnas está possibilitando fazer uma depuração nas nossas fileiras. Algumas desfiliações nos entristecem, mas, tem outras (a maioria), que tenho o prazer de cantar o bendito: “segura na mão de Deus e vá...” Veremos agora quem está disposto a reconstruir o partido e dirigi-lo nessa conjuntura adversa. Alguns desafios nos aguardam. Listo alguns:

- Reestabelecer a dimensão ética na política;

- Formação política permanente. Criar a “Escola com partido”, no         partido de “Formação Política e Cidadania”;

- Transformar filiados em militantes;

- Conhecer e implementar as novas “Plataformas de Comunicação”;

_ Estreitar as reações entre os militantes e os mandatos, em todos os níveis;

- Tentar diminuir o sentimento de ódio ao PT e enfrentar o ódio de classe;

- Não contemporizar com o FASCISMO, mas combatê-lo;

- Compatibilizar a teoria com a prática política. LER e LUTAR nunca foi tão necessário;

- Combinar a prática política com o SONHO e mobilizar para se criar ESPERANÇAS!!

Não é de hoje que querem “acabar com a nossa raça”. E não é em sentido figurado. O presidente externou explicitamente quando esteve visitando o Acre na sua campanha. Os milicianos fazem parte do núcleo do poder e não devemos subestimar esse poder paralelo do Estado brasileiro. Com coragem, mas sem ser temerário, haveremos de chegar ao 8° round, como o lendário Muhammad Ali.


*Marcos Inácio Fernandes.
Presidente do Diretório Municipal do PT- Rio Branco

Rio Branco (AC), 06 de março (quarta-feira de Cinzas) de 2019.