domingo, 28 de agosto de 2016

O CABARÉ DO RENAN


Charge do The New York Times.


O CABARÉ DO RENAN

Por: Marcos Inácio Fernandes*

Estou estarrecido e deprimido com as cenas que os “juízes/Senadores” estão nos brindando nessa fase final do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Como aposentado tenho tempo e estômago de acompanhar o “tribunal” ao longo do dia, entrando pela noite e o que tenho visto, não deixa dúvidas, tratar-se de uma FARSA e das mais grotescas, escancarada!! Os golpistas nem se dão mais ao luxo de manter as formalidades, os trâmites, os rituais, que se espera e, se exige, de um processo justo e de um julgamento honesto.
Tenho um amigo que diz: “uma coisa é ver outra é contar”. Vou contar o que estou vendo e que me deixa com vergonha desses “Senadores/juízes”, que nesse momento tão grave e delicado que passa a nação deviam mostrar para o Brasil e o mundo um pouco mais de postura e compostura e a liturgia que se espera de um tribunal que vai julgar uma Presidenta eleita com 54,5 milhões de votos. E o que vemos?
1º - Vemos em muitos momentos das sessões um plenário esvaziado, entregues as moscas. Dizem que acompanham as sessões do conforto de seus gabinetes pela TV Senado. Nem querem mostrar a cara com receio de serem filmados. São juízes que se escondem. Eu, particularmente, ainda não vi os outros dois representantes do Acre, Sérgio Petecão e Gladson Camelli, no “tribunal”. Também ainda não vi os “juízes/Senadores” Romário, Crivela, Lobão, Eduardo Braga, Eunício Oliveira e tantos outros;
2º - Os golpistas tem pressa, muita pressa. Já estão com suas opiniões formadas e cristalizadas, que a presidenta cometeu crime e de responsabilidade. E quanta ironia senhores. A presidente prestes a perder o mandato sem que se prove o crime e sua autoria e Eduardo Cunha, que em qualquer página que se abrir o Código Penal pode ser enquadrado em todos os artigos, alíneas e incisos e é réu no STF, o processo se arrasta na Câmara. Pelo visto termina o mandato.
3º - Os golpistas “juízes/Senadores” nem fazem questão de ouvirem, muito menos, de questionarem os depoentes apresentados pela defesa, seja na condição de testemunhas ou de informantes. Tentam desqualifica-las e desmerece-las. Fugiram do debate, pela simples razão de que suas teses foram reduzidas a nitrato de pó de excremento de gato, tanto pela defesa do Eduardo Cardoso, como pelos depoimentos do economista Belluzzo, do professor Geraldo, e do ex-ministro Barbosa. Eles desmontaram as teses das “pedaladas” e da “irresponsabilidade fiscal” atribuídas à presidenta.
4º - Alguns, como o Magno Malta, ficam de brincadeirinhas no “tribunal” provocando os colegas da defesa de Dilma e fazendo considerações desairosas sobre depoentes e na sua ausência. No mínimo uma deselegância e falta de urbanidade e respeito para com os depoentes.
5º - Merece registro o papel ridículo da advogada da acusação, cuja peça original lhe rendeu 45 mil. Como suas teses foram trituradas pelos depoentes que a defesa arrolou, ela quis saber a opinião do professor Geraldo sobre o que achava do julgamento do Mensalão, e da democracia na Venezuela e em Cuba. De tão ridícula e  despropositada a pergunta, o presidente do ”tribunal” Ricardo Lewandosvski, a indeferiu e alertou a causídica que se ativesse aos autos do processo.
Por fim cumpre registrar que entre os inúmeros “barracos” que aconteceram no “tribunal”, um deles foi protagonizado pelo próprio presidente da casa Renan Calheiros, que a título de repreender e questionar a “juíza/Senadora”, Gleise Hoffman, que no dia anterior havia dito que o Senado não tinha moral para julgar a presidenta Dilma, o Renan disse que aquilo ali estava virando um hospício.
A imagem não é a mais que se assemelha ao Senado, Renan. Com a máxima vênia, isso aí está mais parecido  com um cabaré. Um cabaré de 3ª. Aí no Senado alguns apenas se fazem de doidos, destemperados e inconsequentes. Entretanto, nenhum dos Senadores rasga dinheiro e nem comem merda.
 Antigamente os cabarés de alto nível como o Bataclã em Ilhéus e o de Maria Boa, em Natal, eram “instituições” respeitáveis. Tinha ordem, decoro e se preservava as famílias. Havia discrição. E só se vendia o corpo. Nesse cabaré do Senado, que se passa por um “tribunal” por esses dias, se vende até a alma e se compra votos.

Nas próximas sessões do “tribunal” tirem as crianças da sala.

*Marcos Inácio Fernandes é professor aposentado e militante do PT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário