ALERTA E ORIENTAÇÃO AOS
FAMILIARES E AMIGOS
Por: Marcos Inácio
Fernandes
“Há momentos em que silenciar é
mentir”. Miguel de Unamuno (1864-1936)
Estamos vivendo e vivenciando um desses momentos
aqui no Brasil.
Não posso me dá ao luxo de ficar calado e nem de
“lavar as mãos” como Pôncios Pilatos. O momento exige uma ação mais efetiva do
que se preocupar com uma questão de higiene.
Confesso que estou ficando com medo e amargurado!!
Não tenho medo de enfrentar as hordas fascistas nas
redes sociais e nas ruas.
ESTOU COM MEDO DE PERDER A MINHA HUMANIDADE!
Estou com medo de perder a amizade de pessoas
queridas da família, amigos de infância, amigos de trabalho, e outras que
cultivei pela vida afora. São pessoas que sei que são boas, decentes e cristãs.
Elas me proporcionaram muitos momentos prazerosos na minha existência de 70
anos de vida.
Agora já no ocaso da vida, de “meio dia prá tarde”,
me amarguro de ver essas pessoas apoiando, fazendo campanha, compartilhando mentiras,
que chamam agora de FAKE NEWS e votando nesse candidato que faz apologia a
TORTURA que, na minha concepção, é o crime mais hediondo. Trata-se de um crime
contra a humanidade.
Como professor de Ciência Política por 20 anos na
UFAC e por dever de ofício, conheço, na teoria e na prática, o que é uma
DITADURA, o que é TORTURA e o que é o NAZIFASCISMO.
Na ditadura militar no Brasil, fui preso político
junto com Izolda, minha cunhada, e sofremos o suplício da tortura. A minha mais
leve, só de pancadas pelo corpo todo e tortura psicológica. A de Izolda foi
mais pesada (ela pode testemunhar). Perdemos o nosso amigo comum, José Silton,
assassinado sob tortura, que depois teve o corpo carbonizado num fusca e
enterrado numa cova rasa. A família nem teve o direito cristão de enterrar o
seu morto. Tive outro amigo torturado com requintes de perversidade, Paulo
Pontes, que foi condenado a prisão perpétua, mas sobreviveu, e depois foi
anistiado. Hoje é professor de Ensino Superior no Campus Federal de Feira de Santana
na Bahia.
Tenho, portanto, lembranças amargas desses Anos de
Chumbo e que milhões de pessoas querem reviver e legitimar pelo VOTO.
São tempos sombrios de ódio e intolerância. As
patologias sociais afloram e a gente descobre, estupefato, que convivemos tanto
tempo com pessoas que defendem esses valores e são complacentes e coniventes
com as barbaridades que são ditas e praticadas pelo seu “mito” que atende pelo
nome de JAIR MESSIAS BOLSONARO. Suas hordas fascistas, mesmo antes das urnas
lhe darem legitimidade, já estão tocando o terror país afora.
Esse filme nós já vimos nas telas e nos livros. Foi
o NAZIFASCISMO dos anos 30 na Alemanha.
“A PÁTRIA ACIMA DE TUDO” de Hitler é copiada sem nenhuma criatividade
como lema do PSL. (o atual partido do Bolsonaro, o seu 6° partido) Lá deu no
que deu. Perseguição aos judeus, aos comunistas, aos ciganos e aos gays. A 2ª
guerra mundial com 50 milhões de mortos e o Holocausto com 6 milhões de judeus
mortos. E a gente lembra a frase de Samuel Johnson: “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.
O filósofo Alemão Hegel afirmou que “a história se
repete” e outro filósofo, também Alemão, Marx, complementou: “na primeira vez
como farsa, na segunda como tragédia.” (O 18 Brumário de Luís Bonaparte).
Estamos vendo esses mesmos sintomas se repetindo no Brasil, que junta farsa e
tragédia ao mesmo tempo.
Por fim reafirmo a minha posição
político-ideológica. Militei, quando universitário, no PCBR, do patriota
Apolônio de Carvalho, e no Partidão - PCB, de outro patriota valoroso, Luís
Carlos Prestes. Ajudei a organizar no Acre o Partidão com meus colegas da UFAC,
os companheiros Valdir Calixto, Evaristo de Lucca e Pedro Vicente. Não renego a
minha formação COMUNISTA e tenho orgulha dela.
Hoje me considero um SOCIALISTA UTÓPICO, pois me
faltam qualidades para ser um COMUNISTA e sou dirigente do PARTIDO DOS
TRABALHADORES no Acre, também com muito orgulho.
Afirmo prá vocês que não sou um PETRALHA nem
MENSALEIRO e nem LADRÃO como vocês gostam de generalizar. No nosso partido tem milhares
de pessoas decentes e de patriotas que amam o Brasil. Então espero não ser
pedir demais, que pelo menos RESPEITEM, quem vocês conhecem mais de perto.
Minha tese de Mestrado é sobre o PT do Acre.
Estudei a sua trajetória e como militante e dirigente conheço o seu valor. Sei
dos seus erros e dos seus desvios pois senti na pele muitos deles, e algumas
das minhas críticas ao partido, já externei interna e externamente. Publiquei
um artigo “O Declínio da Estrela” onde faço minhas críticas.
Agora posso garantir que não somos os mais CORRUPTOS
e nem somos os maiores responsáveis por essa fase que o Brasil está passando.
Por fim, não aceito o pretexto e a conveniência de
justificar o voto em Bolsonaro para se livrar do PT e da corrupção. Até entendo
que vocês sintam ódio de nós do PT, mas não se vinguem no Brasil.
No próximo domingo 28/10 não votem com o fígado.
Votem com o coração, com o pensamento nos versos do Hino da Bandeira – “o lindo
pendão da esperança e símbolo augusto da paz”.
Pelo exposto recomendo aos meus familiares e amigos
o voto 13 em Fernando Haddad – pro Brasil ser feliz de novo!
Rio Branco (AC), 21 de outubro de 2018.
Marcos Inácio Fernandes (Marcão para uns, e
Marquito pra os mais chegados)
PS – Eu Só queria Sossego, depois que me aposentei
em 2010. Curtir meu neto, viajar, ler e escrever as minhas memórias com que
aconteceu de bom na minha vida. Entretanto, a realidade que se nos apresenta
nos impõe a dureza de continuar na luta. Dela não me retiro!
Aceitarei qualquer que seja o resultado das
eleições mesmo sabendo que a democracia está sendo hackeada. Se o resultado me
for adverso, eu que nunca usei armas e só atirei de baladeira, a alternativa é
comprar mesmo uma arma, tirar o seu porte e aprender a manuseá-la para me
defender das hordas e milícias fascistas. Quero viver, até pelo menos, o rei
Arthur, meu neto, completar seus 15 anos.
Também lamento dizer que já não verei muitas
pessoas queridas com o mesmo olhar de antes. Espero que o tempo me ajude a
entender melhor o que está se passando e que no futuro eu tenha um olhar mais
condescendente com elas. Vou tentar seguir o ensinamento musical de Paulinho da
Viola: “Por isso deixo em aberto meu
saldo de sentimentos / Sabendo que só o tempo ensina a gente a viver.” (Só o
Tempo - P.Viola)