É
CANTANDO QUE A GENTE SE ENTENDE
Produção
Musical e Apresentação: Marcos Inácio Fernandes (Marquito)
Rádio Difusora
Acreana – “A número um” e a “Voz das selvas”
Site: www.difusora.ac.gov.br - Fones: 3223-5282/3223-9696
Horário: 11:00 – 12:00 (Acre) e 13:00
- !4:00 (Brasília)
Prefixo Musical: “É Cantando Que a Gente se
Entende (Sérgio Souto e Paulo César Pinheiro)
Direção
Geral:
Raimundo Fernandes
Data:20/03/2021
Seleção Musical
Centenário de
Antônio Maria (17/03/1921 – 15/10/1964)
N. O.
|
Música /Compositores
|
Cantor/Intérprete
|
01
|
Manhã de Carnaval (Luís Bonfá & Antônio Maria)
|
Marisa e Emílio Santiago
|
02
|
Frevo Nº 2 do Recife (Antônio Maria)
|
Marisa Gata Mansa
|
|
|
|
03
|
Ninguém Me Ama (A. Maria & Fernando Lobo)
|
Nelson Gonçalves
|
04
|
Menino Grande (Antônio Maria)
|
Maria Bethânia
|
|
|
|
05
|
Fascinaçao (F.D. Marchetti e M. de Feraudy)
|
Elis Regina
|
06
|
Samba do Perdão (Baden Powell & PC. Pinheiro)
|
Elis Regina
|
|
|
|
07
|
Travessia ( fernando Brandt & Milton nascimento)
|
Milton Nascimento
|
08
|
Lamento do Morro (Tom & Vinicius)
|
Milton Nascimento
|
|
|
|
09
|
Ternura Antiga (Dolores Duran &J. Ribamar)
|
Roberto Carlos
|
10
|
Você (Roberto Carlos & Erasmo Carlos)
|
Roberto Carlos
|
|
|
|
11
|
Escuta (Ivon Cury)
|
Ângela Maria e Emílio Santiago
|
12
|
Amendoim Torradinho (Henrique Beltrão)
|
Alcione
|
|
|
|
13
|
Suas Mãos (Antônio Maria & Pernambuco)
|
Marisa Gata Mansa
|
14
|
Se Eu Morresse Amanhã (Antônio Maria)
|
Marisa Gata Mansa
|
|
|
|
15
|
Preconceito (Antônio Maria & Fernando Lobo)
|
Nora Ney
|
Antônio Maria,
100 anos: amor e saudade em versos e crônicas
Publicado em 17/03/2021 -
11:24 Por Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil - Brasília
“Ô ô ô saudade/ Saudade
tão grande/ Saudade que eu sinto/ Do Clube das Pás, dos Vassouras/ Passistas
traçando tesouras/nas ruas repletas de lá”. Os versos do Frevo nº 1 do
Recife (1951) anunciam o sentimento de um multiartista que vivia,
segundo pesquisadores de sua obra, de forma intensa.
O pernambucano Antônio
Maria ficou tão conhecido por clássicos da música brasileira, entre frevos,
inspirações de amor, amarguras e samba-canção (repletas também de dor,
inclusive), como por sua habilidade em prosa em crônicas diferenciadas. O Frevo
nº 2 do Recife (1953) também é dele, tanto letra quanto música: “Mas
tem que ser depressa/Tem que ser pra já/Eu quero sem demora/O que ficou por
lá”. Antônio Maria viveu intensamente e queria mesmo era falar de amor, como
explica o biógrafo Joaquim Ferreira dos Santos, autor de Um homem
chamado Maria.
“Ele começou pelo mundo do rádio, da palavra
falada e depois transitou para literatura”, afirma Guilherme Tauil.
Diferente de outros
autores “puro-sangue” do mundo literário, Maria carregava outras experiências.
O primeiro assunto dele é a rádio, onde tratava de assuntos como
o futebol, ao lado de Ary Barroso. Foi na Cidade Maravilhosa que se
encontrou como cronista e compositor, de forma intensa, trabalhando demais e
dormindo de menos, como assinalam pesquisadores. Ele morreu em 1964, aos 43
anos, vítima de um infarto fulminante.
Tradutor do Brasil
Para o biógrafo Joaquim
Ferreira dos Santos, que publicou pela primeira vez um livro-perfil (Noites
de Copacabana) sobre Antônio Maria no ano de 1996, o artista centenário foi
um dos grandes tradutores do Brasil em meados do século 20. Ferreira dos Santos
recorda-se dos primeiros contatos com a obra de Antônio Maria, quando ouvia
suas canções pela Rádio Nacional, interpretadas por cantoras
como Elizeth Cardoso e Nora Ney. A primeira obra escrita por Ferreira dos
Santos abriu espaço para o artista pernambucano passar a ser cultuado ao lado
de outros autores consagrados da literatura e da música.
