Parece que é uma supernova. Ela vem liberando uma energia intensa, clareando conceitos e pulverizando pré-conceitos. Uma energia que condensa numa mesma totalidade CIÊNCIA, ARTE e RELIGIÃO. (tudo junto e misturado)Trata-se do livro da amiga Bethe Oliveira, LOUCAS E BRUXAS, BRUXAS E LOUCAS - CONTOS E POEMINHAS.
Ela me pediu que fizesse correções, de possíveis erros gramaticais e acentuação, e desse uma olhada pelo conteúdo numa sondagem preliminar. Ela parece estar temerosa da sua estréia como escritora e me disse que até sonhou, que eu esculhambava e depreciava o trabalho dela. Tranquilizei-a e agilizei a leitura e minhas considerações, que agora compartilho.
“Loucas e Bruxas,
Bruxas e Loucas” (Bethe Oliveira)
Considerações:
1 – A leitura dos seus contos e suas poesias me
surpreenderam. Surpreenderam
positivamente. Acho que você mascou muitas folhas de “João Brandim” ou ingeriu
substâncias mais fortes, que arejaram e expandiram suas células cerebrais, seus
olhos, sua sensibilidade.
2 - O seu texto é
“uma cacimba de areia grossa” (como dizem no nordeste). Quanto mais a gente
escava a areia mais água brota. Limpa, límpida e cristalina.
3 – A obra é a versão feminina do Almanaque do Lunário
Perpétuo, que circulava no sertão brasileiro no início do século passado. Tinha
de tudo mais um tiquinho.
4 – As suas bruxas são ousadas e corajosas. Elas transitam,
com desenvoltura, por assuntos variados que vai da Cabala a Física Quântica.
Elas fazem a costura e estabelecem as conexões entre ciência, arte e religião e
o fazem com muita perspicácia e estilo. Com suavidade ! A aridez de alguns temas como a morte, a
loucura, a felicidade, a intolerância, o medo, o poder, o desapego, a paixão e
a compaixão, entre outros, são tratados com rara sensibilidade e remete-nos a
novas leituras e novos olhares. Eu diria que suas bruxas são atrevidas mesmo.
Pois tratar de temas tão espinhosos, que estão há séculos nas reflexões dos filósofos,
místicos, cientistas, poetas e outros literatos, a desafiar suas capacidades de
análise e interpretações, só sendo coisa de bruxa com suas capacidades
paranormais. Suas bruxas desvendam muitos véus, que estão envoltos nesses temas
e abrem algumas frestas para novos olhares e interpretações. Em algumas
passagens, exclamei uma, duas e três vezes. Uma viagem de alumbramentos!!!
5 – Confesso que gostei mais dos contos do que das poesias.
Acho que é porque estou mais acostumado com rimas no estilo de sonetos (2
quartetos e 2 tercetos). São os condicionamentos e a linearidade que ainda nos aprisiona. Entre os contos, o que mais me
embeveceu foi o da louca Sofia Galhardo. Que garbo, que lucidez, que
elegância!!! Ela me fez lembrar do aforisma de Chesterton, que diz: “Louco é
quem perdeu tudo menos a razão”. (pode servir de epígrafe para o conto). A
Sofia é muito lúcida. Gostei muito da sua fala: “Se entregar é a melhor forma de cair, sem se machucar” !! (exclamei 2
vezes).
6 – Em síntese, o personagem Marcelo num diálogo com Tereza
faz a melhor análise desse trabalho e sua autora. Reproduzo: “Você entra por uma porta e sai por outra,
fazendo costuras entre assuntos e fatos, arte e ciência, tempo e espaço, luz e
sombra, matéria e energia, causa e efeito, de tudo sabe um pouco, dando aos
assuntos uma nova versão – disse Marcelo.” Disse tudo. O que mais dizer?!
7 – Dizer apenas, que seu trabalho é para iniciados em
algumas leituras dos autores que falam
da complexidade. Morin, Capra, Boaventura Santos, Domenico de Mais, Umberto Eco
e outros. É um trabalho prá se ler com alguns dicionários de apoio. Você cita
pessoas e fatos que eu nunca vi “ nem nas 4 festas do ano” eu que me considero
um leitor mediano. Todos os gênios da humanidade são citados pelas bruxas. Apenas
senti falta do Charles Chaplin – o Carlitos.
Considero ,por fim, que você não precisa se esconder por
trás de um pseudônimo. Assuma o seu apelido simples de BETE ou o sofisticado de
BETHE e o seu sobrenome OLIVEIRA. Não tenha vergonha porque suas bruxas não
fazem vergonha. Elas vão lhe dá muitas alegrias e FAMA. Só lamento em perder a
amiga, DEFINITIVAMENTE, Já tinha perdido quando era poderosa e agora além de
poderosa, famosa. Espero merecer, pelo menos, um livro autografado para
negociar mais tarde num caso de necessidade.
Marcos Inácio Fernandes (Marcão)
Rio Branco (AC), 24 de outubro de 2015.
Algumas passagens do
livro Loucas e Bruxas, Bruxas e Loucas.(Bethe Oliveira)
- “A eternidade é a permanente renovação”.
- “A imortalidade é a capacidade de regenerar-se.”
- “Tudo está dentro de tudo. / Nada pode sobrar. / Se sobrar uma ponta que
seja,/Essa ponta pode te furar.”
- “A loucura nada mais é do que o conflito sem tréguas entre
as formas contrárias de o homem pensar, Sr e agir.”
- “Somente na loucura se pode ser gente, bicho e fantasma;
mais fantasma e bicho do que gente.
Somente na loucura se pode ver e conversar com a própria loucura humana.”
- “O louco tem sempre algo a dizer, como os artistas. Os
artistas têm alma de loucos.”
- “A escrita com cores foi batizada de artes plásticas; a
escrita com som, denominou-se música e, a escrita com letras, deu-se o nome de
literatura.”
- “A morte é o retorno ao princípio.”
- “O que de mais valioso pode ter entre duas pessoas, que
não segredos?”
- “Poder e dinheiro em excesso roubam o que o homem tem de
mais precioso, a sua liberdade.”
- “Somente o desapego e o amor genuíno podem preparar o ser
humano para a grande passagem.”
- “Se entregar é a melhor forma de cair, sem se machucar.”
-“Oração é aquilo que dizemos para nós mesmos.”
- “Seja impecável com a sua palavra. /A palavra é mágica. /A
palavra é catalisadora. /A palavra é luz. /A palavra cristaliza energia. “...
(A Palavra de Mulher)
- “A verdade não é para ser dita e, sim, experimentada.”
- “A ciência mede, mas não pode medir o encanto de uma obra
de arte.”
- “Ciência, arte e religião são meios de compreender esse
mundo e procurar alcançar uma dimensão superior.”
- “De minha parte sei que, quanto mais convivo com as pessoas,
mais sei um pouco sobre mim mesma.”
- “Viver é alcançar o próprio destino.”
- “Na dúvida tudo é perigoso.”
- “Por duas vezes negligenciei a minha vida: quando amei
mais do que pude e quando pude amar e desprezei.”
- “A lei condiciona, a religião culpa e ambas aprisionam.”
Gostei muito das suas considerações Marcos, tanto que passei a me interessar pelo livro.Quando for editafo me avise,Um abraço
ResponderExcluir