Ecos de Stalingrado e o
mito de Prometeu*
Por: Marcos
Inácio Fernandes
“Ele fica
sentado em uma casa com telefones?
Seus pensamentos são secretos, suas decisões desconhecidas?
Quem é ele?
Nós somos ele.
Você, eu, vocês – nós todos. (...)
Não siga sem nós o caminho correto
Ele é sem nós
O mais errado.
Não se afaste de nós!
Podemos errar, e você pode ter razão, portanto
Não se afaste de nós!
Que caminho curto é melhor que o longo, ninguém nega
Mas quando alguém conhece
E não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!”
Seus pensamentos são secretos, suas decisões desconhecidas?
Quem é ele?
Nós somos ele.
Você, eu, vocês – nós todos. (...)
Não siga sem nós o caminho correto
Ele é sem nós
O mais errado.
Não se afaste de nós!
Podemos errar, e você pode ter razão, portanto
Não se afaste de nós!
Que caminho curto é melhor que o longo, ninguém nega
Mas quando alguém conhece
E não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!”
Mas Quem é o
partido - Bertolt Brecht (1898-1956)
Na
2ª guerra mundial, a blitzkrieg nazista, dava um “passeio” na Europa. Hitler
invadiu a Polônia, anexou a Áustria e ocupou a França. Só foi parado em
Stalingrado, que resistiu ao cerco da elite do exército nazista por quase um
ano. A região, que abrigava as reservas de petróleo da URSS, foi o palco mais
dramático e violento da guerra. Apenas naquela cidade, vítimas do fogo alemão,
da fome e do frio, morreram 2 milhões de russos**. Mas, “Stalingrado não
caiu!”. Era assim que terminava os boletins informativos da guerra da BBC de
Londres, amplificando e elevando a moral dos combatentes, para resistir e
derrotar o nazismo. Registre-se que o exército vermelho foi o primeiro a entrar
em Berlim.
Talvez
seja despropositado estabelecermos uma analogia daqueles fatos históricos, do
século passado, com a situação atual do nosso partido o Partido dos
Trabalhadores – PT. O certo é que, guardadas as proporções e o contexto
histórico, nós também estamos submetidos a bombardeios e uma artilharia de
saturação, que recai há anos sobre nossas cabeças, também com baixas
consideráveis.
As
crises se sucedem. Mensalão, Petrolão, lava Jato, triplex, impeachment, sem
crime de responsabilidade, condenações sem provas e prisões de nossas
lideranças, inclusive a maior delas, Lula da Silva. Querem, a todo custo, criminalizar o PT, cassar nossa sigla, como
fizeram com o PCB em 1946, e extinguir a “nossa raça” e “acabar com a
petralhada”.
Resistimos,
porque temos compromisso com o nosso povo e, fomos gestados e forjados, ao
longo desses 39 anos, no seio da classe trabalhadora, através de suas
organizações e de suas lutas. Temos lastro, temos base social e ainda muita
gordura prá queimar.
Hoje
o partido tem 1,5 milhões de filiados, 2.975 vereadores, 256 prefeitos 85 deputados
estaduais, 54 deputados federais, 6 senadores e 4 governadores, entre os quais
a única mulher governadora no Brasil. É um ativo institucional considerável.
Ressalte-se, ademais, as 4 vitórias presidenciais consecutivas, que
possibilitou, pela 1ª vez na nossa história, abrir a “caixa preta” do orçamento
e incluir uma pequena fatia para os pobres e deserdados desse país. Nunca nos
perdoaram por isso.
Portanto
companheir@s, nós não podemos nos dá a irresponsabilidade política de dilapidar
esse patrimônio do povo brasileiro. Mormente agora, quando a luta de classes
atinge um novo patamar no Brasil e o poder das milícias, das facções e dos
fascistas ameaçam a democracia e o processo civilizatório.
Reconhecemos
que a crise é profunda e solapa todas as instituições da sociedade. Nesses
momentos alguns se prostram, outros se recolhem, alguns sugerem atalhos e
soluções mágicas. É nesse quadro que partidos trocam de nome, ARENA, vira PDS;
PFL, vira DEMOCRATAS; PCB, vira PPS; cria-se partidos sem o “P” (REDE, SOLIDARIEDADE,
PODEMOS). Nós do PT não precisamos recorrer a esses artifícios. A nossa, sigla, nossa estrela de 5 pontas e
nossas cores vermelha e branca, são marcas consolidadas. Eu diria até que a exemplo
dos grandes nomes comerciais, a nossa “marca” é maior que o produto. Na
esquerda brasileira, somos o único partido de massas e de quadros.
Aqui
no Acre, destroçados que fomos recentemente pela derrota eleitoral e política,
já é tempo de sair do marasmo e do imobilismo, como dizia Sérgio Roberto, e
encarar nossos desafios políticos. É imperativo unir, de fato, nossas forças,
recompor nossas energias e reorganizar o partido.
O
problema é que nenhuma das correntes internas dispõe de condições políticas
para aglutinar e recompor o partido e conduzi-lo nessa conjuntura adversa,
agora na oposição. Por sua vez, os “cardeais” (agora todos “ex”), ou os “4
mosqueteiros”, como dizem as fontes murmurantes (Jorge, Angelim Marcus Alexandre
e Binho), fazem movimentos e conversas políticas ao largo do partido e parecem
que querem manter uma certa equidistância das instâncias partidárias. Pelo que
aconteceu no processo eleitoral, desconfio que algumas feridas ainda estão
abertas e talvez os companheiros precisem de um antibiótico mais forte e de
mais tempo para cicatriza-las.
Aos
valorosos companheiros, que são quadros de expressão nacional do nosso partido,
nós não queremos, não devemos e nem podemos abrir mão de seus protagonismos na
vida do nosso partido e da sociedade acreana. “Não se afastem de nós”. Como diz
a música: “É melhor se sofrer juntos do que ser feliz sozinho...” (“Tomara” de
Toquinho e Vinicius de Morais).
A
exemplo de Prometeu, todos os dias os abutres comem nosso fígado, mas a noite
ele se regenera e a vida continua. Nós também RESISTIREMOS!
Marcos Inácio Fernandes, é militante do PT e responde pela Secretaria de Formação do
DM/Rio Branco.
Rio
Branco (AC), 26 de maio de 2019
PS
- *Prometeu - "o que
pensa antes" — era um dos titãs mitológicos. Ele roubou o fogo de Zeus e
deu aos homens, por isso foi castigado. Ele foi condenado a ficar acorrentado
por 30 mil anos, com uma águia a lhe comer o fígado diariamente e o fígado se
recompunha a noite. Sua última palavra foi: RESISTO!
** Na 2ª
guerra, todos os países envolvidos no conflito, entre soldados e civis, morreram
47 milhões de pessoas. 26 milhões foram soviéticos.
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