Angústia
Por: Marcos Inácio Fernandes*
“Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano
passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano
passado eu morri mas esse ano eu não morro”.
(Sujeito
de Sorte - Belchior)
Está findando esse ano no qual todos nós
morremos um pouco. Não vivemos, sobrevivemos. Sobrevivemos com as “angústias de
todos os boleros”, que Bienvenido Granda, Libertad Lamarque, Trio Irakitan,
Lucho Gatica, Trio Los Panchos e, tantos outros artistas, cantaram e que
continuam a cantar prá gente e nos ajudam a enfrentar a solidão e o desalento
que essa pandemia nos impôs.
Particularmente, o que me deixou mais
angustiado, foi não ter podido prestar a derradeira homenagem aos familiares e
amigos, que perdi para a Covid e outras morbidades. Entre familiares, amigos,
companheiros de partido e colegas da Extensão, já são dezenas. As estatísticas
começam a sangrar e a se tornar dolorosas quando se aproximam da gente.
Mesmo fazendo a quarentena e seguindo os
protocolos de segurança, também contraí a covid. Aqui em casa fomos 3 (eu minha
esposa e minha filha). Meu irmão e minha cunhada também pegaram lá em Natal. A
nossa grande aflição era não transmitir a doença para o nosso neto, que mora
com a gente. Mas sou realmente um “sujeito de sorte”. Superei a Covid que contraí
esse ano, juntamente com minha mulher e minha filha, e, se não acontecer
nenhuma fatalidade nesses 15 dias que faltam para fechar o ano, ano que vem “eu
não morro”.
Quero viver para rever os familiares e amigos
e conhecer lugares novos pelo Brasil afora e também fora dele. Meu sonho de
consumo é fazer uma viagem num cruzeiro marítimo; conhecer Cuzco e Macho Picho;
conhecer onde o Brasil termina, o arroio Chuí, passando primeiro na chácara do
meu amigo Diogo Guerra, em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul; conhecer os
Lençóis Maranhenses; fazer a viagem de trem Belo Horizonte-MG / Vitória-ES;
conhecer as ilhas de Paquetá e Fiscal (onde houve o último baile da Monarquia),
no Rio de Janeiro; e conhecer Boa Vista e o monte Roraima (o único lugar do
Brasil que ainda não conheço).
Gostaria de também voltar em lugares em que
já estive e marcaram minha existência. Fernando de Noronha, onde já morei;
Sertaneja no Paraná, onde fiz meu primeiro Projeto Rondon; rever a Foz de
Iguaçu, uma das maravilhas naturais da humanidade, uma das viagens que a ASBRAER
me proporcionou; tomar um chopp escuro no Bar da Brahma, na confluência da
Ipiranga com a Av. São João; Assistir ao show do Eri Galvão de Bossa Nova, no Vinicius
Piano Bar, em Ipanema, no Rio; Voltar a fazer
o périplo Rio Branco/La Paz/Lima// Huaraz/ e Arequipa/Puno (de trem),
uma viagem que fiz em 1984, para visitar meus amigos Enrique Tinoco e Eli, que
na época moravam em Lima – Peru e por aí vai....Muitos planos, muitos sonho,
mas “sonhar não custa nada, ou quase nada” como diz o Samba-enredo de 1992, de
Padre Miguel.
Informo, ademais, que estou fazendo um
projeto para realizar uma das minhas paixões – O RÁDIO. Quero no próximo ano
fazer e colocar no ar minha Web Rádio. Já tem nome, slogan e uma programação já
montada. Vai se chamar web Rádio PINDORAMA – “AMPLIFICANDO O SON DOS NOSSOS
TANTÃS”. Vai ser, prioritariamente, de MPB, com inserção de músicas latinas (EL
CONDOR PASA) e os clássicos internacionais.
Agora é ficar na expectativa da vacina, que
já começou no resto do mundo, e se o obscurantismo e o negacionismo científico
permitir, possamos também nos vacinar até o final do primeiro trimestre de
2021. Já estou na fila do grupo de elite (os acima de 70 anos) e quando for
vacinado vou cantar a música do Belchior; “ano passado eu morri / Mas esse ano
eu não morro.” (pelo menos da covid).
“Oropa, França e Bahia”, me aguardem. A
exemplo do Gonzaguinha: ‘acreditando na vida, na alegria de ser, vou meter a
perna no mundo”.
Xô 2020, veeennnnhhhhaaa 2021!
Rio Branco (AC), 15 de dezembro de 2020.
Marcos Inácio Fernandes (Marcão)
PS – O confrade Diogo Guerra está propondo
uma reunião presencial da ABER, em Brasília-DF, tão logo os colegas sejam
vacinados. Cada acadêmico arcaria com seus custos de passagem e hospedagem. Até
lá vamos estudando a possibilidade da ABER/ASBRAER bancar alguma despesa, como
aluguel de espaço, por exemplo e material de divulgação. Aguardamos
posicionamento dos colegas sobre a proposta do Diogo.
Poxa!realmente é uma grande trajetória a realizar, não morra não viu, se vc morrer eu te mato viu?
ResponderExcluirÉ bom a teimosia, porque a teimosia nos leva à busca do sonho. O sonho ao qual me refiro é o sonho que integra a utopia. A utopia que queremos é a que inspira o canto de esperança. Quem não referenda a utopia não vai luta, e quem não luta não sonha, e quem não sonha não tem esperança. Sem a utopia não há esperança. É um pouco parecido com o indivíduo que pensa em sua cidadania, fora da associação, fora do sindicato, fora do partido político, não participa dos atos públicos, aliás não participa de instituições religiosas e, dessa forma, não vai perceber graças e bênçãos divinas. Continue lutando e juntos vamos mandar a pandemia embora. Abraços MARCOS.
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