Charge do The New York Times.
O CABARÉ DO RENAN
Por: Marcos Inácio
Fernandes*
Estou estarrecido e
deprimido com as cenas que os “juízes/Senadores” estão nos brindando nessa fase
final do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Como aposentado
tenho tempo e estômago de acompanhar o “tribunal” ao longo do dia, entrando
pela noite e o que tenho visto, não deixa dúvidas, tratar-se de uma FARSA e das
mais grotescas, escancarada!! Os golpistas nem se dão mais ao luxo de manter as
formalidades, os trâmites, os rituais, que se espera e, se exige, de um
processo justo e de um julgamento honesto.
Tenho um amigo que diz: “uma
coisa é ver outra é contar”. Vou contar o que estou vendo e que me deixa com
vergonha desses “Senadores/juízes”, que nesse momento tão grave e delicado que
passa a nação deviam mostrar para o Brasil e o mundo um pouco mais de postura e
compostura e a liturgia que se espera de um tribunal que vai julgar uma
Presidenta eleita com 54,5 milhões de votos. E o que vemos?
1º - Vemos em muitos
momentos das sessões um plenário esvaziado, entregues as moscas. Dizem que
acompanham as sessões do conforto de seus gabinetes pela TV Senado. Nem querem
mostrar a cara com receio de serem filmados. São juízes que se escondem. Eu, particularmente,
ainda não vi os outros dois representantes do Acre, Sérgio Petecão e Gladson
Camelli, no “tribunal”. Também ainda não vi os “juízes/Senadores” Romário,
Crivela, Lobão, Eduardo Braga, Eunício Oliveira e tantos outros;
2º - Os golpistas tem
pressa, muita pressa. Já estão com suas opiniões formadas e cristalizadas, que
a presidenta cometeu crime e de responsabilidade. E quanta ironia senhores. A
presidente prestes a perder o mandato sem que se prove o crime e sua autoria e
Eduardo Cunha, que em qualquer página que se abrir o Código Penal pode ser
enquadrado em todos os artigos, alíneas e incisos e é réu no STF, o processo se
arrasta na Câmara. Pelo visto termina o mandato.
3º - Os golpistas “juízes/Senadores”
nem fazem questão de ouvirem, muito menos, de questionarem os depoentes
apresentados pela defesa, seja na condição de testemunhas ou de informantes.
Tentam desqualifica-las e desmerece-las. Fugiram do debate, pela simples razão
de que suas teses foram reduzidas a nitrato de pó de excremento de gato, tanto
pela defesa do Eduardo Cardoso, como pelos depoimentos do economista Belluzzo,
do professor Geraldo, e do ex-ministro Barbosa. Eles desmontaram as teses das “pedaladas”
e da “irresponsabilidade fiscal” atribuídas à presidenta.
4º - Alguns, como o Magno
Malta, ficam de brincadeirinhas no “tribunal” provocando os colegas da defesa
de Dilma e fazendo considerações desairosas sobre depoentes e na sua ausência.
No mínimo uma deselegância e falta de urbanidade e respeito para com os
depoentes.
5º - Merece registro o
papel ridículo da advogada da acusação, cuja peça original lhe rendeu 45 mil. Como
suas teses foram trituradas pelos depoentes que a defesa arrolou, ela quis
saber a opinião do professor Geraldo sobre o que achava do julgamento do
Mensalão, e da democracia na Venezuela e em Cuba. De tão ridícula e despropositada a pergunta, o presidente do ”tribunal”
Ricardo Lewandosvski, a indeferiu e alertou a causídica que se ativesse aos
autos do processo.
Por fim cumpre registrar
que entre os inúmeros “barracos” que aconteceram no “tribunal”, um deles foi
protagonizado pelo próprio presidente da casa Renan Calheiros, que a título de
repreender e questionar a “juíza/Senadora”, Gleise Hoffman, que no dia anterior
havia dito que o Senado não tinha moral para julgar a presidenta Dilma, o Renan
disse que aquilo ali estava virando um hospício.
A imagem não é a mais que
se assemelha ao Senado, Renan. Com a máxima vênia, isso aí está mais parecido com um cabaré. Um cabaré de 3ª. Aí no Senado alguns
apenas se fazem de doidos, destemperados e inconsequentes. Entretanto, nenhum
dos Senadores rasga dinheiro e nem comem merda.
Antigamente os cabarés de alto
nível como o Bataclã em Ilhéus e o de Maria Boa, em Natal, eram “instituições”
respeitáveis. Tinha ordem, decoro e se preservava as famílias. Havia discrição.
E só se vendia o corpo. Nesse cabaré do Senado, que se passa por um “tribunal” por esses dias, se vende até a alma e se compra votos.
Nas próximas sessões do “tribunal”
tirem as crianças da sala.
*Marcos Inácio Fernandes é
professor aposentado e militante do PT.
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