Em redações, Antônio Maria
experimentou as máquinas de escrever de revistas como O Cruzeiro e Manchete, e
jornais como Última Hora, O Globo, Diário Carioca e O
Jornal, seu último local de trabalho.
"A vida de Antônio
Maria é o centro de sua obra", analisa Joaquim Ferreira dos Santos, que
enxerga o autor e compositor como um homem que "sofria as
consequências do abandono e das questões do jogo amoroso":
"Parecia que ele sarava estas dores escrevendo. Era uma terapia, a maneira
que ele botava esse coração para a fora". Nascido no Nordeste e consagrado
no Sudeste, Antônio Maria junta realidades diferentes em sua
trajetória: "Ele é um dos tradutores do Brasil", diz Ferreira
dos Santos. Ouça:
“Ele tinha como grande
tema em suas músicas a questão sentimental. Ele tratava da dor amorosa de uma
forma muito expositiva e elegante. Não entendia como algo machista. Ele se
inspirava muito no sofrimento amoroso, mas tinha uma alma solitária”, afirma
Ferreira dos Santos. O autor avalia que o artista se sentia sozinho e à parte
do mundo, o que o inspirava a escrever os textos. Para o biógrafo, tanto os
versos como as prosas das crônicas eram feitas de forma sofisticada. “Nada a
ver com as músicas de sofrência de hoje. Antônio Maria era muito elegante no trato
do texto”.
No Rio de Janeiro,
tornou-se amigo de poetas como Vinícius de Moraes e cronistas como
Rubem Braga, que logo viram que havia ali um texto diferente e
multifacetado. “Ele vivia para amar e para escrever”, afirma o biógrafo. O
escritor afirma que as crônicas tratavam, como nas músicas, da nostalgia da
infância e um permanente tom melancólico. Vivia a boemia no Rio de Janeiro,
percorria as dores do coração e também não se esquecia do passado.
“É um homem muito marcado
pela infância no Recife. Fez frevos belíssimos”. São composições de Antônio
Maria obras de sucesso popular como Ninguém me ama, Manhã
de carnaval, Menino grande e Valsa de uma cidade,
gravadas e regravadas mesmo décadas depois de sua morte precoce.
Nas crônicas, o biógrafo
entende que Antônio Maria fazia parecer fácil a “difícil arte de escrever com
simplicidade”. Um campo que surpreendeu até os pesquisadores de sua obra é que,
além de tantos talentos da escrita, Antônio Maria fazia caricaturas e outras
ilustrações que acompanhavam as temáticas dos textos que publicava. “Antônio
Maria queria falar dos sentimentos. E ele foi um craque”.
vento vadio
O pesquisador Guilherme
Tauil, que desenvolveu dissertação de mestrado sobre a obra de Antônio Maria,
está envolto na garimpagem de 200 crônicas para uma antologia a ser publicada
até o final do ano de 2021. O livro tem título: Vento vadio (a
ser publicado pela editora Todavia), que era como Antônio Maria pretendia
batizar seu primeiro livro, o que nunca foi concluído. “O que a gente
está planejando é uma antologia definitiva. E estou com um problema bom, já que
selecionei mais de 300 obras para chegar a 200”.
Saiba mais dessa história
em trecho da entrevista abaixo:
Em O Evangelho
Segundo Antônio (ouça trecho abaixo), o cronista sintetiza: "Cá
estou eu a escrever tolices. Com imensa facilidade - convenhamos. Vivemos dias
em que é preciso escrever tolices. Há uma dor preponderante em cada
coração". Os pesquisadores entendem que a obra de Antônio Maria é
atemporal, e pode ser inspiração de leitura no contexto atual.
"Trata-se,
realmente, de um bálsamo na arte brasileira. Nasceu no Nordeste e juntou
realidades tão diferentes. Cabe um Brasil inteiro na obra dele, de elegância e
sensibilidade artística. Em momentos como os que estamos vivendo, é importante
que tenhamos contato com boas leituras, como as crônicas, que são textos do
cotidiano e encantam", afirma Joaquim Ferreira dos
Santos. Aliás, novos leitores podem se inspirar pelo trecho final da
crônica mencionada: "Com vocês, por mais incrível que pareça, Antônio
Maria, brasileiro, cansado, 43 anos, cardisplicente (isto é, o homem que
desdenha do próprio coração). Profissão: esperança".