terça-feira, 25 de dezembro de 2018

30 ANOS SEM CHICO E AGORA SEM O PORÃO DO LHÉ




O “Porão do Lhé” – O retorno.

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“A política é quase tão excitante quanto a guerra e tão perigosa quanto ela. A diferença é que na guerra, você só morre uma vez.”  Winston Churchill (1874-1965)

O ano era de 1988. O PT saía do “porão do Lhé” e se estabelecia numa sede mais estruturada na Cadeia Velha. Não se tratava simplesmente de uma mudança física de local, mas, fundamentalmente, de uma mudança de postura política do partido. Esse ano é muito emblemático na vida do PT. Ele marca “o ponto de inflexão do PT rumo à instItucionalidade e a uma inserção social mais ampla, que se expressaria nos resultados eleitorais daquele ano onde a estrela de Marina começava a brilhar com intensidade”. (FERNANDES,1991)

Naquele pleito, Marina se elegia a vereadora mais votada, com apoio formal do PV e informal do PCB. Registre-se que os “santinhos” da candidata trazia no verso a temida foice e o martelo, símbolo dos comunistas, e mesmo assim ela foi entre todos os candidatos eleitos, a mais votada.
O PT também elegia vereadores nos polos mais avançados do sindicalismo rural acreano, Raimundo Mendes (Raimundão), Júliio Nicácio e Elídio Maffi, se elegiam em Xapuri e Orides Rigamonte e Ademir Machado, em Brasiléia.

Naquele tempo o partido adotava um rígido critério para a escolha de seus candidatos, conforme registro na minha tese sobre o PT:  “A primeira medida à apreciação do  seu nome na convenção, cada pretenso candidato terá que levar o apoio de mais 15 filiados do partido (...) Além de apresentar 15 apoiadores, o candidato será submetido a apreciação da convenção mediante os seguintes critérios:
. Militância comprovada no movimento popular organizado;
. Integridade moral comprovada (não esteja envolvido em nenhum escândalo no Estado);
. E que tenha convicção das propostas e objetivos do partido. E a direção municipal advertia: o PT não estar disposto a lançar candidatos que não consigam sequer defender as propostas do partido em praça pública ou nas conversas de pé-de-ouvido com os eleitores”. (FERNANDES, 1991)

Em 1988, o partido começava a estabelecer um diálogo mais construtivo, tanto com suas tendências internas como com outras forças políticas, no sentido de uma composição mais ampla para os embates eleitorais. Uma política exitosa que premiou o partido com os 20 anos ininterruptos no governo do Estado e igual período, de forma intermitente, na Prefeitura Municipal de Rio Branco.
Ainda em 88, o partido vivenciou outras passagens trágicas, que lhe acompanham desde sua  formação no Acre. Em 18 de junho é assassinado, numa emboscada, o delegado sindical, Ivair Higino, que era candidato a vereador pelo PT de Xapuri. Em 22 de dezembro era consumado o assassinato, tantas vezes anunciado, da figura mais expressiva do partido, um de seus fundadores e seu 1° presidente regional – CHICO MENDES – a quem estamos reverenciando nessa semana pelos “30 ANOS DE LUTA”, que não cessou com a sua morte. Como disse o poeta: “lutar para nós é um destino”.

Chico Mendes, talvez se constitua na história do Brasil, um dos raros casos onde, mandante e executor de assassinatos de líderes rurais, são presos, julgados, condenados e cumpriram suas penas na prisão.

O nosso querido e reverenciado Chico, não viveu para comemorar as nossas sucessivas vitórias eleitorais e usufruir com o povo acreano das políticas que implementamos, em especial, em relação a floresta e o meio-ambiente. Ele certamente se alegraria com o slogan do 1° governo de Jorge Viana – GOVERNO DA FLORESTA – com a criação da Reserva Florestal, que leva o seu nome, com a fábrica de preservativos e de tacos, em Xapuri, do manejo florestal do seringal Cachoeira, palco de seus EMPATES e tantas outras conquistas.

Pois bem Chico, no ano em que se celebra os 30 anos de sua partida, talvez cumprindo o nosso destino trágico, as comemorações alusivas à sua memória, se realizam após fragorosa derrota eleitoral e política do nosso partido – uma tragédia equivalente ao seu assassinato. Você foi poupado dessa “balsa” e de presenciar outros fatos lastimáveis, que certamente lhe entristeceria. Marina nos deixou e fundou um novo partido; Lula, seu amigo, está preso e um representante do fascismo, se elegeu presidente do Brasil. Tempos sombrios nos aguardam.

Saiba Chico que o seu exemplo e seu martírio como de outros líderes do PT, nos ensinam e nos inspiram a continuar empunhando a nossa bandeira vermelha e a lutar. Faremos isso em sua memória.
Em 2018, retornamos ao “porão do Lhé” em sentido figurado.  Mas agora nem temos mais porão prá se instalar e nem podemos recorrer a generosidade do Lhé.  Mesmo assim haveremos de renascer das cinzas.

 O Brasil e o Acre não terminam em outubro e na política, ao contrário da guerra, como nos lembra Churchill, se morre mais de uma vez.

*Marcos Inácio Fernandes, é Presidente do DM/PT – Rio Branco

Rio Branco (AC), 22 de dezembro de 2018




quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O PRIMEIRO GOLPE MILITAR NINGUÉM ESQUECE





Hoje comemora-se os 119 anos da Proclamação da República. A República começava com um golpe militar e uma traição  do Marechal em relação ao seu "amigo" o Imperador Pedro II.
No dizer de Aristides Lobo: "O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada.” 
Nos dias atuais vivemos a "República das Delações", que são até premiadas. O povo, como sempre, continua a assistir "bestializado" a marcha batida da tutela militar sobre a nossa frágil República.

