Graça e Zizeuda.
Zizeuda, como a conheci, sempre de bom humor.
Zizeuda no esplendor de sua juventude.
Oséias (Tio), Graça e Zizeuda.
Lembrança da Guayra, componente do nosso grupo de trabalho.
Zizeuda, sempre uma alegria contagiante.
Zizeuda quando visitou o Acre. (no meu escritório)
AMIGOS
QUE A VIDA ME PRESENTEOU.
Por: Marcos Inácio
Fernandes*
Meus amigos não tem
defeitos, agora os inimigos, se não tiver eu boto.” Carlos Imperial (1935-1992)
“A amizade é um amor que nunca morre.”
Mário Quintana (1906-1994)
“Para conhecermos os amigos é
necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a
quantidade e, na desgraça, a qualidade.” Confúcio (551 a.C – 479 a.C)
Começando a fazer o registro das
amizades que cultivei nas minhas 7 décadas de existência e, vou iniciar por
duas amigas queridas, cuja amizade remonta aos anos 70. Fazíamos a faculdade de
Sociologia na Fundação José Augusto em Natal, curso que, posteriormente, foi incorporado a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.
Trata-se de ZIZEUDA DE SOUZA GOMES
(Ziza ou ZI) e sua irmã, GRAÇA FARO DE SOUZA GOMES (Graça).
Fomos, como já disse, contemporâneos
na velha FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, na rua
Jundiaí, que disponibilizava os cursos de Sociologia e Jornalismo. Por anos
seguidos formamos um bom grupo de trabalho e, sem falsa modéstia, éramos alunos
aplicados e sempre tiramos boas notas nos trabalhos. O grupo era composto por
mim, Ziza, Graça, Rizolete (Rizó), Guayra e Chico. Lembro que a Graça foi a
aluna laureada (a de melhor desempenho acadêmico) quando concluímos o curso, já
na UFRN, em 1977.
Registro que a Ziza foi quem me
arranjou o 1º emprego de datilógrafo num escritório de planejamento que ela trabalhava.
Eu era um “dedógrafo”, já a Ziza, era uma exímia datilografa e era quem “batia”
nossos trabalhos de curso. Minha gratidão Ziza, pela oportunidade do 1º emprego.
Desde então, nunca fiquei desempregado e hoje posso desfrutar do “ócio criativo”,
aposentado que estou, desde 2010, pela Universidade do Acre. Ô glória!
Dos tempos de faculdade, até hoje,
guardo uma lembrança de um disco compacto simples, com Juca de Oliveira
recitando poemas de Drummond e Vinicius, que ganhei da Guayra, com a seguinte
dedicatória: “Marcos, que a palavra do poeta me faça saudade no teu
coração. Tua amiga. Guayra. Natal 08-12-73”
Quando me bate saudades, dessa turma
e dessa época, coloco esse disco no meu som de vinil e sempre me emociono com
Juca de Oliveira recitando fragmentos do poema de Drummond, “Resíduos”. “De
tudo fica um pouco...” Ficou foi muito, amigas !!!
Ainda em Natal, guardo na memória, um
carnaval que passamos em Ponta Negra, eu, Eró, Ziza, Graça e Juliano Siqueira e
outros amigos que não me lembro. Numa madrugada, nesse retiro de carnaval, acordamos
com Liz Noga tocando seu violão numa espécie de serenata fora de época. Foi um
deleite!
Ao longo da nossa amizade
tivemos muitos momentos prazerosos pelos bares de Natal. Quando eu já morava em
Rio Branco e numa das minhas idas à Natal, em 1988, nos encontramos em algum
bar e Graça escreveu num guardanapo de mesa de bar, essas palavras:
“Marquito, Fazer
renascer emoções é Uma coisa muito séria. E importante. E vibrante.
Porque emoção é vida
e você, amigo antigo de antigamente, fez, com seu jeito de sempre, renascer coisas
não esquecidas, mas guardadas...Que bom você ter vindo! Que bom chegar aos
34 anos e saber que fiz
um amigo. VALEU! Volte, tá! Um beijo, Graça.” (25/6/88)
Voltei outras vezes em Natal, mas,
perdemos contato. Depois tive a triste notícia de que Graça e Zizeuda tiveram
aneurisma e ficaram com a saúde comprometida. Graça está em cadeira de rodas
sob os cuidados de Plínio, seu irmão e Ziza está, em estado quase vegetativo,
na casa de sua filha Ana, sob seus cuidados e de uma enfermeira. Quando estive
pela última vez em Natal, agora no ano passado, em 2019, visitei Zizeuda na
casa da sua filha Ana e não sei se ela me reconheceu. Senti falta do seu sorriso
cativante e da conversa que não tivemos.
Confesso que fiquei impactado em vê-la naquele estado. E me vi cantarolando a música “Velho Ateu” (Eduardo
Gudin & Roberto Riberti) ”...Se eu fosse Deus a vida bem que melhorava/ Se eu fosse Deus daria aos que não tem nada...” se eu fosse Deus
restabeleceria a saúde de Zizeuda e Graça.
Vou lembrar das
minhas amigas, Ziza e Graça, sempre com ternura. Tem uma música que é a cara delas - “Mais um
Adeus” de Toquinho e Vinicius, que diz: “... e de repente uma vontade de
chorar...” Toda vez que escuto, me lembro delas e dá uma vontade de chorar e de
tomar uma de Gim, ou de outra bebida quente, para brindar a nossa amizade.
Gratidão Zizeuda e
Graça!!
Rio Branco, 28 de maio
(76º dia de isolamento social) de 2020
Marcos Inácio
Fernandes (Marquito)