Lembrando do 13 e
pensando no 15
(O de maio de 1888 e o
15 de maio de 2019 - 131 anos de vicissitudes e esperanças)
Por: Marcos Inácio Fernandes*
“Acredito
na liberdade para todos, não apenas para os negros.” Bob Marley (1945-1981)
“A
abolição é a aurora da liberdade; emancipado o preto, resta emancipar o
branco.” Machado de Assis (1839-1908)
“A
mulher é o negro do mundo. É a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu
dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.” John
Lennon (1940-1980)
Nesse 13 de maio, que a historiografia oficial,
consagra a “libertação dos escravos” no Brasil, ocorrida há 131 anos, nos
remete a pensar e refletir sobre as origens das nossas desigualdades, do nosso
conformismo e submissão as injustiças. Afinal 380 anos de servidão, de
violência institucionalizada contra os negros, deformou e conformou o nosso
“ethos”, que é o conjunto de traços e modos de comportamento que caracterizam
um povo.
Como disse, espirituosamente, Millôr Fernandes: “a
princesa Izabel botou o preto no branco, mas o branco continuou botando no
preto, até hoje”. Fomos o último país a libertar os escravos e muito, por
pressão externa. Não era mais funcional e lucrativo para o capitalismo,
principalmente o Inglês, manter o anacronismo do trabalho escravo, abolido de
há muito na Europa.
A consequência da “libertação dos escravos”, foi a
queda da Monarquia. A República é instaurada logo em seguida, trazendo a nódoa
da traição e do 1° golpe militar no Brasil, uma quartelada. Em 130 anos de
Republica, tivemos apenas espasmos de democracia. Quase metade desse período vivemos
sobre estado de exceção e de ditaduras escancaradas.
São as “jabuticabas” do Brasil, que só tem aqui e só
acontece e floresce no nosso solo pátrio. Aqui fomos “Estado” antes de ser
Nação. Uma nação composta por 3 raças muito tristes – o índio perseguido e
quase dizimado, o branco (português), degredado e o negro (africano),
escravizado. Mas conseguimos superar essas desditas e nos transformamos num
povo miscigenado, alegre, criativo, trabalhador e festeiro, entre outras
qualidades. Como dizem: do limão fizemos a limonada e a caipirinha e
desenvolvemos expressões culturais, que o mundo reconhece e valoriza.
Agora, em 2019, em pleno século XXI, estamos numa encruzilhada
civilizatória. A sociedade brasileira está sob ataque da “famiglia” de
milicianos que empalmou o poder e quer nos impor uma pauta obscurantista.
Estamos sob ataques contínuos e a marcha da insensatez agora se dirige para a
Academia, as Universidades, a ciência e o pensamento. Querem acabar com os
cursos de Filosofia e Sociologia, querem desqualificar a obra de Paulo Freire e
querem matar, por inanição, as Universidades, cortando e contingenciando 37% do
seu orçamento. Será a gota d’água, que transborda o pote até aqui de mágoas?
Está se configurando que sim. A sociedade está se
mexendo com os estudantes, professores e trabalhadores a frente. Reviveremos as
marchas estudantis de 1968, que ocorreu em todo mundo e no Brasil?
Espero que sim. O poeta Alberto Cunha Melo, diz no
seu poema “Aos Mestres Com Desrespeito” que: “Dizem que meu povo é alegre e
pacífico/ Eu digo que meu povo é uma grande força insultada...” E eu digo:
nunca fomos tão insultados como agora. Por isso estaremos nas ruas nesse dia 15
de maio para dizer que não é só por “três chocolates e meio”, é pela nossa
soberania, pelo nosso emprego, pela nossa Previdência, pela nossa Universidade,
por Lula livre e pelas gerações futuras.
Que o espírito de luta de Zumbi dos Palmares,
Dandara, Tiradentes, Luís Gama, João Cândido, Dadá e Corisco, Gregório Bezerra,
Lamarca, Marighella, Zuzu Angel, Apolônio de Carvalho, Prestes e todas as
“Marias e Clarices”, que lutaram e lutam por esse solo pátrio.
*Marcos Inácio Fernandes, é militante do PT
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