Hotel Capitol no centro de Cochabamba. Diária de 200 pesos. Bom
O prato de carne de llhama. "Charquekan"
Uma senhora de Cochabamba.
Ônibus da Trans Naser, que Cochabamba/Oruro/Cochabamba
Com a Chola Damiana em Oruro
Posando com as crianças do "Gota de Leche" e irmã Joana
Posando na praça de armas de Oruro
Igreja de São Francisco em Cochabamba
Pão no balde
O frege do mercado.
Mercadoa céu aberto de cochabamba. Na Bolívia tem mais de 40 variedades de batatas e outras tantas de milho
Derrubando uma garrafa de vinho de Tarija com as irmãs. Vinho muito bom!
As "Jardineiras" de Cochabamba. Esse é o transporte público 2 pesos a passagem
Minha anfitriã em Oruro. Irmã Joana Siqueira
Por: Marcos Inácio Fernandes
Uma das coisas que mais
gosto é de viajar. Conhecer lugares e pessoas e experimentar sabores novos, que
não sejam tão exóticos, como os espetinhos de escorpião chinês. Aqui no Acre,
que faz fronteira com Peru e Bolívia, sempre viramos as costas prá esses nossos
hermanos. Acho lamentável, pois aqui por perto da gente, há muita coisa bonita
e interessante para se desfrutar e conhecer. Doravante pretendo me embrenhar
mais por essas artérias de nuestra América, que já comecei a fazer logo que
cheguei no Acre em 1978.
Minhas
Andanças
No meu 1º trabalho no Acre fui fazer uma
pesquisa no Alto Acre, nos seringais, percorrendo a BR-317 entre Brasiléia e
Assis Brasil num jipe da Emater. Assis Brasil forma uma tríplice fronteira com
o Peru e a Bolívia e do outro lado do rio Acre fica a cidade de Inãpari. Conheci
Inãpari no Peru, antes mesmo de conhecer Cobija, cidade vizinha de Brasiléia.
Em Assis Brasil ficamos sabendo, que todo dia pousava um avião Búfalo da
Fuerza Aérea Peruana, vindo de Puerto
Maldonado, que trazia cimento e outros materiais para a construção
de uma ponte em Inâpari. Então resolvemos
pegar uma carona aérea e ir conhecer Puerto Maldonado, banhada pelo majestoso
rio Madre de Dios. Nós pensávamos em ficar apenas um dia e voltar. Pegamos o
avião que parou em Ibéria para levar um motor de luz e entrou muita gente com
pato, galinha e tudo que era cacareco. Foi a 1ª e, única vez, que vi passageiro
viajar em pé, que não fosse da tripulação. Parecia o trem em que viajei muito
de Parnamirim prá Pedro Velho no Rio Grande do Norte. O avião pousou ainda em
um seringal, descendo e subindo gente, antes de chegar em Puerto Maldonado. Por
dois dias não saiu o avião para Inãpari, pois choveu naquela cidadezinha e
havia risco de pouso. Começamos a ficar preocupados, mas no 3º dia o sol abriu
e embarcamos de regresso. Foi a minha primeira aventura no Acre e meu batismo
no “exterior” sem passaporte nem nada.
Depois conheci Cobija,
evidentemente e, nas minhas férias de 1984, resolvi visitar um amigo meu,
peruano, que fez o curso do PDRI comigo na Bahia, no ano anterior. Fui por La
Paz e lá ganhei uma cortesia de uma passagem aérea para Lima de um amigo de
Miguel Ortiz, que trabalhava na Varig. O Miguel, uma das primeiras amizades que
fiz no Acre, havia me recomendado visitar a sua irmã, que morava em La Paz, e
esse seu amigo. O pitoresco dessa viagem foi que quase perco o Vôo, pois o taxi
que tomei do hotel para o aeroporto não era exclusivo. Saia parando e pegando
passageiros. Cheguei no aeroporto em cima da hora e fui o último passageiro a
embarcar. Já no avião, a sorte me bafejou de novo pois encontrei com o Suede
Chaves e o empresário Gimy Barbosa (que era o dono do cine Acre). Eles iam a
Lima articular uns vôos da empresa aérea Fawcete entre Rio Branco e Lima. Até
hoje esse projeto não vingou. Tenho esperança que um dia vingue.
