quinta-feira, 28 de maio de 2020

AMIGOS QUE A VIDA ME PRESENTEOU.


Graça e Zizeuda.

 Zizeuda, como a conheci, sempre de bom humor.

 Zizeuda no esplendor de sua juventude.

 Oséias (Tio), Graça e Zizeuda.

 Lembrança da Guayra, componente do nosso grupo de trabalho.

 Zizeuda, sempre uma alegria contagiante.

Zizeuda quando visitou o Acre. (no meu escritório)

AMIGOS QUE A VIDA ME PRESENTEOU.

Por: Marcos Inácio Fernandes*

Meus amigos não tem defeitos, agora os inimigos, se não tiver eu boto.” Carlos Imperial (1935-1992)

“A amizade é um amor que nunca morre.” Mário Quintana (1906-1994)

“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.” Confúcio (551 a.C – 479 a.C)

Começando a fazer o registro das amizades que cultivei nas minhas 7 décadas de existência e, vou iniciar por duas amigas queridas, cuja amizade remonta aos anos 70. Fazíamos a faculdade de Sociologia na Fundação José Augusto em Natal, curso que,  posteriormente, foi incorporado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Trata-se de ZIZEUDA DE SOUZA GOMES (Ziza ou ZI) e sua irmã, GRAÇA FARO DE SOUZA GOMES (Graça).

Fomos, como já disse, contemporâneos na velha FUNDAÇÃO JOSÉ  AUGUSTO, na rua Jundiaí, que disponibilizava os cursos de Sociologia e Jornalismo. Por anos seguidos formamos um bom grupo de trabalho e, sem falsa modéstia, éramos alunos aplicados e sempre tiramos boas notas nos trabalhos. O grupo era composto por mim, Ziza, Graça, Rizolete (Rizó), Guayra e Chico. Lembro que a Graça foi a aluna laureada (a de melhor desempenho acadêmico) quando concluímos o curso, já na UFRN, em 1977.

Registro que a Ziza foi quem me arranjou o 1º emprego de datilógrafo num escritório de planejamento que ela trabalhava. Eu era um “dedógrafo”, já a Ziza, era uma exímia datilografa e era quem “batia” nossos trabalhos de curso. Minha gratidão Ziza, pela oportunidade do 1º emprego. Desde então, nunca fiquei desempregado e hoje posso desfrutar do “ócio criativo”, aposentado que estou, desde 2010, pela Universidade do Acre. Ô glória!

Dos tempos de faculdade, até hoje, guardo uma lembrança de um disco compacto simples, com Juca de Oliveira recitando poemas de Drummond e Vinicius, que ganhei da Guayra, com a seguinte dedicatória: “Marcos, que a palavra do poeta me faça saudade no teu coração. Tua amiga. Guayra. Natal 08-12-73”
Quando me bate saudades, dessa turma e dessa época, coloco esse disco no meu som de vinil e sempre me emociono com Juca de Oliveira recitando fragmentos do poema de Drummond, “Resíduos”. “De tudo fica um pouco...” Ficou foi muito, amigas !!!

Ainda em Natal, guardo na memória, um carnaval que passamos em Ponta Negra, eu, Eró, Ziza, Graça e Juliano Siqueira e outros amigos que não me lembro. Numa madrugada, nesse retiro de carnaval, acordamos com Liz Noga tocando seu violão numa espécie de serenata fora de época. Foi um deleite!

Ao longo da nossa amizade tivemos muitos momentos prazerosos pelos bares de Natal. Quando eu já morava em Rio Branco e numa das minhas idas à Natal, em 1988, nos encontramos em algum bar e Graça escreveu num guardanapo de mesa de bar, essas palavras:

“Marquito, Fazer renascer emoções é Uma coisa muito séria. E importante. E vibrante.
Porque emoção é vida e você, amigo antigo de antigamente, fez, com seu jeito de sempre, renascer coisas não esquecidas, mas guardadas...Que bom você ter vindo! Que bom chegar aos
34 anos e saber que fiz um amigo. VALEU! Volte, tá! Um beijo, Graça.” (25/6/88)