Conheçam um pouco dessa passagem histórica.


Proclamação da República.

Crise da monarquia? Revolta popular? Golpe de Estado? Vamos pensar um pouco.

Prof. Pablo Michel Magalhães

     Dos momentos mais relevantes para nossa história, a Proclamação da República, no Brasil, é ainda tema bastante controverso. O que mais se diz nas aulas de História é que a monarquia estava em crise, agravada ainda mais pela abolição da escravatura, fruto da Lei Imperial n.º 3.353 (Lei Áurea) assinada pela princesa Isabel. Sem ter onde se escorar economicamente (a mão-de-obra escrava teria sido a única utilizada até então) o país entrou em crise e, em 1889, no dia 15 de novembro, o imponente Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República!  
    Muito bem, aqui vimos a boa e velha historinha, que, de tanto ser repetida, passou a ser meio que um enredo de um filme com final feliz. Heróis, mocinhos, bandidos, etc., etc.
   Porém, convido você, leitor(a) amigo(a), a refletir um pouco mais sobre esse evento, que considero sim dos mais importantes para "esta terra descoberta por Cabral" (como diria Juca Chaves). Primeiro, porque alguém que "proclama" algo deve representar alguém ou algo muito poderoso, porque proclamar, segundo o Dicionário Aurélio, é:

1. Anunciar em público e em voz alta. 2. Afirmar com ênfase. Transobj. 3. Eleger, aclamar. P. 4. Fazer-se aclamar.
    Se você já ouviu sua mãe proclamar que você vai lavar os pratos alguma vez, deve imaginar a dimensão dessa palavra.
   Pois bem, quem disse que o tal senhor Marechal Deodoro, no dia 15 de novembro, dos idos 1889, tinha qualquer autoridade para "anunciar em público e em voz alta" que uma República estava nascendo? Quem apontou o dedo para ele e disse: "Você é o escolhido"?
   Vamos pensar um pouco.
 Republicanos e grandes latifundiários no Brasil
    O reinado de Pedro II (1840 - 1889) configurou-se como um período de grandes conflitos, mas de clara solidificação do poder monárquico. Homem de letras (talvez muito mais amante das letras do que da própria coroa), o culto imperador teve de lidar com a Revolução Farroupilha, a Guerra do Paraguai, além da Questão Christie (que provocou uma rusga bastante incômoda nas relações com a Inglaterra). Além disso, a pressão externa para o fim do uso de mão-de-obra escrava complicava as relações comerciais.

Marechal Deodoro da Fonseca

   Optando por uma via de não-violência, o imperador e seus ministros, por meio de leis gradativas, passaram a limitar a escravidão no Brasil (foram três leis, até a definitiva extinção do trabalho escravo: a Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que acabou com o tráfico negreiro; a Lei do Ventre Livre, de 1871, que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir desse ano; e a Lei dos Sexagenários, de 1885, que garantia a liberdade para escravos a partir de 60 anos). Assim, vemos que o governo imperial tinha preocupação em acabar com a escravidão no país. Obviamente, não porque achava ruim, ou tinha compaixão da população negra escravizada; mas por interesses econômicos e pela pressão inglesa, que buscava avidamente por mão-de-obra remunerada que pudesse comprar seus produtos.
   Em contraponto a esse panorama, é no período de governo de Pedro II que o Brasil passa por um desenvolvimento econômico e cultural de grande relevância. Jornais, museus e bibliotecas foram alguns dos elementos que compuseram esse avivamento intelectual (algo restrito, é claro, a cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, centros urbanos de maior destaque no país até este momento).
   Dentro desse contexto, havia ainda a aprovação popular do regime monárquico. As viagens da princesa Isabel e seu marido, o Conde D'Eu, para cidades em todo o país eram momentos de animação popular. A opinião pública tinha em alta conta a Monarquia.
   Porém, não podemos falar só de flores. O imperador e sua família gozavam de um grande apoio popular, mas havia grupos com opiniões diferentes, e que faziam oposição ao regime monárquico. Os republicanos representavam um grupo bastante atuante no cenário político, inclusive no movimento abolicionista que tomou conta do país. O Manifesto Republicano de 1870 representava a força de clubes republicanos que se espalhavam pelas capitais de províncias do Brasil. Além destes, os grandes latifundiários, que dependiam da mão-de-obra escrava, mostravam-se desagradados com as leis que impediam o trabalho do negro cativo em suas terras, complicando os resultados da produção. Soma-se a isso a emergência de uma classe média que buscava mais espaço na política brasileira.
   Duas outras questões foram também importantes nesse momento: os militares, descontentes com a proibição, por parte do governo imperial, de se manifestarem na imprensa, sem a autorização do Ministro da Guerra, reclamavam da falta de prestígio político que enfrentavam (os cargos administrativos do Estado eram ocupados por civis, com uma remuneração superior à da carreira militar); e a Igreja que, historicamente antagônica à maçonaria, teve de se submeter ao governo imperial, que se posicionou contra à Bula do Papa Pio IX (que excluía os maçons da Igreja). Uma vez que eram submetidos ao Estado, os sacerdotes católicos tiveram de respeitar a ordem do imperador (que era também maçom).
Então, a proclamação...
    Doente e acamado, com suspeita de dispneia (falta de ar, onde o convalido tem a sensação de não respirar por completo), o Marechal Deodoro da Fonseca (um monarquista!) recebeu em sua casa um grupo de militares (os golpistas que há muito tempo planejavam destituir o Ministro da Guerra) que insistiram ser ele a pessoa certa para conduzir as manobras militares necessárias à tomada do Ministério da Guerra e ao golpe republicano.
   Sendo um homem de convicções monarquistas, e que se dizia amigo do imperador Pedro II (inclusive, devendo-lhe grandes favores), o velho marechal só teve seus brios chacoalhados após tomar ciência da notícia de que o primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto havia expedido ordem de prisão para si. Porém, essa suposta notícia era um boato, plantado pelos próprios golpistas, com o intuito de demover Deodoro de suas convicções monarquistas, fazendo com que este aceitasse levantar-se.
   Assim, meio cambaleante, meio sem ar, Deodoro liderou tropas pelas ruas do Rio de Janeiro, em direção ao Campo da Aclamação (atual praça da República) com o intuito de decretar a demissão do ministro Ouro Preto. Ninguém havia falado em decretar uma república. E mais: ao final do episódio, Deodoro ainda voltou-se às suas tropas e deu vivas ao imperador Pedro II. Os republicanos, desapontados com a postura de Deodoro, precisavam de um motivo que fizesse com que o marechal se revoltasse contra o imperador. A vontade deles era realmente o golpe e a queda da monarquia.
   Ouro Preto havia telegrafado ao imperador, avisando de sua demissão, momentos antes da chegada do marechal. Pedro II, reunido com conselheiros e a princesa Isabel no Paço Imperial, acreditava serem os rumores de golpe republicano apenas fogo de palha, e cogitou o nome de Silveira Martins para assumir o cargo de primeiro-ministro.
   Essa escolha foi crucial para aquele fatídico dia 15 de novembro de 1889. Silveira Martins era um antigo inimigo de Deodoro da Fonseca (os dois haviam disputado o amor da Baronesa do Triunfo, no Rio Grande do Sul). Rapidamente, os republicanos transmitiram a notícia ao doente marechal que, diante disso, saltou da cama paraproclamar a República. O que o amor (ou a rejeição, no caso) de uma mulher não faz...
Golpe militar? Proclamação da República? Amor não correspondido?
    Bem, esses eventos marcaram um agitado dia 15 de novembro. No dia 17 desse mesmo mês, Deodoro enviou carta, exigindo a partida imediata do imperador e sua família para fora do país. Mais uma estratégia dos republicanos por trás do golpe: quanto mais rápido fossem embora os membros da família real, menores as chances de manifestações populares contrárias à República.
   No dia 16 de novembro, um desfile militar foi promovido pelos golpistas, com o intuito de celebrar a República e anunciar à população o início de um novo regime governamental. Entretanto, sem saber o que estava acontecendo, grande parte da população assistiu àquele belo desfile, ignorando o verdadeiro sentido. Todos bestializados com a situação.

Vale a pena conferir também...

CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II - perfis brasileiros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados - O Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.


quarta-feira, 31 de outubro de 2018

VIVA O REI!!



Hoje 31 de outubro de 2018, o rei Arthur completa sua 7ª volta de translação em volta do sol. Logo cedo veio me dá a bença e eu digo sempre: tenha dignidade, saúde e felicidade. Que a vida lhe seja leve, meu rei.
 


 

 Já na militância

domingo, 21 de outubro de 2018

ALERTA E ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES E AMIGOS




ALERTA E ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES E AMIGOS

Por: Marcos Inácio Fernandes

 “Há momentos em que silenciar é mentir”. Miguel de Unamuno (1864-1936)

Estamos vivendo e vivenciando um desses momentos aqui no Brasil.
Não posso me dá ao luxo de ficar calado e nem de “lavar as mãos” como Pôncios Pilatos. O momento exige uma ação mais efetiva do que se preocupar com uma questão de higiene.

Confesso que estou ficando com medo e amargurado!!
Não tenho medo de enfrentar as hordas fascistas nas redes sociais e nas ruas.

ESTOU COM MEDO DE PERDER A MINHA HUMANIDADE!

Estou com medo de perder a amizade de pessoas queridas da família, amigos de infância, amigos de trabalho, e outras que cultivei pela vida afora. São pessoas que sei que são boas, decentes e cristãs. Elas me proporcionaram muitos momentos prazerosos na minha existência de 70 anos de vida.
Agora já no ocaso da vida, de “meio dia prá tarde”, me amarguro de ver essas pessoas apoiando, fazendo campanha, compartilhando mentiras, que chamam agora de FAKE NEWS e votando nesse candidato que faz apologia a TORTURA que, na minha concepção, é o crime mais hediondo. Trata-se de um crime contra a humanidade.

Como professor de Ciência Política por 20 anos na UFAC e por dever de ofício, conheço, na teoria e na prática, o que é uma DITADURA, o que é TORTURA e o que é o NAZIFASCISMO.

Na ditadura militar no Brasil, fui preso político junto com Izolda, minha cunhada, e sofremos o suplício da tortura. A minha mais leve, só de pancadas pelo corpo todo e tortura psicológica. A de Izolda foi mais pesada (ela pode testemunhar). Perdemos o nosso amigo comum, José Silton, assassinado sob tortura, que depois teve o corpo carbonizado num fusca e enterrado numa cova rasa. A família nem teve o direito cristão de enterrar o seu morto. Tive outro amigo torturado com requintes de perversidade, Paulo Pontes, que foi condenado a prisão perpétua, mas sobreviveu, e depois foi anistiado. Hoje é professor de Ensino Superior no Campus Federal de Feira de Santana na Bahia.
Tenho, portanto, lembranças amargas desses Anos de Chumbo e que milhões de pessoas querem reviver e legitimar pelo VOTO.

