quarta-feira, 26 de agosto de 2020

EXTENSÃO E FELICIDADE OU A FELICIDADE EM EXTENSÃO


Missão da ASBRAER na França em 2006 (Mário Amorim, Sorrival, Raimundo, Marcão, Raimundo do CE, Romualdo (falecido) e Vizolli

 Extensão e Felicidade ou Felicidade em Extensão!!

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“Todo homem quer ser feliz, inclusive o que vai se enforcar.”

 Blaise Pascal (1623-1662)

Depois que saí da Secretaria de Extensão Agroflorestal  do Acre e retornei às minhas atividades acadêmicas na UFAC, tenho tido mais tempo para desfrutar de coisas prazerosas. Caminhar pela manhã no Horto Florestal; selecionar, com calma, as músicas do meu programa semanal de rádio, “É Cantando Que a Gente Se Entende”; curtir uma redinha depois do almoço; passar, de vez em quando, na livraria Nobel e folhear as novidades literárias, tomando um cafezinho expresso ou um cappuccino gelado delicioso; vez por outra, um chope prá distrair ou uma salada com sorvete, num final de tarde no restaurante Água na Boca, entre outras coisas agradáveis. Em síntese, uma vida mais ou menos, com viés de alta, como dizem os economistas.

Quando me perguntam: como vai? Sempre respondo: “só não vou melhor porque não quero mesmo”! Mas, mesmo sem querer e sem saber por que, coisas boas tem acontecido na minha vida que me levam a desconfiar que tenho sorte e, sem querer ser arrogante nem presunçoso, sou uma pessoa feliz.

O tema da felicidade tem despertado minha curiosidade e tem sido objeto de minhas leituras, extra-acadêmicas. Tem sido um deleite conhecer como os filósofos tem tratado essa “obsessão contemporânea” que é a felicidade.

Na antiguidade, a felicidade era uma prerrogativa dos Deuses; com os iluministas, ela tornou-se um direito natural e, mais recentemente, um dever. “Somos obrigados a ser feliz – viver como os Deuses ou, pelo menos, “se livrar dos nossos demônios”, como disse Melissa Erico, citado por Darrin M. McMahon em “Felicidade – Uma História, da Editora Globo.

Além desse autor, também já li e fiz apontamentos das seguintes obras:  “A Felicidade, desesperadamente”, de André Comte-Sponville; “A Conquista da Felicidade”, de Bertrand Russel; “O Que Nos Faz Felizes”, de Daniel Gilbert; “Aprender a Viver – Filosofia para os novos tempos”, de Luc Ferry; “Viagem para a felicidade”, de Eduardo Punset; e “Felicidade no trabalho”, Tese de Mestrado do nosso confrade da ABER, Mário Amorim que, entre outras qualidades, também é meu amigo e conterrâneo.

Mário Amorim, com a sua peculiar fidalguia, além de me presentear seu livro com dedicatória, ainda me proporcionou um banquete de carne-de-sol, com feijão verde e pirão de queijo com sobremesa de queijo de coalho com mel de engenho, no restaurante do Bidoca, em Natal em abril de 2007. Foi uma refeição de “juntar menino”, como dizem no nordeste. Mas como observou Platão num dos seus livros mais famosos – O Banquete, “numa refeição entre amigos o principal prazer não é a qualidade dos pratos, mas a qualidade da conversa.” Nós da extensão, sempre tivemos muitos assuntos para discutir, muitas histórias para contar e muitos “causos” para compartilhar. Com Mário a conversa fluiu e se estendeu prazerosamente.

Agora, confrades da ABER e companheiros da extensão, criamos esse espaço de “Encontros, Achados e Descobertas” para a gente se reunir e se unir, cada vez mais, em torno da Extensão Rural Pública Oficial – a Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER. Ela será um espaço privilegiado prá gente reavivar nossa memória, a memória de um projeto educativo para o meio rural dos mais generosos que esse país conheceu.

Estou feliz por ter sido agraciado com a indicação do meu nome pelos meus colegas do Acre para fazer parte dessa Academia. Confesso que, os melhores momentos de minha vida, foi aqui no Acre e no serviço de extensão rural desde que entrei na Emater/AC, em 1978, esse serviço foi uma escola profissional, de vida e cidadania.

A Extensão Rural brasileira criou uma cultura de servidores cívicos, abnegados servidores públicos. Ainda somos a presença mais avançada do Estado na implementação de políticas públicas para o meio rural –“a cara do governo no campo” – como disse Romeu Padilha, emérito extensionista, que presidiu a saudosa EMBRATER.