Voltei outras vezes em Natal, mas, perdemos contato. Depois tive a triste notícia de que Graça e Zizeuda tiveram aneurisma e ficaram com a saúde comprometida. Graça está em cadeira de rodas sob os cuidados de Plínio, seu irmão e Ziza está, em estado quase vegetativo, na casa de sua filha Ana, sob seus cuidados e de uma enfermeira. Quando estive pela última vez em Natal, agora no ano passado, em 2019, visitei Zizeuda na casa da sua filha Ana e não sei se ela me reconheceu. Senti falta do seu sorriso cativante e da conversa que não tivemos.  Confesso que fiquei impactado em vê-la naquele estado. E  me vi cantarolando a música “Velho Ateu” (Eduardo Gudin & Roberto Riberti) ”...Se eu fosse Deus a vida bem que melhoravaSe eu fosse Deus daria aos que não tem nada...” se eu fosse Deus restabeleceria a saúde de Zizeuda e Graça.

Vou lembrar das minhas amigas, Ziza e Graça, sempre com ternura.  Tem uma música que é a cara delas - “Mais um Adeus” de Toquinho e Vinicius, que diz: “... e de repente uma vontade de chorar...” Toda vez que escuto, me lembro delas e dá uma vontade de chorar e de tomar uma de Gim, ou de outra bebida quente, para brindar a nossa amizade.

Gratidão Zizeuda e Graça!!

Rio Branco, 28 de maio (76º dia de isolamento social) de 2020

Marcos Inácio Fernandes (Marquito)

segunda-feira, 25 de maio de 2020

LA VIE EN ROUGE 1










A primeira postagem da Série: “La Vie en Rouge”.

A primeira vez que ví Paris!!

Foi em fevereiro de 2006 numa Missão Técnica a França, promovida pela ASBRAER a entidade representativa dos dirigentes da Extensão Rural no Brasil. Na época eu dirigia a SEAPROF, no témino do 2º governo de Jorge Viana e início do 2º mandato de Lula na Presidência. Que saudade!!

A missão foi organizada por José Silva, então presidente da ASBRAER, hoje Deputado Federal por Minas Gerais. Fomos Conhecer algumas cadeias produtivas, principalmente a do leite, e conhecer as novidades da agricultura e pecuária que estavam sendo expostas no Salão Internacional de Agricultura, que estava ocorrendo em Paris.

Dividi um apartamento no Hotel Campoville, com Mário Amorim, diretor técnico da EMATER/RN, e Romualdo, assessor da presidência da EMATER/RS. Após o nosso regresso, pouco tempo depois o Romualdo veio a falecer.
Foi uma experiência muito rica e fiz nessa viagem novas amizades, que perduram até hoje, como as dos companheiros da Extensão, Mário Amorim (RN), Argileu (DF), Sabino (PR), Nivaldo(PB), Ênio (ES), os dois Raimundo (do Ceará e Maranhão), José Silva (MG),e muitos outros...

Subimos na Torre Eiffel passeamos e fizemos compras na Champs Élysées e tomamos vinho num dos seus Bistrôs. Fazia frio na época e foi a 1ª vez que vi neve na minha vida. Quem nos ciceroneou na França foi o Phellipe e levamos uma tradutora que agora me foge o nome.

Como disse Henrique IV: “Paris vale bem uma missa”.  Eu fiquei convencido de que bem valia um retorno. Fiz isso em agosto de 2014, mas é assunto prá outra postagem (MIF)


sexta-feira, 22 de maio de 2020

TINHA MERMO!!!




O timoneiro Lhé



TINHA MERMO!!!

Por: Marcos Inácio Fernandes*

“Sei que amanhã quando eu morrer os meus amigos vão dizer que eu tinha bom coração...”

 (“Quando Eu Me Chamar Saudade” de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)

Em bom acreanês, “tinha mermo”!!! Não conheci um coração tão generoso como o do Lhé. Nesses 72 anos que já vivi, encontrei muitas pessoas de “bom coração”, cuja bondade se restringiam as relações familiares e pessoais. O nosso companheiro Lhé tinha um coração mais amplo, mais eclético e diversificado. Era um coração, magnânimo, carinhoso, clemente, bondoso, tolerante, afetuoso, amável... UM BOM E GRANDE CORAÇÃO, que cabia todas as dores do mundo e, para elas, procurava um lenitivo.

Como disse nosso Presidente de honra, Nilson Mourão, no seu poema “Guerreiro da Floresta”, Lhé era um homem de CAUSAS!!!. Ele abraçou muitas delas. Das causas pela moradia em Rio Branco até a causa pelo território da Palestina, ele transitou pela causa política, ambiental, cultural, sindical e cooperativista, da saúde mental e dos Direitos Humanos. Era um HUMANISTA.

Tive o privilégio de ter sido seu contemporâneo e ter convivido um pouco com ele e posso dá um testemunho pessoal de sua solidariedade. Quando eu, Cacá, Monteiro, Antônio Cesário e mais uns 10 colegas fomos demitidos da EMATER, em 1987, recebemos o apoio e a solidariedade do Lhé e do Chico Mendes. Na época eu dirigia Associação dos Servidores da Emater -  ASSEA e o Cesário, a Associação dos Técnicos Agrícolas. Em função dessa demissão política, tive que passar um “exílio” forçado de 2 anos em Salvador-BA. Depois de 21 meses de trâmites na Justiça do Trabalho, fomos todos reintegrados a Emater e pagos os salários atrasados. Foi a única poupança que fiz na minha vida.

Depois disso tivemos encontros esporádicos, que ficaram mais constantes, quando assumi a Presidência do Diretório Municipal do PT em Rio Branco, em 2017. A partir daí recebia sempre telefonemas dele, que invariavelmente, começava assim “oi amor!”... e lá vinha demandas de toda ordem e, nunca de caráter pessoal, era sempre para ajudar alguém e por uma causa coletiva. Ele sempre nos cobrava a formação de um coletivo no PT para discutir o cenário político internacional (ainda estamos devendo essa ao Lhé); para a gente interceder junto aos Correios para o lançamento de um selo comemorativo sobre os 120 anos do estado do Acre que faz referência a Galvez.(1)  Ele teve êxito nessa demanda e depois, numa visita na sua casa, ele me presenteou com um exemplar do selo.

Quando promovi o show ‘POLÍTICA DÁ SAMBA”, na Usina de Arte, com o meu amigo cantor e compositor Erivanaldo Galvão, levei o Eri para uma visita ao Lhé e o Eri fez uma pequena apresentação musical, ao violão, de como seria o show e o Lhé dizia belo!, lindo! Ele presenteou o Eri com um “Keffiyeh” (2) da palestina que a Cibele entregou ao Eri após o show.

Em fevereiro do ano passado fui na sua casa lhe presentear, com uma dedicatória de uma poesia palestina, o meu livro “PT A EXPRESSÃO POLÍTICA DE AMOR AO ACRE”, que registra os anos iniciais do nosso partido no Estado.  No livro registro, inclusive, a foto histórica do Nilson, Lhé, Valdir Nicácio e do Bezerrinha, num santinho em preto e branco do batismo de fogo eleitoral do PT em 1982. Parecia aqueles cartazes de “procurados” dos westerns americanos. E para minha surpresa, mesmo debilitado ele compareceu a Livraria do Paim, com sua filha Cibele, para prestigiar o lançamento do livro.

No aniversário de 74 anos do Lula, celebrado em 27 de outubro do ano passado, (um domingo) fomos comemorar, com um café compartilhado, na sua residência. Levamos o bolo, velinhas, balões , cantamos os parabéns e ouvimos muitas histórias do Lhé que sempre foi o anfitrião do Lula no  Acre. Estiveram presentes: Nilson, Sibá e Rose, Selma, Júlia Feitosa e Marcos Jorge, Julinha, Marcão, Saldanha,  Arlete  e Santiago, Nara Jucá,  Lêda,  Monteirinho, com seu acordeon, Elson Martins, Pe. Luíz Ceppi, Maria Preta, Socorrinha e Sílvio Birolo, Cardoso e Eugênio, entre outros. A Leda recitou poesias, O Monteirinho nos brindou com algumas de suas composições a Selma recitou poemas do Bacurau e jogamos “muita conversa fora”. Um dia para não esquecer.

No PED-2017, quando fui eleito presidente do Dm de Rio Branco do PT, fomos a sua casa e a casa do Elias Rozendo, candidato a vice do Nilson nas eleições de 1982, recolher os votos dos dois. Tratava-se de um gesto simbólico para que aqueles companheiros históricos participassem do nosso processo democrático da escolha dos nossos dirigentes, que na época, já apontava para a necessidade da unidade do partido.