São tempos sombrios de ódio e intolerância. As patologias sociais afloram e a gente descobre, estupefato, que convivemos tanto tempo com pessoas que defendem esses valores e são complacentes e coniventes com as barbaridades que são ditas e praticadas pelo seu “mito” que atende pelo nome de JAIR MESSIAS BOLSONARO. Suas hordas fascistas, mesmo antes das urnas lhe darem legitimidade, já estão tocando o terror país afora.

Esse filme nós já vimos nas telas e nos livros. Foi o NAZIFASCISMO dos anos 30 na Alemanha.  “A PÁTRIA ACIMA DE TUDO” de Hitler é copiada sem nenhuma criatividade como lema do PSL. (o atual partido do Bolsonaro, o seu 6° partido) Lá deu no que deu. Perseguição aos judeus, aos comunistas, aos ciganos e aos gays. A 2ª guerra mundial com 50 milhões de mortos e o Holocausto com 6 milhões de judeus mortos. E a gente lembra a frase de Samuel Johnson: “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

O filósofo Alemão Hegel afirmou que “a história se repete” e outro filósofo, também Alemão, Marx, complementou: “na primeira vez como farsa, na segunda como tragédia.” (O 18 Brumário de Luís Bonaparte). Estamos vendo esses mesmos sintomas se repetindo no Brasil, que junta farsa e tragédia ao mesmo tempo.

Por fim reafirmo a minha posição político-ideológica. Militei, quando universitário, no PCBR, do patriota Apolônio de Carvalho, e no Partidão - PCB, de outro patriota valoroso, Luís Carlos Prestes. Ajudei a organizar no Acre o Partidão com meus colegas da UFAC, os companheiros Valdir Calixto, Evaristo de Lucca e Pedro Vicente. Não renego a minha formação COMUNISTA e tenho orgulha dela.

Hoje me considero um SOCIALISTA UTÓPICO, pois me faltam qualidades para ser um COMUNISTA e sou dirigente do PARTIDO DOS TRABALHADORES no Acre, também com muito orgulho.

Afirmo prá vocês que não sou um PETRALHA nem MENSALEIRO e nem LADRÃO como vocês gostam de generalizar. No nosso partido tem milhares de pessoas decentes e de patriotas que amam o Brasil. Então espero não ser pedir demais, que pelo menos RESPEITEM, quem vocês conhecem mais de perto.

Minha tese de Mestrado é sobre o PT do Acre. Estudei a sua trajetória e como militante e dirigente conheço o seu valor. Sei dos seus erros e dos seus desvios pois senti na pele muitos deles, e algumas das minhas críticas ao partido, já externei interna e externamente. Publiquei um artigo “O Declínio da Estrela” onde faço minhas críticas.

Agora posso garantir que não somos os mais CORRUPTOS e nem somos os maiores responsáveis por essa fase que o Brasil está passando.

Por fim, não aceito o pretexto e a conveniência de justificar o voto em Bolsonaro para se livrar do PT e da corrupção. Até entendo que vocês sintam ódio de nós do PT, mas não se vinguem no Brasil.

No próximo domingo 28/10 não votem com o fígado. Votem com o coração, com o pensamento nos versos do Hino da Bandeira – “o lindo pendão da esperança e símbolo augusto da paz”.

Pelo exposto recomendo aos meus familiares e amigos o voto 13 em Fernando Haddad – pro Brasil ser feliz de novo!

Rio Branco (AC), 21 de outubro de 2018.

Marcos Inácio Fernandes (Marcão para uns, e Marquito pra os mais chegados)

PS – Eu Só queria Sossego, depois que me aposentei em 2010. Curtir meu neto, viajar, ler e escrever as minhas memórias com que aconteceu de bom na minha vida. Entretanto, a realidade que se nos apresenta nos impõe a dureza de continuar na luta. Dela não me retiro!

Aceitarei qualquer que seja o resultado das eleições mesmo sabendo que a democracia está sendo hackeada. Se o resultado me for adverso, eu que nunca usei armas e só atirei de baladeira, a alternativa é comprar mesmo uma arma, tirar o seu porte e aprender a manuseá-la para me defender das hordas e milícias fascistas. Quero viver, até pelo menos, o rei Arthur, meu neto, completar seus 15 anos.


Também lamento dizer que já não verei muitas pessoas queridas com o mesmo olhar de antes. Espero que o tempo me ajude a entender melhor o que está se passando e que no futuro eu tenha um olhar mais condescendente com elas. Vou tentar seguir o ensinamento musical de Paulinho da Viola: “Por isso deixo em aberto meu saldo de sentimentos / Sabendo que só o tempo ensina a gente a viver.” (Só o Tempo - P.Viola)






sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ABRINDO OS MEUS VOTOS

 

Abrindo os meus votos
(Antes que a justiça eleitoral proíba)

Por: Marcos Inácio Fernandes*

A campanha eleitoral de 2018 pode se caracterizar como atípica. Eivadas de extravagâncias. As restrições da justiça eleitoral são inúmeras. Só faltam proibir o eleitor de votar. Mas o STF deu uma forcinha nesse sentido. Nosso Supremo proibiu cerca de 3 milhões de eleitores do norte e nordeste, que não fizeram a biometria, de participar do processo eleitoral. Sem dúvida é uma medida que pode interferir no resultado das eleições e prejudicar o PT.

