domingo, 26 de julho de 2015

30 ANOS SEM MÁRIO RIBEIRO





30 anos sem Mario Ribeiro (1956-1985)

 É amanhã o aniversário de sua passagem. Num final de uma manhã de sábado de 1985, seu irmão Manoel Ribeiro, (que também já subiu), me telefonava e me dava a triste notícia do falecimento de seu irmão, vítima de um aneurisma cerebral, no esplendor dos seus 29 anos. Naquela data me tornei um acreano, pois nessa terra, começava a enterrar meus mortos. Mário Ribeiro, amigo e irmão, foi o 1º deles. Um ano depois de sua prematura partida, escrevi esse artigo, em sua reverência, que agira se acrescentam mais 29 anos.

Um Ano Sem Mário Ribeiro

Marcos Inácio Fernandes
“Duas vezes se morre:
Primeiro na carne, depois no nome.
A carne desaparece, o nome persiste, mas
Esvaziando-se de seu casto conteúdo
- Tantos gestos, palavras, silêncios –
Até que um dia sentimos,
Com uma pancada de espanto (ou de remorso?)
Que o nome querido já nos soa como os outros”.
(Fragmento do poema: Os Nomes de Manuel Bandeira)

Faz um ano que Mário se foi, mas o seu nome, os seus gestos, o seu sorriso infantil são lembranças ardorosamente vivas e presentes.
A segunda morte, (a do nome), ainda não aconteceu:MÁRIO RIBEIRO, esse nome querido, vai soar para os seus familiares e amigos sempre diferente. Nunca será um simples nome do  cadastro do contribuinte, da lista  telefônica ou dos obituários dos jornais.
Mário Ribeiro, para nós, será sempre sinônimo de vida, de amizade, de trabalho, de companheirismo, de alegria, de honestidade, de afeição, de desprendimento, de coragem, de ternura, enfim, de todas aquelas qualidades que caracterizam um homem bom.
Mário era um homem bom.Talvez, por isso, ele tenha nos deixado tão prematuramente, porque um homem bom, como disse um outro poeta, não serve para muita coisa, só serve para ser bom.
Mário foi um dos primeiros amigos que fiz no Acre, pois ele era daqueles pessoas que mal a gente conhece já fica querendo bem, parecendo que a amizade que se inicia, já vem de longas datas, como se fosse uma amizade de infância.
Através do Mário fui introduzido na pelada do DPA, no campo da Embrapa, onde fiz outros grandes amigos. Por causa do Mário comecei a torcer pelo Atlético Acreano (uma herança dolorosa) mas, perfeitamente compreensível. É que as pessoas de coração largo têm uma tendência natural de torcer e lutar pelos mais fracos.
E Mário tinha um coração de animal pré-histórico. (Era grande demais e sem a poluição da era industrial). Trabalhamos, bebemos, jogamos e nos divertimos juntos e, em todas as atividades em que tive o privilégio de estar a seu lado, trago as mais gratas e alegres recordações.
Hoje, passado 1 ano que ficamos privados do seu convívio, de sua presença física, as lembranças se avivam com grande intensidade em nossas mentes e em nossos corações. Vou sempre me lembrar do “e aí meu” (palavras iniciais que ele usava quando me telefonava). Vou sempre rir daquela frase na partida de buraco (Eu e seu primo, ele e o Franklin) eu perguntei se ainda jogava e ele respondeu: “joga sim, mas na outra” e bateu o jogo pegando a gente de mão cheia de cartas e soltou aquela sua risada característica.
Lembro ainda do nosso encontro na Bahia no Congresso de Veterinária, das cervejadas na Raimundinha, das peladas na quadra da PM (com aquela camisa ridícula do Flamengo) e tantas outras passagens que faz a gente lembrar do Mário sempre com ternura, com alegria, com saudade.
Mário, está fazendo um ano que nós também morremos um pouco, pois “o homem morre tantas vezes, quanta vezes perde os seus” (1). Segundo Plauto, aqueles que os Deuses estima morre jovem. Você, com certeza, era um estimado dos Deuses, por isso, Eles, divinamente egoístas, o chamaram tão cedo.
Descanse em boa companhia Mário, amigo e irmão.

Marcão (enfim um acreano, pois nessa terra já enterrei os meus mortos).
Rio Branco, 28 de julho de 1986

(1)   Frase de Públio Siro (Século I a.C) Sentenças.

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