Em 2019, na festa do PED, onde elegemos em chapas únicas o Cesário e a Selma, O Lhé, compareceu sobre os cuidados da Zezé, pois seu estado de saúde nos preocupava a todos. Sua energia e sua luz iluminou nossa festa. Essa foi sua última participação política com seus companheiros do Partido das Trabalhadores, uma de suas causas, talvez a maior.

O Lhé, a bem da verdade, ganhou algumas “flores em vida”. Recebeu homenagens do nosso partido, um tributo que lhe prestamos quando ainda estava na presidência; da CUT, do CNS, dos Direitos Humanos, a Comenda da Volta da Empreza da Prefeitura de Rio Branco, criada pelo prefeito Angelim, em 2008, o Lhé foi agraciado em 2018. Ademais, muitos companheiros e outras personalidades, realçaram as qualidades do Lhé, em muitos textos publicados nos periódicos de Rio Branco. O Lhé fez por merecer todas as honrarias.

Agora, que ele se encantou, a continuidade do seu legado se impõe. Precisamos cultivar seus exemplos para que as próximas gerações, que não tiveram o privilégio de conhecê-lo em vida, também possam se espelhar e beber nessa fonte, abundante e cristalina, de humanidade – ABRAHIM FARAH NETO o LHÉ.

Lhé, hoje você é saudade em nossos corações.

Rio Branco (AC), 22 de maio (7º dia da sua partida) de 2020

*Marcos Inácio Fernandes (Marcão), professor aposentado e Secretário de Formação do DM/PT de Rio Banco.

(1) Na sessão solene na ALE/AC, Abraim Farhat (Lhé), falou da importância da criação do Selo Comemorativo em alusão aos 120 anos de fundação do Estado Independente. “Quem não conhece sua história é uma mula sem cabeça, por isso é tão importante fazermos hoje esse resgate. Temos tanta sorte que os correios vão batizar o selo de “Gálvez 120 anos”, isso é maravilhoso. Uma homenagem a esse espanhol “quixote” que foi tão importante para nós acreanos”, salientou.

(2) O “Keffiyeh” é uma peça de algodão de cores brancas e pretas que se usa na cabeça. Era usada por Yasser Arafat e está associada ao movimento nacionalista da Palestina.


 Presenteando o meu livro ao Lhé Lhé (Marcão, Lhé,e Sibá )

 Café compartilhado de aniversário do  Lula (Saldanha, Arlete, Vladimir(filho do Lhé), Nara Jucá, Sílvio Birolo, Socorrinha, Selma Neves, Marcão, Cardoso, Nilson Mourão, Eugênio, Lhé, Maria Preta, Elson Martins e Monteirinho com sua sanfona.)


 PED - 2019 (Graça, Rose, Sibá, Elineyde, Junior, ? ,Lhé e Zezé)

 PED - 2019 .(Tião, Saldanha, Lhé e Zezé)

 Eri Galváo, Lhé e Marcão - junho de 2017

 Lhé e Marcão (LULA LIVRE!)

 Mutirão com a participação do Lhé, Matias e Chico Mendes e outros companheiros


PED - 2017 (Marcão, Sibá, Lhé votando e Ermício)

terça-feira, 19 de maio de 2020

DIZERES E SABERES DO POVO NORDESTINO.






Dizeres e saberes do povo nordestino.

(Registrando, para não esquecer essas expressões, que ouvi na infância e adolescência)

O povo, na sua sabedoria e observações do cotidiano, vai construindo analogias, comparações jocosas, alegres, divertidas e, muitas vezes, também ácidas e ferinas sobre o seu dia a dia, a sua vivência e convivência com a natureza e a sociedade. Muitas dessas expressões são precisas, cirúrgicas, definitivas e que se explicam por si mesmas. Outras, precisa-se conhecer a conjuntura, o ambiente cultural, o sentido da expressão e uma explicação adicional para entendê-las. (É uma outra tarefa). Ao longo da minha infância e adolescência elas foram sendo ditas e repetidas no ambiente familiar, nas ruas e nas cidades do interior, principalmente, por gente simples do povo. Elas me encantam e me faz rir. Reproduzo-as aqui, de forma aleatória, na medida que vou me lembrando e me embevecendo com as comparações. (MIF)

Sobre ABUNDÂNCIA, diz-se:
1 – “Não se acaba, nem fica pouco. Igual a mosquito em cu de cachorro”
Ou então “mosquito em banana podre”.

