CONSTRUINDO
UM NOVO PT – CNPT
Por: Marcos Inácio Fernandes*
“Quem não se movimenta não percebe as
correntes que o aprisionam” Rosa
Luxemburgo (1871-1919)
Estamos nos movimentando e nos empenhando
na reconstrução e na UNIDADE do partido. O resultado eleitoral de 2018 e a
conjuntura política adversa nos impõe essa necessidade. O PT/AC, a exemplo dos
demais estados, sempre conviveu e respeitou o funcionamento de suas correntes
como forma de arejar o processo democrático interno. Até 1991, conviviam 16
tendências no PT, e as tensões eram proporcionais ao número dessas tendências.
Relato no meu trabalho sobre o PT do
Acre, essas tensões: “A
discussão sobre as "tendências" do PT, que sempre consumiu muita energia do partido, teve uma primeira formulação para
sua regulamentação no 5° Encontro do
Partido, em 1987. Em 1989, o PRC se dissolve, enquanto organização partidária que atuava abrigado no PT
e, em 1990, no seu 7° Encontro, o PT
aprova a regulamentação definitiva da atuação das tendências internas e o direito delas terem representação proporcional nas
instâncias de direção do partido.”
(FERNANDES, 2018)
Entretanto
os conflitos internos não cessaram e culminou com a expulsão da Convergência
Socialista, em 1992, que se transforma em PSTU e em outra grave crise interna,
já no 1º governo Lula, são expulsos do partido a Senadora Heloísa Helena e os
Deputados Federais, Babá e
Luciana Genro, que fundariam o PSOL, em 2004.
No
Acre os problemas de suas correntes internas acompanham o partido desde a sua
fundação. “Naqueles primeiros anos da
década de 80, as "escaramuças" entre as correntes internas do PT eram freqüentes. A Articulação, em 82,
chegou a aventar a expulsão da LIBELU(Liberdade
e Luta de orientação Trotskista); o PRC (Partido Revolucionário Comunista)
denunciava que seu candidato, Chico Mendes, havia sofrido campanha
anticomunista por parte de membros da Articulação nas eleições de 82. Por sua vez, os trotskistas da "FQI"(Fração da
Quarta Internacional), criticavam os militantes do PRC por conta da
"dupla militância", atuando como partido dentro do PT.”
(FERNANDES,2018)
“0 processo de
"institucionalização" do PT, que tem início em 1988, quando o PT elege Marina Silva à Câmara Municipal de Rio Branco,
sendo, inclusive, a vereadora mais
votada, seria uma das variáveis mais importantes para que as disputas internas das tendências se desenvolvessem num
patamar mais elevado e civilizado”.
(FERNANDES, 2018)
Em 1989, o PRC se dissolve organicamente, os seus militantes, que desenvolviam a "dupla
militância" no PT, vão continuar no partido,
apenas em tendências diferentes. Um grupo, capitaneado por Marina Silva, vai para a "Nova Esquerda" que, após a fusão com
a "Vertente Socialista" a nível
nacional, formaria a "Democracia Radical" (DR) e outro grupo formaria
o "Movimento por uma tendência Marxista" (MTM), que se coloca
como "guardiã" dos valores da
esquerda revolucionaria no PT. Hoje os “Marxistas” do PT/AC, se reúnem em torno
da EPS (Esquerda Popular e Socialista) cujo nome mais expressivo é Júlia
Feitoza.
A Articulação Unidade na Luta e a DR (Democracia
Radical) formam, a nível nacional, o campo majoritário da CNB (Construindo Um
Novo Brasil) e são também as correntes hegemônicas do PT do Acre. Elas, ao
contrário das outras forças, (EPS, DS, AVANTE e MPT) tem uma vida partidária
mais consistente e são as únicas que tem presença no interior do Estado.
Nilson Mourão, numa entrevista a mim concedida em 1989,
dizia: “a tendência das "tendências"
aqui no Acre é o seu enfraquecimento. Nós conseguimos uma coisa muito importante, pelo menos com as duas forças principais, que é a 'Articulação' e a 'Democracia
Radical'. Nós conseguimos uma
convivência amadurecida, adulta, onde as questões essenciais da vida do partido são discutidas dentro de
uma visão da complexidade do
Acre, da importância da unidade na construção do PT. Hoje, esta unidade é bastante forte e a disputa das
tendências ficou no 'limbo'. Hoje ela
é residual.” (FERNANDES,2018)
Espero que as palavras do Nilson Mourão, nosso
presidente de honra, sejam proféticas e que consigamos construir essa unidade,
um bloco mais homogêneo e mais coeso em torno do partido. Aqui as discussões em
torno do PED/2019 está se esboçando uma fusão entre a Articulação e a DR para a
formação do CNPT (Construindo Um Novo PT), onde se espera atrair as outras
forças do partido e os que se dizem “independentes” desatrelados das correntes.
É um trabalho de engenharia política que vai exigir das novas direções e dos
militantes e seus intelectuais orgânicos muitas conversações, discussões,
debates e amadurecimento político a altura desse desafio.
Nesse momento difícil que o partido atravessa, torna-se imperativo
calçar as sandálias da humildade e praticar a máxima de São Francisco de Assis,
que diz: “Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de
repente, você estará fazendo o impossível.”
E a tarefa imediata e necessária a fazer nesse momento é a mobilização dos
nossos filiados para uma participação massiva e festiva no PED/2019, no próximo
dia 8 de setembro.
*Marcos Inácio Fernandes, é militante do PT
Rio Branco (AC), 22 de julho de 2019
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