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José Bernardo de Souza – O Panelada (1948 – 2021)
Hoje, no dia que marca o
início da Revolução Acreana, registra também o falecimento de uma figura que
marcou a política contemporânea aqui no Acre. Trata-se do Gregório de Matos (O
Boca do Inferno), aqui de Rio Branco – o Panelada. Era um crítico mordaz dos costumes
políticos da terra e dos políticos em geral. Não escapava ninguém de suas
ironias, umas sutis e outras nem tanto, e de suas críticas, em prosa e verso.
Sua língua era mais afiada do que língua de manicure. Era um polemista por
natureza. Bom papo. Excelente dançarino. Era presença obrigatória no Senadinho
e no espaço Lídia Hames, no Aeroporto Velho. Um líder comunitário com muita
sensibilidade social. Conhecia, como poucos, os bastidores da política acreana
e era um interlocutor respeitado por todos os segmentos do espectro
político/ideológico do Acre. Em síntese, uma pessoa de fino trato desses que a
gente gosta e quer bem de graça.
O Panelada me dispensava
muita consideração, mesmo assim, não escapei de sua crítica mordaz por ter
reclamado por ele estar fumando na sala da sede do PT na Habitasa, por ocasião
do PED-2017. Ele se melindrou e fez um verso reclamando. Para contornar o
constrangimento que lhe causei, lhe dei de presente um charuto Havana, que a
Maria do Carmo me trouxe de Cuba. Ele era um ouvinte “cadeira cativa” do meu
programa de rádio É Cantando Que a Gente Se Entende, que faço aos sábados pela
Difusora. Quando do lançamento do meu livro sobre o PT, na Livraria do Paim, em
fevereiro de 2019, ele estava presente e autografei um exemplar do livro para
ele Na ocasião o Rogério, meu irmão cantou, “Acre Querido”, o samba-enredo que
ele fez sobre o PT, que diz assim:
“Sou cearense nordestino
varonil,
Vivo na terra que brigou pra
ser Brasil. (Meu Acre)
Acre querido a sua história
é fenomenal,
Plácido de Castro, Guiomar
Santos, Chico Mendes e Bacurau.
Marina Silva, nossa ministra
que veio do seringal.
Carlão Gouveia nosso atleta
referência nacional. Mensagens
Tem as mensagens que são
ouvidas em toda região,
Na difusora, compadre Lico,
Reginaldo e o BImbão,
Nossa política é dividida no
vermelho e no azul,
Vejam a balsa está seguindo
para Manacapurú.
REFRÃO
Não vou embora do Acre pois
a minha vida é boa, se me expulssarem eu volto feito sapo na lagoa
A guerra
Até na guerra o nosso Acre
ajudou com a seringa.
Chalube Leite, Dona Alegria,
Edvaldo é cafuringa..
Do senadinho vejo o Palácio
majestoso e belo, na quarta-feira afogo as mágoas com o conjunto Hélio Melo.
Saudades...
Não há saudades das
ratazanas que viviam no canal.
No parque novo, tem
capoeira, caminhada e festival.
Em fevereiro, eu largo tudo
é esqueço a canseira.
Junto a família e vou
brincar o carnaval na gameleira.
REFRÃO
Não vou embora do Acre o
motivo eu vou dizer,
É a nova realidade dos
meninos do PT.
Meu Acre (Bis)
(Samba
Enredo “Acre Querido” de José Bernardo - O Panelada)
Foi a última vez que estive com Panelada. Hoje,
ele foi embora do Acre para outras paragens no andar de cima. Vá na luz
Panelada e descanse em paz. Você vai deixar saudades. (MIF)
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