ANALFABETISMO.
2 – “Não passou do ABC grande”
3 – “Não faz um “O” com uma quenga de coco”.
4 – “Analfabeto de pai, mãe, parteira e os 4 vizinhos”

PROMESSA.
5 – “Quem enricou de promessa foi São Severino do Ramo”
6 – “Não paga nem promessa de areia a santo, morando em baixo do morro.”
INVEJA.
7 – “De inveja não morro, mas mato muita gente.”

MISERABILIDADE/MESQUINHARIA
8 – “Isso não reparte nem o cabelo.”
9 – “Não dá um bico de pão a um cego”.
10 – “Não abre a mão nem prá tomar injeção na veia”.
  
MAGREZA
11 – “Tá só o tamanco. Só tem o couro e o pau”.
12 – Tá igual a bandeira de pirata. Só tem o pano e a caveira”.

POBREZA
13 – “Não tem um lugar prá cair morto”.
14 – “Não tem um pau prá dá num gato”.
15 – "Não tem no cu o que um periquito roa”.

FALSIDADE
16 – “Mais falso do que uma nota de sete”.
17 – “Mais falso do que tábua de quixó”.
18 – “É igual a baralho. Tem duas caras”

SORTE
19 – “Tem mais sorte do que rapariga nova”.
20 – “Mais sorte que isso é achar dinheiro em calçada alta” (Nem precisa se baixar para apanhar.)

TRISTEZA
21 – “Mais triste do que São Sebastião flechado”.

MULHER “FALADA”
22 – “Dá mais do que paca da mão branca em noite de lua cheia.”
23 – “É mais furada do que tábua de pirulito”.
24 – “Leva mais vara do que chiqueiro de criar bode”.
25 – “Leva mais vara do que casa de taipa”.

OS “MAIS”
26 – “Mais perigoso do que pastel de botequim”.
27 – “Mais afiado do que língua de manicure”.
28 – “Mais duro do que rabo de ovelha”
29 – “Mais enfeitado do que penteadeira de rapariga”
30 – “Mais escondido do que rapariga de pastor”.
31 – “Mais alegre do que pinto de 2 dias”.
32 – “Mis curto do que coice de preá”.
33 – “Mais colorido do que pescoço de arara”.
34 – “Mais desconfiado do que cachorro de índio”.
35 – “Mais seguro do que carrapato em cu de peba”.
36 – Mais desarrumado do que ninho de xexéu”.
37 – “Mais sério do que um bode cagando numa canoa”.
38 – Mais por baixo do que cu de arraia”.
39 – “Mais escuro do que casa de viúva”.
40 – “Mais fino do que assobio de saguin”.
41 – “Mais ligeiro do que coceira de cachorro”.
42 – “Mais enjoado do que menino que tá nascendo os dentes”.
43 – “Mais chato do que lençol curto”.
44 – “Mais cheiroso do que filho de barbeiro”.
45 – “Mais gordo do que filho de ladrão quando o pai tá solto”.
46 – “Mais arrochado do que cu de sapo”.
47 – “Mais quieto do que menino cagado”.
48 – “Mais sujo do que poleiro de pato”.
49 – “Mais empenado do que o gato da Zinebra”.
50 – “Mais enrolado do que cabelo de relógio”.
51 – “Penando mais do que galinha que cria pato”.
52 – “Quem refresca cu de pato é lagoa”.
53 – “Quem enche cu de judas é molambo”.
54 – “Tremendo mais do que Toyota em ponto morto”.
55 – “Vomitando mais do que urubu novo quando vê gente”.


domingo, 17 de maio de 2020

AMADOS!!




Charge de Enilson Amorrim


AMADOS!

Em memória de ABRAHIM FARAH NETO – O LHÉ (1942-2020)

Por: Marcos Inácio Fernandes*

”As vezes, fazer algo poético pode se tornar político e, as vezes, fazer algo político pode se tornar poético.” (Francis Alys)

“Amados,” ou então, “oi amor”!! Era assim que o Lhé, carinhosamente, nos tratava. Um revolucionário amoroso, que fazia política como quem faz versos. Ele, não apenas rimava as palavras em construções poética, mas aliava as palavras a gestos e atitudes que rimavam com humanidade, solidariedade, tolerância, desprendimento, simplicidade, abnegação, senso de justiça, e bom humor. 