Outra ação nefasta contra o nosso partido é um juiz se transformar em “cabo eleitoral” dos nossos adversários e começar fazer “boca de urna,” há 6 dias das eleições, quando libera a delação requentada do Palocci, que havia sido rejeitada pelos membros da PGR da própria Operação Lava Jato.

Ademais, Lula continua confinado no cárcere de Curitiba, sem poder conceder entrevistas. O STF, além de censurar Lula, também censurou a imprensa. O TSE não acatou a resolução da ONU. Quiseram também censurar sua aparição nos nossos programas eleitorais de rádio e TV, que até o Meireles tem utilizado. A ironia maior dessas restrições todas é que o maior eleitor do Brasil e o grande protagonista dessas eleições está proibido de votar.

Em que pese tudo isso o candidato do Lula, Fernando Haddad, suplantou, em pouco mais de 15 dias, todos os adversários  representantes do golpe, e vai para o 2º turno contra o representante do fascismo, Jair Bolsonaro. O capitão se diz “anti-sistema”, íntegro, patriota e temente a Deus. Nesse particular é bom lembrar aos “cristãos”, que o filho de Deus, o Cristo, morreu torturado no pau-de-arara da época – a cruz. A prática abominável da tortura o Bolsonaro defende e faz a sua apologia de forma cínica.
É nesse contexto para se livrar do “mal maior” que o Bolsonaro representa, que vem a campanha e a chantagem do “voto útil”, que nós conhecemos desde 1982, quando participamos do primeiro pleito eleitoral. Naquela ocasião diziam que o PT, com sua candidatura própria, iria dividir a oposição ao regime militar e ajudar eleger os candidatos do PDS (ex-ARENA). Não cedemos àquela chantagem e nem cederemos agora.

Temos o maior partido, a melhor militância, um excepcional “cabo eleitoral” – o Lula (que está no imaginário popular), temos um bom candidato com experiência administrativa e um dos melhores quadros do nosso partido e as conquistas dos governos Lula e Dilma, para mostrar. Não é pouco!!

Portanto, vamos à luta! Já derrotamos o MEDO e vamos derrotar o ÓDIO!! Aos nossos adversários e inimigos de classe apenas uma observação: não façam do seu VOTO um instrumento de VINGANÇA. O Acre e o Brasil não merecem ser penalizados porque você tem raiva e ódio da gente e está frustrado com a política. Esses sentimentos não constroem e nem resolvem os problemas. Como diz a música: “o ódio não faz ninguém sorrir / o medo não faz ninguém cantar...” (Martelo da Justiça – Luciana Rabelo/Paulo César Pinheiro)

Fora da política não há solução. Hoje existe uma falácia que os nossos adversários usam com frequência e se apresentam como uma alternativa aos “radicalismos” do PT (Haddad) e do PSL (Bolsonaro). É um embuste. Esclareço. “Radical” vem do grego “rádice” (pela raiz). No Aurélio está; adj.1- Relativo a raiz ou a origem. 2 - básico, fundamental...  Já “Sectário” adj.sm. 1 -quem pertence a uma seita/doutrina/posição religiosa. 2 – intransigente. 3 - intolerante...

Nós do PT somos de fato radicais, mas, não sectários. Somos radicalmente a favor da DEMOCRACIA e a consideramos um valor universal; somos radicalmente contra as INJUSTIÇAS; e somos radicalmente contra as DESIGUALDADES SOCIAIS. Ademais, temos capilaridade e raízes profundas na sociedade, principalmente, nas classes trabalhadoras do campo e cidade. Daí que os nossos inimigos não conseguem “acabar com a nossa raça” e nem as eleições nem o povo não nos amedrontam. Acataremos qualquer resultado que vier das urnas, ao contrário do capitão, que insinua possibilidade de fraude das urnas eletrônicas e que só aceita o resultado se vencer. É o prenúncio de um 3º turno se a gente vencer mais uma vez. Estejamos preparados prá mais uma oposição desleal, não ao PT, mas ao Brasil.

Isso posto abro meus votos antes  que o TRE, proíba alegando que o “voto é secreto”. Os meus não são e não tenho vergonha deles, Conclamo meus familiares, amigos, aluno e ex-alunos a me acompanharem.

O 1º voto é prá deputado federal. Vou de Sibá Machado – 1313. É o nosso parlamentar mais representativo das bases do partido. Dirigiu o PT, a CUT, criou o “Grito da Terra”, fez um excelente mandato de Senador e como Deputado Federal é o responsável por colocar na Constituição dispositivos da Ciência e Tecnologia e destinar a maioria de suas emendas para a educação;

O 2º voto é de Deputado Estadual. Vou de Leila Galvão – 13013. Foi Prefeita de Brasiléia onde fez um excelente trabalho, é uma deputada atuante e grande defensora da região do Alto Acre. É uma das mulheres que orgulham o PT e a política. Quero mais mulheres na política e voto nela.

3° voto vai para Jorge Viana -131. Excelente Prefeito de Rio Branco, Governador por 2 mandatos, que mudaram a cara do Acre. É o Senador que, segundo o DIAP, por 8 anos consecutivos foi considerado entre as “100 cabeças do Congresso”. É um dos melhores quadros nacionais do PT. Precisa dizer mais?