Conheço muitos extensionistas do Acre que comprometeram a saúde contraindo malária, hepatite, doenças da pele, hérnia de disco e tantas outras, prestando seus serviços nos lugares mais inóspitos e insalubres do Estado.

Orgulha-nos, sobremaneira, fazer parte de uma instituição Republicana, que nos seus 72 anos de existência, o vírus da corrupção, da malversação de recursos públicos, não a atingiu. O nosso comportamento institucional é exemplar e nos envaidece.

Sou feliz na extensão. Nela tive a oportunidade de viajar por “Oropa, França e Bahia”, conhecer todo o Brasil, com exceção de Roraima. Conheci lugares maravilhosos, como o Oiapoque, no Amapá e a ilha de Marajó, no norte; as cidades do ciclo do ouro, de Minas; Foz de Iguaçu, no sul; as águas termais de Caldas Novas, no centro-oeste; o semi-árido nordestino e também suas praias; a esquina da Ipiranga com a avenida São João, em São Paulo; e os encantos mil do Rio. Conheci também todos os 22 municípios do Acre e nossos vizinhos latinos, Peru, Bolívia e Argentina.  Estive nas barrancas do rio Moa, em Marechal Thaumaturgo –Acre e nos boulevards do Sena, em Paris. Fiz refeição no “Bico do urubu” no mercado de Cruzeiro do Sul/AC, mas também desfrutei de um vinho com queijos e em boa companhia (Mário, Nivaldo, Romualdo) num bistrô da Champs Elisées, num final de tarde em Paris.  Agora mais importante do que conhecer lugares, foi conhecer pessoas, fazer e cultivar amizades. Isso não tem preço!

Na Extensão, estive dos dois lados da trincheira. Fui dirigente sindical e dirigente institucional onde galguei o cargo de Secretário. Porém o título que mais me envaidece e pelo qual sou mais grato aos companheiros da extensão foi o de ter sido eleito para presidir o 1º Congresso da FASER, em Curitiba-PR, em 1987, estando demitido da Emater/AC. Agora, também sem vínculo institucional com a extensão, embora continue extensionista, pois a extensão é uma cachaça (daquelas de Minas), sou agraciado com a benemerência de Acadêmico da Extensão Rural Brasileira. Como no samba de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, “eu sei bem que mereço, mas não esperava tanto”. (Samba - Contentamento)

Dizer mais o que? Dizer apenas que me sinto orgulhoso e estou feliz.

Para Platão, “ser feliz é ter o que se deseja.  Segundo REISS(2001)  são 16 os desejos básicos que levam a felicidade (está no livro que o Mário me presenteou). São eles: curiosidade, aceitação, ordem, atividade física, honra, poder, independência, relacionamento social, família, status, idealismo, vingança, romance, comida, economia e tranquilidade. Sartre diz: “o  homem é fundamentalmente o desejo de ser” e  o “desejo é falta”. “O que não temos, o que não somos, o que nos falta”. Ter o que desejamos é, numa primeira aproximação, ser feliz. Esta idéia de felicidade se encontra em Platão, Epicuro, Kant, Spinoza, Sartre e outros filósofos.

Agradeço, por fim, aos companheiros que me distinguiram com a lembrança e a indicação. É bom ser aceito e reconhecido. Sinto-me honrado em fazer parte dessa Academia. Como disse Machado de Assis: “Essa é a glória que fica, eleva, honra e consola.” Espero e desejo que o nosso convívio seja agradável e produtivo e que nas reuniões sejam servidos um “café covarde” (café acompanhado), como diz o Argileu Martins.

*Marcos Inácio Fernandes, é extensionista, membro eleito da ABER, professor aposentado da UFAC é Mestre em Ciência Política e mantém o blog: euqueroesossego.blogspot.com2


Com o xará Marcos Danrtas (AL), reunião do RELASER em Buenos Aires- Argentina


Marcão, Júlio Catulo do INTA-Argentina, Nilton Cosson e Hur Ben, no Carpie Diem, Brasília (1º CENATER)
Medeiros(PB) e Marcão (Pegando sua assinatura para o Estatuto em João Pessoa)

Com Nivaldo da ASBRAER, na avenida mais famosa do mundo


Reunião da ASBRAER em Manaus (Hur Ben, Marli e Marcão no passeio de barco)


Reunião na ASBRAER (Giusti,  reginaldo (falecido), Hur Ben, Marcão e Diogo Guerra)


Com Mário e sua esposa Aspásia, saboreando uma carne de sol no Bidoca e a sobremesa de uma "taiada" de queijo de qualho assado com mel de engenho.


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