Lava Jato era
bunker de Dallagnol e Moro contra Lula e PT
Por: Jeferson Miola
"No caso concreto, está-se diante de crime praticado por agentes
públicos do sistema judicial brasileiro que aparelharam as instituições e
usaram seus cargos para combater inimigos políticos, favorecer aliados
ideológicos para viabilizar um projeto de poder", diz o colunista Jeferson
Miola
30 de junho de 2019, 14:32 h Atualizado em 30
de junho de 2019, 22:29
Era inocultável a militância anti-PT dos integrantes do Partido da Lava
Jato nas redes sociais.
Faltavam, contudo, as provas documentais da atuação secreta deles no
porão da Lava Jato – que o ministro do STF Gilmar Mendes compara a uma organização
criminosa [OrCrim].
Os integrantes desta organização dedicavam-se com fervorosa obstinação
ao esforço para impedir o que temiam ser o “risco” de retorno do PT ao Palácio
do Planalto. A Lava Jato, então, foi transformada no bunker de
Dallagnol e Moro para atacar Lula e o PT.
O efeito da militância partidária desses agentes públicos em conluio com
a Rede Globo e a mídia suja foi expressivo tanto na eleição municipal de 2016
como na presidencial de 2018 – 2 momentos para conferir aparência de
“normalidade institucional” do golpe e do avanço do regime de exceção.
Hoje já é bastante aceitável pela crônica política que o bombardeio
Globo-Lava Jato na boca-de-urna para prejudicar o PT em 2016 influenciou aquele
que acabou sendo um dos mais desfavoráveis desempenhos petistas em eleições
municipais nos últimos 20 anos [ler em A vitória do banditismo].
Também já era público e notório o ataque de Sérgio Moro à candidatura de
Haddad na eleição de 2018 com a divulgação surpreendente e sem motivo
processual aparente, da delação fraudulenta do Palloci.
Estava faltando se conhecer e se comprovar outras atividades secretas
dos demais integrantes da OrCrim.
Esse segredo foi agora revelado pelo Intercept no diálogo em que Deltan
Dallagnol instrui colegas a acelerarem investigações contra o petista Jaques
Wagner para prejudicar o desempenho eleitoral de Haddad na Bahia e no nordeste
e, desse modo, evitar o risco da eventual derrota do Bolsonaro, o candidato
deles.
Em conversa com parceiros em 24 de outubro de 2018, a apenas 4 dias
antes do 2º turno da eleição, Dallagnol pergunta: “caros, Jaques Wagner
evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”.
Atento às pesquisas que mostravam crescimento de intenções de voto no
Haddad faltando 4 dias para a votação, Dallagnol explica que “Isso é
urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkk”.
Ao ser lembrado por uma colega que Jaques Wagner já tinha sido alvo
infrutífero de outra operação abusiva da Lava Jato – fato que tornaria ineficaz
o novo espetáculo – Dallagnol então insistiu: “Acho que, se tivermos outra
coisa pra denúncia, vale outra busca e apreensão até por questões simbólicas.
Mas temos que ter um caso forte”.
É importante frisar o interesse do Dallagnol em promover uma ação de
interesse partidário por questões simbólicas!, para reforçar na
população o vínculo do PT e do candidato Haddad com escândalos de corrupção.
Não se está mais somente diante de falhas funcionais graves cometidas
por servidores públicos que, como cidadãos e cidadãs, têm plena liberdade de
escolha política e militância partidária.
No caso concreto, está-se diante de crime praticado por agentes públicos
do sistema judicial brasileiro que aparelharam as instituições e usaram seus
cargos para combater inimigos políticos, favorecer aliados ideológicos para
viabilizar um projeto de poder.
Esses procuradores e juízes que agiram como integrantes de uma
organização criminosa, mafiosa, envergonham as carreiras públicas e todo o
funcionalismo público do país.
Eles já deveriam estar afastados dos cargos públicos há muito tempo,
inclusive para evitar que continuem destruindo provas que os incriminam [aqui] e para serem julgados e condenados à
luz das normas do próprio Estado de Direito contra o qual eles conspiram para
atingir fins políticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário