sábado, 15 de janeiro de 2022

ADEUS POETA THIAGO DE MELLO

 



Thiago de Mello (30/03/1926 – 14/01/2022).

 

 Poeta e tradutor brasileiro, reconhecido como um ícone da literatura regional. Sua poesia está vinculada ao Terceiro Tempo Modernista. Thiago de Mello, nome literário de Amadeu Thiago de Mello, nasceu em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, no Estado do Amazonas, no dia 30 de março de 1926. Em 1931, ainda criança, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e depois, no Ginásio Pedro II. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro, onde em 1946 ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não chegou a concluir o curso para seguir a carreira literária. Em 1947, Thiago de Mello publicou seu primeiro volume de poemas, “Coração da Terra”. Em 1950 publicou seu poema “Tenso Por Meus Olhos”, na primeira página do Suplemento Literário do Jornal Correio da Manhã. Em 1951 publicou “Silêncio e Palavra”, que foi muito bem acolhido pela crítica. Em seguida publicou: “Narciso Cego” (1952) e “A Lenda da Rosa” em (1957). Em 1957, Thiago de Mello foi convidado para dirigir o Departamento Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro. Entre 1959 e 1960 foi adido cultural na Bolívia e no Peru. Em 1960 publicou “Canto Geral”. Entre os anos de 1961 e 1964 foi adido cultural em Santiago, no Chile, onde conhece o escritor Pablo Neruda, de quem faz a tradução de uma antologia poética. Logo depois do golpe militar de 1964, Thiago renunciou ao posto de adido cultural e em 1965 foi residir no Rio de Janeiro. Sua poesia ganhou forte conteúdo político e Indignado com o Ato Institucional nº. 1 e por ver a tortura ser empregada como método de interrogatório, escreveu o seu poema mais famoso, “Os Estatutos do Homem” (1977), poema que levamos até si agora. Thiago de Mello, autor de uma obra vinculada à geração de 1945, tornou-se nacionalmente conhecido na década de 1960 como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos, e manifestou em sua poesia o seu repúdio ao autoritarismo e à repressão.

(Texto extraído do Mundo dos Poemas)

Um dos seus poemas que eu mais aprecio:

Madrugada Camponesa

“faz escuro ainda no chão,

 Mas é preciso plantar.

A noite já foi mais noite

A manhã já vai chegar.

Agora

Não vale mais a canção

Feita de medo arremedo

 Para enganar solidão.

Agora vale a verdade

Cantada simples e sempre

Agora vale a alegria

Que se constrói dia a dia

 Feita de canto e de pão.

Faz escuro (já nem tanto)

 Vale a pena trabalhar

Faz escuro, mas eu canto

Porque a manhã vai chegar.”


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