Chegando a Lima ainda
peguei uma carona com eles, que me deixaram na casa do meu amigo Jesus Enrique
Tinoco, que havia casado com uma brasileira, a Eli, que ele conheceu nos nossos
encontros de fim de semana em Itapuã e Piatã. Hoje, eles voltaram a morar em
Salvador. Em Lima, conheci as principais belezas da cidade, fui ao zoológico e,
por pouco, não levo uma cuspida de llhama (a llhama é o único animal que cospe)
e vi um filme –“Caminho Para a Índia”. De Lima fui com a Eli de ônibus conhecer
Huarás, uma cidade há mais de 2.000 metros de altitude, onde moravam os pais do
Tinoco. A cidade, nessa época, já estava reconstruída pois ela, praticamente,
havia sido destruída por um terremoto em 1970, em plena Copa do Mexico. O que
mais me impressionou nessa cidade é que ela divide e separa a cordilheira
branca (nevada) da negra, onde fica o Huascarán o pico mais alto de Peru, com
quase 6 mil metros. E lá em Huarás, apesar do frio, tem fontes de águas termais
com mais de 40º. Mistérios da natureza.
Voltei de Lima de ônibus até Arequipa, a
cidade branca do Peru, e de Arequipa fui de trém até Puno (uma noite viajando),
na fronteira com a Bolívia e vim de Puno para La Paz numas vanzinhas pequenas,
que atravessa o Titicaca de balsa. De La Paz peguei o vôo para Cobija.
Posteriormente, conheci
Guayara-Mirim, vizinha de sua co-irmã brasileira do mesmo nome Guajará-Mirim, em
Rondônia, onde fui algumas vezes para compras na Zona de Livre Comércio, em
Guayará. Depois conheci Puerto Esperanza, no Peru, numa viagem que fiz a Santa
Rosa do Purus, bem no centro do nosso Estado.
Estive novamente em La
Paz, nos anos 2000 a convite do MIR (Partido Boliviano), que havia promovido um
Congresso de Mulheres e queriam conhecer a participação das mulheres na
política brasileira. Experiência Muy rica!!
Em Buenos Aires, estive
por duas vezes, numa comitiva da ASBRAER /ABER para intercâmbio dos trabalhos
de Extensão Rural.
Agora, por ocasião da
formatura em Medicina de minha nora, tive o privilégio de conhecer mais 3
cidades bolivianas. Santa Cruz de La Sierra, Cochabamba e Oruro. De Santa Cruz
já falei, agora vou falar das outras duas. Em Cochabamba foi apenas uma escala
para Oruro. Não fui nem ao Cristo que é uma de suas atrações turísticas. Fui do
aeroporto para o Hotel Capitol, cuja diária com café custa 200 pesos, mas
encontrei hotés mais em conta perto do Terminal Rodoviário por 80 bolivianos.
Dei uma volta pela praça
do centro e pelo mercado a céu aberto, que ficava a umas 4 quadras do hotel. É
o mesmo frege de gente, de carros, de businas e vende-se de tudo. Muitas
barracas de comidas, verduras e frutas. Na 2ª feira fui para Oruro de ônibus,
um pé duro, pois os melhores por duas vezes não saíram, que uma manifestação
havia bloqueado a carretera. O ônibus mais velho foi por um desvio e cobrou
mais caro, 40 pesos, enquanto o melhor custava 35 pesos.
A viagem é muito bonita. É
um sobe e desce serra danado e com muitas curvas pois, Oruro, fica a 3.800
metros de altitude acima do nível do mar. Vimos algumas alpacas, carneiros e
algum gado e até jumentos no percurso. Depois de 5 horas de viagem, chegamos em
Oruro a noite. Rodoviária para a “Paguei 10 pesos de taxi da rodoviária para a
casa “Gota de Leche” onde minha amiga irmã Joana Siqueira desenvolve com a irmã
Petronila, um trabalho humanitário de proteção a crianças de 0 a 6 anos, que os pais abandonam. Elas são da Congregação
das Servas Reparadoras, mas a instituição é mantida pelo governo, que
disponibiliza médicos, psicólogos, segurança e outros funcionários.
A altitude não me afetou,
mas tomei, por precaução, um chá de coca, que as irmãs prepararam para mim. No
outro dia dei umas voltas no carro da irmã Joana pela cidade e conhecemos a
Igreja do Sucavão, onde comprei um chapéu característico, conheci o bairro dos
mineiros, o estádio de futebos (não sei como se corre numa altura daquelas) e
posei com a chola Damiana, com seus muitos vestidos e o chapéu de coco.
Tive o prazer também de
degustar uma comida típica de Oruro a charquekan (carne de llhama sequinha e
desfiada, milho, ovo e batata imília cozidos com um pedaço de queijo de qualho)
se come pegando e levando prá boca, não tem nem garfo, nem faca, nem colher. E
as quitandas que servem essas comidas são bem humildes. Custa 15 pesos e eu gostei.
A irmã me presenteou com dois pacotes dessa carne, que vendem por 70 pesos e só
para exportação. É tipo a nossa carne de sol desfiada.
Outra coisa que me
impressionou em Oruro foi a quantidade de cachorros nas ruas. Tem mais
cachorros do que em aldeias de índio, guardando as devidas proporções, claro. O
trabalho com as crianças abandonadas também me impressionou muito, mas vou
fazer a descrição mais detalhada noutra oportunidade.
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