Equipe do Gêmio de Parnamirim. Em pé da esquerda para a direita: Marcos, Wite, Gilberto, Carlinhos, ZÉ Rodrigues,Nazareno e Expedito Lira (o dono do time). Agachados: Gabriel, Jair (irmão de Jaroca), Cajueiro (falecido), Eronildes e Luís Pereira.
O
Grêmio, o golpe e Jackson do Pandeiro
Por: Marcos Inácio
Fernandes*
“Em Brasília não há
inocentes; todos são cúmplices” (Nelson Rodrigues)
“Matar o elefante é fácil.
Difícil é remover o cadáver” (Mikhail Gorbachev)
Hoje não estou jogando
mais nem milho pras galinhas. Entretanto, nas décadas de 60 e 70, fui um
peladeiro inveterado e joguei no meio de campo nas equipes do Potiguar, do
Parnamirim e do Grêmio de Parnamirim, além de integrar a seleção de futebol da
Escola Agrícola de Jundiaí de 65 a 67.
Estou dizendo isso porque
me lembrei de uma façanha futebolística, quando jogava no Grêmio, do Expedito
Lira, e fomos jogar na cidade de Monte Alegre, vizinha a Parnamirim. O nosso
time era só de garotos, mas, era enjoado. Naquele jogo metemos 4 gols, logo no
1º tempo, na equipe de Monte Alegre. O juiz era da casa e, como sempre
acontecia, roubava pro time local. Pois no 2º tempo, a gente não conseguia
passar do meio de campo, que o juiz marcava impedimento. Era uma arbitragem,
ostensivamente, favorável ao nosso adversário. O tempo foi passando e o time de
Monte Alegre conseguiu fazer 3 gols na gente e já escuro eu perguntei ao juiz: não vai acabar o jogo não? Ele disse: faltam 10 minutos. Nisso deram uma
bola estirada para o Leão, que estudava comigo no Ginásio Augusto Severo e era
de Monte Alegre, ele entrou e fez o gol do empate. Quando tiramos o centro, o
juiz apitou o fim do jogo. Era assim naquele tempo.
Relembrei esse episódio
pessoal e futebolístico pois ele guarda semelhanças com o golpe institucional
que está em curso no Brasil.
Inspirando-me na analogia
que o Juca Kfouri, fez em vídeo, para explicar o golpe a partir das imagens e
regras do futebol, também traço as semelhanças, que me parecem as mais
relevantes, para comparar o GOLPE com o FUTEBOL.
O time do governo Dilma
está jogando no campo do adversário. É um campo ruim, com torcida organizada,
barulhenta, que se comporta como os Hooligans da Inglaterra, muito violenta. O
juiz é tendencioso, prá não dizer – LADRÃO. Ademais, os locutores e
comentaristas do jogo e da arbitragem (Rede Globo e mídia familiar) fazem uma
narrativa totalmente desfavorável ao time do governo, fazendo com que ele perca
torcedores.
O time que joga contra o
Dilma Futebol Clube, está bem entrosado. Eles coordenam bem a defesa e o
ataque. Tem um zagueiro estilo “espalha braza”, que bate até no vento. Como se
dizia antigamente: do pescoço prá baixo é canela”. Ele comete muitas faltas e
faltas prá cartão vermelho, mas não leva nem o amarelo e nem é advertido. É o
xerife da zaga: Sérgio Moro. Como disse o Abel, hoje treinador, e que foi
jogador do Vasco; “zagueiro que se preza
não ganha o Belfort Duarte”, um prêmio no futebol, que era outorgado a
jogadores disciplinados, que não faziam muitas faltas, e nem eram expulsos. O
Moro, apesar das faltas, vive recebendo prêmios e mais prêmios.
Isso acontece porque o
árbitro escalado dessa partida é um juiz técnico, mas sem preparo físico por
conta da idade. Ele não corre o campo todo, apita de longe, faz vista grossa, e
raramente apita as infrações. Chama-se Teori Zavascki.
Por outro lado, o time do
governo, foi escalado muito ruim e adotou uma tática de jogo temerária que
irritou a sua torcida. Desde o início do jogo que está todo o tempo na
defensiva. Escalou um meio-de- campo medíocre com Cardozo (Justiça) e Mercadante
(Casa Civil) e quando veio mexer nesse meio-de-campo e contratou um jogador habilidoso,
que chuta com as duas, bota a bola aonde quer, tem visão de jogo e faz gols,(Lula)
a cartolagem adversária (STF), não deixaram ele jogar. Aí já estava aos 30 do
2º tempo e o time perdia por 4 a zero (Aceitação do pedido de impeachment, relatório
da Comissão da Câmara, votação do Plenário da Câmara e Votação na Comissão do
Senado).
Nesse tempo que resta será
que dá prá buscar pelo menos o empate? Ir para a prorrogação de um PLEBISCITO e
depois ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE. Tenho sérias dúvidas.
Agora, quando já se acende
os refletores do estádio, o principal atacante do time da oposição, depois de
cometer tantas faltas e fazer um gol de mão, que o árbitro Teori deixou passar,
finalmente recebe o cartão vermelho e é expulso do jogo. Ele jogava dopado e
agora ameaça os companheiros da equipe que também usam e abusam do doping. Está
um frenesi nos vestiários do golpe.
Aproveitando essa brecha,
o time do governo quer anular o jogo e vai recorrer ao Supremo. Em que pese as
irregularidades do seu principal atacante, que está listada na súmula do Teori,
que mostrou todas as faltas do Cunha e só não o chamou de “mestre-de-açucar”,
acho improvável que o time do governo tenha êxito. Pode até ganhar, mas tem um
juiz (o Gilmar) que pode recorrer e pedir vistas e tumultuar mais uma vez o
jogo, como fez com o Lula.
A minha leitura é que nas
instituições (STF e Congresso) o GOLPE judicialesco/Partidário/Midiático está
consumado. Vão expulsar a Dilma ferindo o regulamento (a Constituição) por ela
ter batido um lateral pisando na linha (Pedaladas e decretos). Uma penalidade
desproporcional a infração se infração houvesse.
Mas esse golpe não vai ser
um passeio como foi o de 64. Haverá resistência e lutas. Aos democratas só resta
se espelhar no que disse Étienne De La Boétie (1530 – 1563) no seu célebre
Discurso da Servidão Voluntária: “Não nascemos apenas na posse de nossa
liberdade, mas com a incumbência de defende-la”. Eu acrescento ; a LIBERDADE e
a DEMOCRACIA.
Com o golpe só nos resta a
desobediência civil, como La Boétie, já propugnava no século XVI.
E eu lembro do Rojão do
Edgar Ferreira que o Jackson do Pandeiro canta: “Esse jogo não pode ser 1x1 se
meu time perder eu mato um.... É encarnado, preto e branco é encarnado e
preto...”
Nós do cordão encarnado
não fugiremos da luta. Os combates vai ser até a carne cair dos ossos.
*Marcos Inácio Fernandes é
professor aposentado e militante do PT.
PS – Acabo de saber que o Presidente interino
da Câmara, Valdir Maranhão (PP-MA), suspendeu a votação do dia 17 de
abril, que aceitou o pedido de impeachment da Presidente Dilma. O jogo vai
recomeçar.
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