terça-feira, 15 de dezembro de 2020

ANGÚSTIA

 

Angústia

Por: Marcos Inácio Fernandes*

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro

Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro”.

(Sujeito de Sorte - Belchior)


Está findando esse ano no qual todos nós morremos um pouco. Não vivemos, sobrevivemos. Sobrevivemos com as “angústias de todos os boleros”, que Bienvenido Granda, Libertad Lamarque, Trio Irakitan, Lucho Gatica, Trio Los Panchos e, tantos outros artistas, cantaram e que continuam a cantar prá gente e nos ajudam a enfrentar a solidão e o desalento que essa pandemia nos impôs.

Particularmente, o que me deixou mais angustiado, foi não ter podido prestar a derradeira homenagem aos familiares e amigos, que perdi para a Covid e outras morbidades. Entre familiares, amigos, companheiros de partido e colegas da Extensão, já são dezenas. As estatísticas começam a sangrar e a se tornar dolorosas quando se aproximam da gente.

Mesmo fazendo a quarentena e seguindo os protocolos de segurança, também contraí a covid. Aqui em casa fomos 3 (eu minha esposa e minha filha). Meu irmão e minha cunhada também pegaram lá em Natal. A nossa grande aflição era não transmitir a doença para o nosso neto, que mora com a gente. Mas sou realmente um “sujeito de sorte”. Superei a Covid que contraí esse ano, juntamente com minha mulher e minha filha, e, se não acontecer nenhuma fatalidade nesses 15 dias que faltam para fechar o ano, ano que vem “eu não morro”.

Quero viver para rever os familiares e amigos e conhecer lugares novos pelo Brasil afora e também fora dele. Meu sonho de consumo é fazer uma viagem num cruzeiro marítimo; conhecer Cuzco e Macho Picho; conhecer onde o Brasil termina, o arroio Chuí, passando primeiro na chácara do meu amigo Diogo Guerra, em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul; conhecer os Lençóis Maranhenses; fazer a viagem de trem Belo Horizonte-MG / Vitória-ES; conhecer as ilhas de Paquetá e Fiscal (onde houve o último baile da Monarquia), no Rio de Janeiro; e conhecer Boa Vista e o monte Roraima (o único lugar do Brasil que ainda não conheço).

Gostaria de também voltar em lugares em que já estive e marcaram minha existência. Fernando de Noronha, onde já morei; Sertaneja no Paraná, onde fiz meu primeiro Projeto Rondon; rever a Foz de Iguaçu, uma das maravilhas naturais da humanidade, uma das viagens que a ASBRAER me proporcionou; tomar um chopp escuro no Bar da Brahma, na confluência da Ipiranga com a Av. São João; Assistir ao show do Eri Galvão de Bossa Nova, no Vinicius Piano Bar, em Ipanema, no Rio; Voltar a fazer  o périplo Rio Branco/La Paz/Lima// Huaraz/ e Arequipa/Puno (de trem), uma viagem que fiz em 1984, para visitar meus amigos Enrique Tinoco e Eli, que na época moravam em Lima – Peru e por aí vai....Muitos planos, muitos sonho, mas “sonhar não custa nada, ou quase nada” como diz o Samba-enredo de 1992, de Padre Miguel.

Informo, ademais, que estou fazendo um projeto para realizar uma das minhas paixões – O RÁDIO. Quero no próximo ano fazer e colocar no ar minha Web Rádio. Já tem nome, slogan e uma programação já montada. Vai se chamar web Rádio PINDORAMA – “AMPLIFICANDO O SON DOS NOSSOS TANTÃS”. Vai ser, prioritariamente, de MPB, com inserção de músicas latinas (EL CONDOR PASA) e os clássicos internacionais.

Agora é ficar na expectativa da vacina, que já começou no resto do mundo, e se o obscurantismo e o negacionismo científico permitir, possamos também nos vacinar até o final do primeiro trimestre de 2021. Já estou na fila do grupo de elite (os acima de 70 anos) e quando for vacinado vou cantar a música do Belchior; “ano passado eu morri / Mas esse ano eu não morro.” (pelo menos da covid).

“Oropa, França e Bahia”, me aguardem. A exemplo do Gonzaguinha: ‘acreditando na vida, na alegria de ser, vou meter a perna no mundo”.

Xô 2020, veeennnnhhhhaaa 2021!

Rio Branco (AC), 15 de dezembro de 2020.

Marcos Inácio Fernandes (Marcão)

PS – O confrade Diogo Guerra está propondo uma reunião presencial da ABER, em Brasília-DF, tão logo os colegas sejam vacinados. Cada acadêmico arcaria com seus custos de passagem e hospedagem. Até lá vamos estudando a possibilidade da ABER/ASBRAER bancar alguma despesa, como aluguel de espaço, por exemplo e material de divulgação. Aguardamos posicionamento dos colegas sobre a proposta do Diogo.


2 comentários:

  1. Poxa!realmente é uma grande trajetória a realizar, não morra não viu, se vc morrer eu te mato viu?

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  2. É bom a teimosia, porque a teimosia nos leva à busca do sonho. O sonho ao qual me refiro é o sonho que integra a utopia. A utopia que queremos é a que inspira o canto de esperança. Quem não referenda a utopia não vai luta, e quem não luta não sonha, e quem não sonha não tem esperança. Sem a utopia não há esperança. É um pouco parecido com o indivíduo que pensa em sua cidadania, fora da associação, fora do sindicato, fora do partido político, não participa dos atos públicos, aliás não participa de instituições religiosas e, dessa forma, não vai perceber graças e bênçãos divinas. Continue lutando e juntos vamos mandar a pandemia embora. Abraços MARCOS.

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