O Lhé, travou o bom combate, em muitas trincheiras. Desde a de associações e sindicatos, movimento estudantil, partido político, direitos humanos e na trincheira internacionalista na defesa do povo Palestino. Nunca perdeu a ternura, jamais! Como ensinou o Che.

Conheci o Lhé logo que cheguei no Acre, em 1978, junto com o pessoal do Varadouro e junto ao pessoal do SESC, no seu teatro de ARENA. Ele era um animador cultural e um festeiro de primeira. Frequentador assíduo da Tentamen, do Casarão e dos jogos de gamaõ no hotel Chuí, ele se relacionava com pessoas de todos os estratos sociais e transitava e dialogava com todo o espectro político do Acre e, no PT, transitava por todas as suas correntes internas e era respeitado por todos.

ABRAHIM FARAHT NETO – LHÉ, militante histórico e fundador do nosso partido, no Brasil e no Acre, é uma fonte permanente de inspiração para todos nós. Virou uma entidade. Ele que atravessava sérios problemas de saúde e fazia 3 hemodiálises por semana, não se furtou em se fazer presente ao nosso PED/2019, para compartilhar sua energia e também receber a nossa. Quando foi escrever seu nome no painel de registro de presença no PED, acrescentou: O PT VIVE! Dizer mais o que?!

Como você dizia sempre: “obrigado amor” por sua existência.

PS – Eu lembro da “Irene” do poema de Manuel Bandeira:

...“Imagino Lhé entrando no céu:
-  Licença, meu branco!
E São Pedro Bonaçhão:
Entra, Lhé. Você não precisa
Pedir licença.”

Rio Branco (AC), 17 de maio de 2020

Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é professor aposentado e Secretário de Formação do DM/PT – Rio Branco


 Lhé no PED-2019 - "O PT VIVE"!

 Marcão, Lhé e Sibá (Dedicando a ele meu trabalho)

 Lhé e a presidente do DM de Rio Branco, Selma Neves.

 Lhé na ALE falando sobre a Palestina.

 Nota do PT

 Na casa do Lhé comemorando o aniversario do Lula - 2020

No PED 2019

 Cibele, (filha do Lhé) Marcão e Lhé no lançamento do livro do PT (fevereiro de 2019

 Lhé com Tião e Saldanha
 Santinho do PT 1982


 Lula com João Eduardo nos braços e Lhé.


Lhé e Marcão (Lula livre)



quarta-feira, 13 de maio de 2020

BRASIL - AS RAÍZES DAS NOSSAS DESIGUALDADES







Brasil - As Raízes das Nossas Desigualdades

Por: Marcos Inácio Fernandes*

1 – Quadro da situação Político/Administrativa. (1500-2020)
Situação Político /Administrativa
Anos
%
1- Colônia Portuguesa (1500-1822)
322
61,9
2 – Império (1822-1889)
67
12,9
3 – República Oligárquica (1889-1937)
48
9,2
4 – Ditaduras (1937-1945) e (1964-1985)
29
5,6
5 – Democracia Política Formal
54
10,4
Total
520
100,0
Observação: Depois da invasão, O Brasil ficou abandonado por 30 an

2 - A origem do “jeitinho” brasileiro.

“Nela, até agora, não podemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem ferro lho vimos. Mas, a terra em si, é de muitos bons ares, (...) Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. (...) “Peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de S. Tomé, Jorge de Osório, meu genro, o que d´Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste porto seguro da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500” (carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. João III)

3 – A origem da impunidade.

“Atendendo El-Rei a que muitos vassalos, por delitos que cometem andam foragidos (...) que passem para as Capitanias do Brasil que se vão povoar, há por bem declará-las  couto e homizio para todos os condenados por sentença até em pena de morte, excetuados somente os culpados por crimes de heresia, traição, sodomia, e moeda falsa. Por quaisquer outros crimes não serão os degredados para o Brasil de modo algum inquietados ou interpelados.”  (Alvará dos Degredados de 05 de outubro de 1535, assinado pelo Rei D. João III)

4 – A origem das desigualdades sociais.