4° voto vai para Ney Amorim – 133, pela coragem e ousadia de enfrentar uma eleição prá Senador abdicando do conforto de uma eleição tranquila para deputado estadual ou federal. Veremos no domingo se foi coragem ou temeridade se foi ousadia ou precipitação.

5° voto vai pro Marcus – 13. Trabalhei com ele no governo do Jorge e conheço de perto suas qualidades técnicas e humanas. Excelente Prefeito de Rio Branco, criou a mística do TRABALHO, que está associada a sua pessoa de forma justa e verdadeira. Não precisa nem CHAMAR, vou de Marcus Alexandre 13;

6° voto é 13 Haddad, pelos motivos já expostos e para o Brasil ser feliz de novo. É um voto civilizatório carregado de sonhos e esperanças!!

Rio Branco (AC), 5 de outubro de 2018

*Marcos Inácio Fernandes (Marcão)
Presidente Municipal do PT de Rio Branco

terça-feira, 2 de outubro de 2018

A DINÂMICA POLÍTICA






A Dinâmica da Política


Por: Marcos Inácio Fernandes.

Como dizia o “filósofo do Abunã”, Luís Pereira: “a política é muito dinâmica”. Difícil de acompanhar seus movimentos e de fazer análises e conjecturas de médio e longo prazos. Quem diria, por exemplo, que o PT, que teve um pífio desempenho nas eleições municipais de 2016, emergisse em 2018, como um dos favoritos a ganhar o pleito e com o candidato que foi derrotado para sua reeleição em São Paulo?

Em política nós devemos estar preparados para, permanentemente, fazermos reavaliações e termos o espírito aberto para acatar o que a realidade nos impõe. Não podemos brigar com os fatos e devemos estar abertos para analisar todas as versões que o fato comporta.

Certa vez comentei na minha página do Facebook, que quando não estivesse devidamente esclarecido sobre determinado assunto político, tomaria minha posição em face do que o Reinaldo Azevedo, que cunhou o  termo “petralha” e sempre foi um crítico mordaz do PT, tivesse falado a respeito. Dizia eu: se ele for contra, sou a favor. Se for a favor, sou contra. Simples assim. Pois bem, queimei a língua com essa minha lógica simplista. Hoje sou obrigado a concordar com o Reinaldo em algumas de suas análises. Uma delas é a de que Moro condenou Lula sem provas e é o grande responsável por trazer o PT e Lula a cena política. Ademais, que o nosso partido tem uma grande dívida com o Moro.

Realmente, sou obrigado a concordar com o Reinaldo. O juiz que faz agora “boca de urna” com a liberação para imprensa da delação do Palocci, há 6 dias das eleições, mais uma vez se mostrou nosso grande cabo eleitoral.

O paladino da “República de Curitiba”, começou dá uma “mãozinha” prá gente, quando autorizou a condução coercitiva do Lula em 4 de março de 2016 e que seria depois sequestrado para Curitiba. Lembrando que naquele episódio o Bolsonaro, Francischine e sua turma estavam a espera de Lula na PF de Curitiba soltando fogos. Foram frustrados. Ali cutucaram a jararaca com vara curta. E Lula falou: ”Se quiseram matar a jararaca não bateram na cabeça. Bateram no rabo e a jararaca está viva como sempre esteve”.

Depois veio a condenação no processo do triplex, sem uma mísera prova e o rito acelerado para a condenação de Lula em 2ª instância no TRF4 de Porto Alegre, em janeiro desse ano. Lula é o responsável pela proeza de tornar a justiça célere no Brasil e fazer os juízes trabalharem no domingo e até de férias. Mas mesmo condenado em 2ª instância a Ação ainda está longe do “Trânsito em julgado”, cabendo recursos, que o TSE e o STF, não consideram porque na “capa do processo” consta o nome do preso político LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA. Em todas as instâncias da nossa “justiça”, Lula não ganha uma porque, é sempre bom lembrar, que o golpe ”é com Supremo com tudo”.

Mais recentemente teve a concessão do habeas corpus à Lula concedido pelo Desembargador Favreto, que teve a sua ordem descumprida e a intervenção despropositada do Moro, que mesmo de férias e, sem competência para tal, acionou os seu poderes para derrubar o habeas corpus de um superior seu na Magistratura. Ficou mais uma vez caracterizado o Lawfare (manipulação da lei) contra Lula.

Depois veio a resolução do Comitê dos Direitos Humanos do Pacto Internacional dos Direitos Civis da ONU, que estabelecia que Lula tinha direito a participar das eleições e de ter um julgamento justo. O TSE jogou a resolução no lixo. Então Lula impedido de concorrer, apesar do franco favoritismo em todas as pesquisas de intenções de voto, Apresentou o seu vice Haddad para compor a chapa do PT com Manuela do PC do B.

E Lula se torna o grande eleitor e o maior protagonista dessas eleições. Haddad em 2 semanas dispara de 4% das intenções de votos para 21%, segundo o IBOPE, que dá empate técnico entre ele e Bolsonaro no 2º turno. Ressalte-se que essa última pesquisa do IBOPE/Globo/Estado de São Paulo, tem umas inconsistências gritantes.  Fica difícil de engolir que uma pesquisa feita no sábado e domingo não tenha captado o movimento das mulheres com o #ELENÃO e que apesar do bate cabeça na cúpula do PSL de Bolsonaro com seu vice e o seu “Posto Ipiranga” em relação ao 13º e a questão da CPMF  e do bombardeio que o PSDB está lhe fazendo, ainda assim cresceu 4 pontos nessa pesquisa e o Haddad estabilizou. Estranho, não? Especialistas em estatística dizem que o IBOPE mudou o filtro da pesquisa para mascarar o resultado.

