O SONHO NÃO ACABOU E A ESTRELA VOLTA A
BRILHAR
(CONSIDERAÇÕES DE UM MILITANTE
OTIMISTA)
Por:
Marcos Inácio Fernandes*
“O jogador astuto
nunca move a peça que seu oponente espera, e muito menos ainda a que ele
deseja”. Baltasar Gracián (1601 -1658). Capítulo: Variar o Modo de Agir.
“Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de
cautela”. Nicolau Maquiavel (1469 -1527) Cap. XXI de O Príncipe.
Quadro
das Eleições Presidenciais no Acre – (1989/2018)
ANO |
PRESIDENCIÁVEIS |
1º
Turno (Votos
e %) |
2º
Turno (Votos
e %) |
1989 |
Collor (PRN) |
49.862 (38,55%) |
89.103 (69,18%) |
|
Lula (PT) |
22.954 (17,93%) |
39.695 (30,82%) |
|
|
|
|
1994 |
FHC (PSDB) |
90.132 (54,01%) |
- |
|
Lula (PT) |
39.656 (23,76%) |
- |
|
|
|
|
1998 |
FHC (PSDB) |
90.363 (46,80%) |
- |
|
Lula (PT) |
59.690 (30,91%) |
- |
|
|
|
|
2002 |
Lula (PT) |
123.999 (46,81%) |
140.363 (59,94%) |
|
José Serra (PSDB) |
50.250 (18,97%) |
93.803 (40,06%) |
|
|
|
|
2006 |
Lula (PT) |
133.221 (42,62%) |
151.584 (52,36%) |
|
Alckmin (PSDB) |
161.889 (51,79%) |
137.911 (47,64%) |
|
|
|
|
2010 |
Dilma (PT) |
82.733 (23,92%) |
96.969 (30,33) |
|
José Serra (PSDB) |
180.252 (52,12%) |
222.766 (69,67%) |
|
|
|
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2014 |
Dilma (PT) |
111.610 (27,98%) |
138.922 (36,32%) |
|
Aécio Neves (PSDB) |
116.015 (29,08%) |
243.539 (63,68%) |
|
|
|
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2018 |
Bolsonaro (PSL) |
262.508 (62,24%) |
294.899 (77,22%) |
|
Haddad (PT) |
78.170 (18,53%) |
86.977 (22,78%) |
Considerações
eleitorais.
Desde
a primeira eleição presidencial, em 1989, que o PT disputa o 1º ou o 2º lugar
do pleito, tanto na Acre como no Brasil. Foi para o 2º turno com Collor; teve a
segunda maior votação nas duas derrotas no 1º turno para FHC e, a partir de
2002, começou a sua trajetória vitoriosa de 4 eleições presidenciais
consecutivas. Em cinco, das oito eleições presidenciais, o nome e a foto do
LULA estavam na urna eletrônica a disposição do povo brasileiro. Ademais, só
não esteve pela 6ª vez disputando o pleito e, com chances de vitória, porque o
condenaram e o prenderam sem provas. O golpe de 2016 se consumava com essa ação
contra Lula.
As
eleições presidenciais aqui no Acre nunca foram fáceis para os candidatos do
PT. É bom lembrar que em 2006, quando Lula foi para a reeleição, aqui estávamos
no 2º governo bem sucedido do Jorge Viana, elegemos Binho logo no 1º turno e, paradoxalmente,
o Lula perdeu para Alckmin no 1º turno. O Jorge quase que dava um “xilique” e,
na ocasião, reuniu todo Secretariado exigindo mais empenho no 2º turno. Sou
testemunha, ocular e auricular, dessa reunião na qual levamos um pito do Jorge.
Conseguimos reverter o quadro no 2º turno. Lula ganhou colocando 13.673 votos
na frente do Alckmin, uma vitória apertada como os números registram.
Em
2010 e 2014, a luz amarela se acendeu, alertando o nosso partido aqui no Acre.
Na primeira eleição, Dilma perdeu para Serra no 1º e 2º turno e em 2014, perdeu
também para Aécio Neves nos dois turnos. Cumpre assinalar que em 2014, Marina
Silva, dissidente do PT, foi a candidata presidencial mais votada no Acre, com
167.493 votos (42%).
No
último pleito presidencial, de 2018, não quero nem lembrar dessa tragédia
política e eleitoral que se abateu sobre o PT do Acre. Fomos soterrados pelos
votos e perdemos quase tudo. Estamos ainda lambendo as feridas e tentando dá a
“volta por cima” mas, como disse o compositor dessa música, Paulo Vanzoline,
mais importante de que a “volta por cima” é reconhecer a queda e não desanimar.
Estamos fazendo isso.
Os
“tsunamis” que se abateu sobre o PT em 2018 e 2020, dão sinais de
arrefecimento. A conjuntura mundial e nacional está mudando e apresentam
indícios mais favoráveis ao campo democrático e de esquerda. Lula está livre,
leve e solto e na frente, disparado, nas sucessivas pesquisas de intenção de
votos. Lula foi inocentado e seu principal algoz, o quinta-coluna, Sérgio Moro,
agora seu adversário no pleito presidencial foi considerado Juiz incompetente e
parcial pelo Supremo. Em português braçal – um Juiz ladrão.
O
que ainda me espanta na conjuntura nacional é o capitão/presidente despontar
como 2º colocado nas pesquisas, bem a frente dos demais candidatos, apesar do
“desastre ferroviário” do seu governo, como dizia o Mino Carta. Também fico
perplexo, que um quadro político experiente e qualificado como Ciro Gomes, com
partido nacional (PDT) e experiência como governador e parlamentar ser
ultrapassado na pesquisa por um neófito corrupto como o Moro.
Aqui
no Acre, o PT está unido e volta a respirar sem aparelhos. O partido oxigenado
pela candidatura do Lula se prepara para participar do pleito de 2022, apresentando
candidatos majoritários e chapas proporcionais completas. Como dizem no Nordeste:
“quanto mais cabras mais cabritos”. Para tanto, o PT/AC, começou nesse sábado
(19/02) a discussão de tática e estratégia eleitoral e análise de conjuntura.
Nosso Diretório Estadual e Diretórios Municipais reuniram, virtualmente, 97
companheiros de todos o Estado por mais de 5 horas de reunião.
O
que é pacífico no PT/AC:
1
– Começar a trabalhar os Comitês Populares de Apoio à Lula por todo Estado. A
meta é criar, até abril, em todo país 5.000 Comitês. A intenção é manter esses
Comitês para além das eleições. Seria uma rede de apoio para eleger Lula e
garantir a governabilidade;
2
– Colocaremos o nosso quadro mais expressivo, Jorge Viana, para a disputa
majoritária. Ainda em aberto se será para Governo ou o Senado;
3
– Independente da formação e composição da Federação de partidos, ir
trabalhando os quadros e lideranças do PT para comporem as chapas proporcionais
para Deputados Estadual e Federal, que sejam competitivas. Nesse momento tão
decisivo, espera-se que nenhum militante do partido, que já tiveram cargos e
mandatos se esquivem a uma convocação do partido;
Feitas
essas considerações, quero externar a minha opinião pessoal, que no meu sentir
(como dizem os data-vênia) é a posição que predomina no partido e na sociedade.
Nesse momento estou propenso a ser mais ousado como ensina Maquiavel. Defendo a
candidatura majoritária de Jorge Viana ao Governo do Estado. As razões:
a)
O
Jorge está no imaginário do povo como o governador que mudou a história do
Acre. Mostrou uma capacidade administrativa no Executivo Municipal de Rio
Branco e nos dois mandatos de Governo. Todos sabem o que o Jorge fez e lembram
com saudade do seu slogan “O ACRE TEM JEITO”!. Já no Senado, onde também teve
uma atuação de destaque, apenas poucos militantes partidários e um nicho muito
reduzido da sociedade conhecem o seu desempenho no Parlamento;
b)
Considero
que uma candidatura ao Governo empolga mais o partido e amplos setores sociais,
que podem ser atraídos, pela expectativa de poder. No momento as pesquisas
apontam que o Jorge estaria no 2º turno com o atual governador;
c)
Por
sua vez uma candidatura ao governo, ajuda melhor na construção das chapas
proporcionais para concorrer a Assembleia Estadual e a Câmara Federal;
d)
O
Governo Camelli, a exemplo do tio do mesmo nome, que já governou o Estado, não
tem realizações a mostrar. Mas o governo tem se mostrado um bom “maquiador” pintando
os prédios públicos e veículos de azul. A sua política habitacional foi
construir uma casa de madeira em frente ao Palácio para hospedar Papai Noel
pelo Natal. Ademais, sua base de sustentação política está muito fragmentada e
o núcleo duro do poder (Governador e vice) num racha e clima de hostilidade,
que me parecem irremediáveis. Fidelidade canina ao atual projeto político apenas
do ex-comunista, agora no Solidariedade, Moisés Diniz;
e)
Agravando
o baixo desempenho administrativo, paira sobre o governo fortes indício de
corrupção, que estão sendo apurados pela Operação Ptolomeu da PF. Muita gente
no 1º escalão do Governo e o próprio Governador, vão precisar de Advogados
muito em breve;
f)
Pelo
nosso campo tem a “força gravitacional” do Lula, mostrando-se favorito em todas
as pesquisas, e jogando todas as suas fichas para liquidar a fatura logo no 1º
turno. Se essa possibilidade se concretizar, ele se torna um eleitor
privilegiado nas eleições dos candidatos do PT e da esquerda que forem ao 2º
turno nos Estados;
g)
Por
fim, o que nos resta fazer é continuar conversando com os companheiros do
partido e com a sociedade, manter a nossa coesão interna, acompanhar a
conjuntura nacional e o desfecho sobre a Federação partidária e a costura das
alianças para eleger Lula e, no momento oportuno, tomar as decisões,
coletivamente, sobre candidaturas, suplências e alianças locais para as
eleições desse ano.
Desde já é ir preparando o “Kit
eleição” (Gelol, querosene e isqueiro Bic) e preparar o corpo e o espírito para
uma luta, que vai ser no corpo a corpo de baioneta escalada. Ninguém tenha
dúvidas disso!!
O que está em jogo não é apenas uma
eleição, mas o processo civilizatório!!
Rio Branco (AC), 20 de fevereiro de
2022.
*Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é
Secretário de Formação do PT/DM – Rio Branco - ÁC
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