“É sob o signo da violência contra as populações nativas, cujo direito congênito à propriedade da terra nunca foi respeitado e muito menos exercido, é que nasce e se desenvolve o latifúndio no Brasil. Desse estigma de ilegitimidade que é o seu pecado original, jamais ele se redimiria.”  (Quatro Séculos de Latifúndio - Alberto Passos Guimarães)

5 – Estado antes de Nação.

“1º Governo Geral do Brasil - Quando em 1549, Tomé de Souza, aqui aportou com o seu “Regimento de Governo”, trazendo 1.200 funcionários civis, militares e religiosos. Ali começávamos a nossa vida política de forma original: “tivemos Estado, antes de ter povo”.

6 - O povo brasileiro.

“Quando o nosso povo foi constituído a partir da miscigenação de “três raças muito tristes”, como disse o poeta Vinicius de Moraes - o português degredado; o índio perseguido; e o negro escravizado. - ele foi alijado, completamente, das decisões e, por consequência, da vida política.”

7 – As Sesmarias.

“Um produto milagroso – o açucar – engendra um modo de produção sui-gêneris na história: O regime Feudal de propriedade; e o regime escravista de trabalho. (Quatro Séculos de Latifúndio – Alberto Passos Guimarães).

8 – As sesmarias e os Engenhos.

As duas instituições fundamentais: A Sesmaria e o Engenho de cana, transformam-se numa unidade econômica. O sistema de sesmarias perdurou até 1822. (RESOLUÇÃO Nº 76 – DE 17 DE JULHO DE 1822.Manda suspender a concessão de sesmarias futuras até a convocação da Assembléia Geral Constituinte.)

9 – A Fazenda de Gado

“A fazenda foi o segundo tipo de domínio latifundiário. Possibilitou o alargamento da fronteira econômica e territorial”

10 – O “ciclo do ouro” e a pequena propriedade

“O Ciclo do Ouro, possibilitou a formação da pequena propriedade de posseiros no Brasil. Intrusos e Posseiros foram os precursores da propriedade camponesa. 1º nas “franjas” das sesmarias; 2º nas sesmarias abandonadas; 3º nas terras devolutas.”

12 – O latifúndio cafeeiro.

“O 4º ciclo econômico do Brasil, também foi estruturado em torno da grande propriedade. O Comendador da Ordem da Rosa, Joaquim José de Souza Breves, era o “rei do café”. Senhor de 20 fazendas e de 6.000 escravos. Produzia em torno de 300.000 arrobas de café por ano.

13 – Lei de Terras de 1850.

“Lei nº 601 de 1850, visava 3 objetivos: 1º - Proibir as aquisições de terras, por outro meio, que não fosse a compra (extingue o regime de posse); 2º Elevar o preço das terras e dificultar sua aquisição (venda em hasta pública com pagamento a vista); e 3° - Destinar o produto das vendas de terras à importação de colonos.”

14 – A profecia do padre Antônio Vieira (1608-1697)

“(…) O pior acidente que teve o Brasil em sua enfermidade foi o tolher-se-lhe a fala: muitas vezes se quis queixar justamente, muitas vezes quis pedir o remédio de seus males, mas sempre lhe afogou as palavras na garganta, ou o respeito, ou a violência; e se alguma vez chegou algum gemido aos ouvidos de quem o devera remediar, chegaram também as vozes do poder, e venceram os clamores da razão”. (Padre. Antônio Vieira – Sermão da Visitação de Nossa Senhora, - Salvador, junho de 1640)

15 – Talvez essas passagens históricas expliquem, em parte, nosso “complexo de vira-lata”

“Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretexto pessoais ou históricos para a nossa auto-estima.” Nelson Rodrigues (1912-1980)

As Raízes das nossas desigualdades, portanto, estão associadas a três vetores:
a -  Concentração de terras;
b   -  Caráter patrimonialista do Estado;
c   - Caráter concentrador e excludente dos modelos econômicos.

Rio Branco (AC), 13 de maio (132º ano da Lei Áurea) de 2020

Organização: *Prof.MSC. Marcos Inácio Fernandes (aposentado e Secretário de Formação do PT de Rio Branco