Agora nessa semana assistimos mais um cerceamento à Lula e a imprensa com o STF (Fux e Toffoli) contrariando a decisão de Lewandovski do ex-presidente poder ser entrevistado. E ontem a cobertura do JN a delação do Palocci, que até os Procuradores de Curitiba rejeitaram. É a boca de urna do juiz Moro, talvez sua última bala de prata.

 Agora ficou escancarado. São todos contra o PT/Haddad e o povo. Se vencermos as eleições, vou propor a Haddad que seu primeiro ato seja oferecer a maior comenda da República à Sérgio Moro. Não sejamos ingratos.

*Marcos Inácio Fernandes, é Presidente do PT de Rio Branco.

7 VINDIMIÁRIO





7 Vindimiário


Por: Marcos Inácio Fernandes*

“(...) Brasil não finda em abril
Nem finda em mim nem em ti
Há outubros e há outros, outros
Além de nós que sabem
- No amor e no ódio -
Que o tempo é a esperança dos homens.
Há outubros.”
(Há Outubros de Félix Augusto de Athayde)

Faltando poucos dias para a colheita das uvas e dos votos. Segundo o calendário da Revolução Francesa, implantada pelos Jacobinos (a esquerda do processo revolucionário francês), o ano começava no outono e compreendiam os meses do VINDIMIÁRIO (22/09- 21/10), BRUMÁRIO (22/10- 20/11) e o FRIMÁRIO (21/11-20/12). Esse calendário foi abolido por Napoleão, mas, ainda foi usado na curta existência da Comuna de Paris.

Atualmente, com o calendário Gregoriano, que adotamos, estamos na primavera, que se estende até 21 de dezembro. Essa estação do ano também nos remete a outras passagens históricas que se convencionou chamar a PRIMAVERA dos POVOS, ocorrida há 170 anos em quase toda Europa, tendo como epicentro a França.

Foram revoluções libertárias e nacionalistas que eclodiram em 1848 por todo o velho continente. Nesse ano Marx e Engels escreveriam o famoso MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA, obra clássica da literatura Marxista, que continua atual, assombrando há 170 anos a burguesia, não apenas na Europa, mas, em todo mundo.

Nós do PT, somos herdeiros desse legado de lutas dos trabalhadores. Nessa quadra da nossa história estamos enfrentando mais uma batalha decisiva. Não se trata de uma simples disputa eleitoral. É uma disputa entre a CIVILIZAÇÃO e a BARBÁRIE.

Os golpistas estão destruindo todas as flores cultivadas pelo nosso projeto, mas não serão capazes de deter a primavera, como bem frisou o Lula. As projeções de todas as pesquisas apontam nesse sentido e o DIAP nas suas análises também aponta que o PT fará a maior bancada na Câmara Federal e poderá eleger o presidente daquele poder, que é o terceiro na linha da sucessão presidencial.

Os golpistas fracassaram. Nenhum de seus representantes na disputa presidencial atinge 2 dígitos nas intenções de votos e nenhum passa para o 2º turno. Daí que todos batem no PT, inclusive, o Ciro.

O máximo que os golpistas conseguiram foi despertar as hordas fascistas, que hibernavam nos porões da nossa República e hoje se apresentam como uma força social que encarna todas as patologias sociais. Eles disseminam o ódio, o preconceito, a violência, a misoginia e fazem apologia a tortura e ao extermínio de adversários políticos. O capitão falou em praça pública: “vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre...”. Isso não é uma “licença verbal”, uma ameaça figurada. É uma ameaça real, que devemos levar em consideração.

Nesse 2º turno, não tenhamos dúvidas, que os nossos “liberais” e a “imprensa democrática” marcharão ao lado dos fascistas. Mas nesse 29 de setembro, as mulheres do Acre, do Brasil e do mundo, vão marchar pela civilização e dizer bem alto: #ELENÃO

Espero que esse evento, consiga soterrar, definitivamente, as pretensões eleitorais  do fascismo.

Meu sonho de consumo é que Haddad ganhasse logo no 1° turno e viesse nos dá uma ajudazinha no Acre prá gente derrotar os golpistas daqui com mais tranquilidade. Mas ficaria muito contente se o povo brasileiro derrotasse o fascismo logo no 1º turno e disputássemos o 2° turno com Ciro Gomes, por exemplo.

De toda sorte só desejo também, que sejam respeitadas a decisão das urnas e que não haja mais um golpe do 18 Brumário de Luís Napoleão, que seria a história se repetindo como farsa e tragédia ao mesmo tempo.

Rio Branco 28 de setembro de 2018

*Marcos Inácio Fernandes, é presidente do PT de Rio Branco.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

OS MENINOS DO PT



            

OS MENINOS DO PT

Por: Marcos Inácio Fernandes.

“Não vou embora do Acre / O motivo vou dizer / É a nova realidade dos meninos do PT” (Samba Enredo “Acre Querido” de José Bernardo  - O Panelada)

E os meninos do PT foram à luta! Eles se tornaram adolescentes, adultos e, alguns, continuam “seminovos”. Eles se projetaram no mundo político e na vida pública do Acre e do Brasil e conquistaram o respeito e o reconhecimento dos acreanos.

