Nas
Cordas
Por: Marcos Inácio Fernandes*
Nos seus 39 anos de
existência o PT vive a maior crise de sua história. Há muito tempo que estamos
nas cordas. Numa analogia que podemos fazer com o esporte do Box, a situação do
PT pode ser comparada a luta do Box do século, entre George Foreman e Muhammad
Ali (Cassius Clay) realizada no Zaire (atual República do Congo), em
30-10-1974. Naquela luta, que foi considerada a luta do século, Ali apanhou e
ficou nas cordas até o 7° round e nocauteou Foreman no 8° assalto. Chegaremos
ao 8° round?
Quero acreditar que sim, mas
temos que lutar muito e jamais “jogar a toalha”.
O primeiro fator a
considerar é fazer uma leitura, que mais se aproxime da realidade,
internacional, nacional e local. Todas elas bastante desfavoráveis ao nosso
projeto político.
No campo internacional o
capitalismo vive uma das maiores crises da sua história. E o capitalismo só
supera suas crises através das guerras. Agora, o pretexto é de combater o
terror, o narcotráfico e a defesa das “liberdades democráticas”. Um embuste!
Trata-se na verdade de uma guerra por mercados e matérias-primas, sendo o
petróleo, a matéria-prima mais cobiçada. Foi, nesse contexto, que Dilma foi
deposta e corremos o risco de ser tropa auxiliar na invasão da Venezuela para defender
os interesses dos Estados Unidos.
A situação nacional não é
menos problemática. Parte do povo deu um cheque em branco ao capitão, que tem o
apoio da plutocracia para implementar reformas nocivas ao trabalhador
brasileiro, enquanto joga nuvens de fumaça, através de seus “bobos da corte”
(Filhos e alguns Ministros), para desviar atenção para suas ações nefastas. Mas
governar o Brasil através do Twitter não vai ser possível. As polêmicas e os
desgastes que o presidente e seus filhos estão causando através da Redes
Sociais, já causam constrangimentos nos outros núcleos de poder do governo e
depõe contra a imagem da Presidência da República e a imagem do Brasil no
mundo. A última postagem escatológica do presidente sobre o carnaval, talvez
lhe traga uma punição pelo Twitter do bloqueio de sua conta de mais de 3
milhões de seguidores. A pergunta que fica é: um presidente que não tem
condições de administrar uma conte no Twitter, tem condições de governar o
Brasil?
Aqui no Acre, as eleições de
2018, marcaram o fim de um ciclo de 20 anos de governos do PT. Essa derrota
eleitoral e política ainda precisa ser analisada com serenidade e profundidade.
É certo que o povo acreano “votou com o fígado” e a bílis nos soterrou a todos.
Mas nós fizemos por merecer!
Há algum tempo já se vislumbrava, nitidamente,
os problemas internos do partido. O Manifesto do PMB (Partido Que Muda o Brasil
já advertia:
. -“A vida interna do
PT empobreceu. As tendências, que expressavam nossa democracia interna e a
diversidade de sensibilidades políticas e ideológicas que possuímos, se
burocratizaram, junto à burocratização do partido”;.
- “Os interesses
pessoais, de mandatos ou de grupos, muitas vezes, predominaram sobre as
idéias”;
. “Nem sempre
apoiamos nossos Governos, quando era necessário”;
. -“Nem sempre
soubemos fazer-lhes uma crítica, absolutamente necessária em determinas
circunstâncias”; . ( Manifesto do Partido Que Muda o Brasil – PMB, apresentadas
no 5° Congresso do partido na Bahia)
Parece, que os companheiros estavam se
dirigindo especificamente a situação do PT do Acre. Nos tornamos um partido
quase CARTORIAL, com milhares de filiados, filiados ”chapa branca”, e poucos
militantes.
Não
há derrotas regeneradoras, mas o resultado das urnas está possibilitando fazer
uma depuração nas nossas fileiras. Algumas desfiliações nos entristecem, mas,
tem outras (a maioria), que tenho o prazer de cantar o bendito: “segura na mão
de Deus e vá...” Veremos agora quem está disposto a reconstruir o partido e
dirigi-lo nessa conjuntura adversa. Alguns desafios nos aguardam. Listo alguns:
-
Reestabelecer a dimensão ética na política;
-
Formação política permanente. Criar a “Escola com partido”, no partido de “Formação Política e
Cidadania”;
-
Transformar filiados em militantes;
-
Conhecer e implementar as novas “Plataformas de Comunicação”;
_
Estreitar as reações entre os militantes e os mandatos, em todos os níveis;
-
Tentar diminuir o sentimento de ódio ao PT e enfrentar o ódio de classe;
-
Não contemporizar com o FASCISMO, mas combatê-lo;
-
Compatibilizar a teoria com a prática política. LER e LUTAR nunca foi tão
necessário;
-
Combinar a prática política com o SONHO e mobilizar para se criar ESPERANÇAS!!
Não
é de hoje que querem “acabar com a nossa raça”. E não é em sentido figurado. O
presidente externou explicitamente quando esteve visitando o Acre na sua
campanha. Os milicianos fazem parte do núcleo do poder e não devemos subestimar
esse poder paralelo do Estado brasileiro. Com coragem, mas sem ser temerário,
haveremos de chegar ao 8° round, como o lendário Muhammad Ali.
*Marcos Inácio Fernandes.
Presidente do Diretório Municipal do PT- Rio Branco
Rio
Branco (AC), 06 de março (quarta-feira de Cinzas) de 2019.
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