Jorge Viana, o aniversariante do dia, é o nome que sintetiza e condensa a saga desses meninos. Ele foi o que mais se projetou na vida pública entre seus companheiros “curumins de sonhos”. Foi o primeiro Prefeito do PT de uma capital na região norte; governador, por dois mandatos consecutivos (1999-2006) e chegou ao “céu do Senado Federal” ** em 2010 e, agora em 2018, luta pela sua reeleição à Câmara Alta do país. Haveremos de lhe dá esse presente no dia 7 de outubro próximo, Jorge. Você fez por merecer!

Queremos contar, aos que não viveram e não conhecem a luta do nosso partido, como começou essa saga. A expressão “os meninos do PT”, foi cunhada pelo ex-governador Edmundo Pinto que disputou com Jorge Viana o 2º turno das eleições de 1990. “Ele dava a expressão uma conotação de caráter mais pejorativo do que carinhoso. A candidatura da FPA era considerada como um "arroubo juvenil", pois aqueles meninos só sabiam "agitar", "criticar", "fazer movimento" e nunca tinham administrado "nem um carrinho de pipoca". (FERNANDES, 1999)

Naquela eleição, a mais memorável do Acre, na minha percepção, a gente pegava mais uma “balsa”, porém, introduzia a semente da esperança e da utopia no fazer político. As palavras de agradecimentos do Jorge naquela eleição são proféticas:

“Não ganhamos a eleição, mas inauguramos uma nova fase na política acreana. Conosco, a famosa 'balsa' não vai descer o rio. Vai subir rumo às cabeceiras, aos seringais, as colônias, aos municípios do interior do Estado, pois a nossa luta junto ao povo continua e nossa responsabilidade na organização popular não diminui, mas aumenta. (...) A campanha que fizemos nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. A participação popular é possível. Ela deve prosseguir. Devemos recolher as esperanças do povo para seguir adiante. Com esperanças, trabalharemos. A luta continua. O futuro é nosso. Obrigado a todos. (Jornal A Gazeta, Rio Branco (AC), 2/12/90, p.3 (Vamos em Frente). A nota é assinada por Jorge Viana.)
Ainda na infância, com apenas 11 anos de idade, começou nossa trajetória vitoriosa. Em 1992, o PT/AC, conquista a 1ª capital da região norte, Rio Branco, com Jorge Viana.
“Em 1992, a Frente reelegeu a vereadora Francisca Marinheiro, Marcos Afonso, do PC do B e Dr. Júlio Eduardo (Dr. Julinho) do PV, que compuseram a base parlamentar da administração petista na Câmara Municipal de Rio Branco. Era chegado o momento de checar a opinião do controverso político Paulo Maluf, que havia dito: "Se você tiver uma fazenda e, na hora da colheita, tiver que optar entre um administrador petista e uma nuvem de gafanhotos, fique com os gafanhotos”. Naqueles primeiros anos da década de 90, as duas últimas administrações municipais, do PMDB e do PDS, tinham feito o papel dos "gafanhotos" em Rio Branco. A cidade estava um caos e, por sua vez, os cidadãos estavam perdendo a estima por aquele espaço urbano onde moravam, trabalhavam e estabeleciam as demais redes de sociabilidade. (FERNANDES,1999)
 Diziam também, que bastaria pintar a Prefeitura para a administração do PT aparecer. Pois bem, não só pintamos e reaparelhamos a Prefeitura e outros prédios públicos, como revitalizamos outros espaços urbanos e realizamos outras políticas que, ao fim do mandato, nos granjeou dois prêmios da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação Ford. A Casa Rosa Mulher e os Polos Agroflorestais.
Jorge implementou uma “Vida Nova na Cidade”, slogan da administração e, ademais, realizou a proeza de governar com minoria parlamentar. Ao final do mandato estava, segundo o IBOPE, entre os 3 melhores Prefeitos de capitais do Brasil e com uma aprovação popular de mais de 80%.
Depois são os 20 anos dos nossos governos, sucessivos e intercalados, no Estado e em Rio Branco.
Entre as virtudes descritas por Maquiavel para um Príncipe ter sucesso é a de saber escolher seus assessores.  “Não é de pouca importância para um príncipe a escolha dos ministros. (....). É a primeira conjectura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam.” (O Príncipe de Maquiavel - Cap. XXII).  E Jorge sabe formar equipe e trabalhar com ela. Foi assim na Prefeitura, no Governo e no Senado. Trabalhei na sua equipe tanto na Prefeitura como no governo e posso dá esse testemunho com tranquilidade.
 Entre suas inumeráveis virtudes pessoais e políticas só tenho uma ressalva a fazer ao seu estilo Bonapartista, “imperial” de que ele, as vezes, é acometido. No mais é agradecer ao Jorge por, além de ter feito excepcionais mandatos nos executivos municipal e estadual e no Congresso, fez a coisa mais importante na sua trajetória de homem público – DIGNIFICAR A POLÍTICA e DEVOLVER NOSSA AUTO-ESTIMA. Hoje, temos orgulho de ser acreanos. Isso é incomensurável e não tem preço!!
Parabéns Jorge, felicidades e vida longa!! Dia 7 de outubro eu e minha família daremos o seu presente digitando 131 e confirmando na urna eletrônica.

Rio Branco (AC) 20 de setembro de 2018

*Marcos Inácio Fernandes, é Presidente do PT de Rio Branco

** O Senador Vitorino Freire do Maranhão dizia que o Senado era melhor que o céu. Você não precisava nem morrer prá ir prá lá.