terça-feira, 19 de maio de 2020

DIZERES E SABERES DO POVO NORDESTINO.






Dizeres e saberes do povo nordestino.

(Registrando, para não esquecer essas expressões, que ouvi na infância e adolescência)

O povo, na sua sabedoria e observações do cotidiano, vai construindo analogias, comparações jocosas, alegres, divertidas e, muitas vezes, também ácidas e ferinas sobre o seu dia a dia, a sua vivência e convivência com a natureza e a sociedade. Muitas dessas expressões são precisas, cirúrgicas, definitivas e que se explicam por si mesmas. Outras, precisa-se conhecer a conjuntura, o ambiente cultural, o sentido da expressão e uma explicação adicional para entendê-las. (É uma outra tarefa). Ao longo da minha infância e adolescência elas foram sendo ditas e repetidas no ambiente familiar, nas ruas e nas cidades do interior, principalmente, por gente simples do povo. Elas me encantam e me faz rir. Reproduzo-as aqui, de forma aleatória, na medida que vou me lembrando e me embevecendo com as comparações. (MIF)

Sobre ABUNDÂNCIA, diz-se:
1 – “Não se acaba, nem fica pouco. Igual a mosquito em cu de cachorro”
Ou então “mosquito em banana podre”.

ANALFABETISMO.
2 – “Não passou do ABC grande”
3 – “Não faz um “O” com uma quenga de coco”.
4 – “Analfabeto de pai, mãe, parteira e os 4 vizinhos”

PROMESSA.
5 – “Quem enricou de promessa foi São Severino do Ramo”
6 – “Não paga nem promessa de areia a santo, morando em baixo do morro.”
INVEJA.
7 – “De inveja não morro, mas mato muita gente.”

MISERABILIDADE/MESQUINHARIA
8 – “Isso não reparte nem o cabelo.”
9 – “Não dá um bico de pão a um cego”.
10 – “Não abre a mão nem prá tomar injeção na veia”.
  
MAGREZA
11 – “Tá só o tamanco. Só tem o couro e o pau”.
12 – Tá igual a bandeira de pirata. Só tem o pano e a caveira”.

POBREZA
13 – “Não tem um lugar prá cair morto”.
14 – “Não tem um pau prá dá num gato”.
15 – "Não tem no cu o que um periquito roa”.

FALSIDADE
16 – “Mais falso do que uma nota de sete”.
17 – “Mais falso do que tábua de quixó”.
18 – “É igual a baralho. Tem duas caras”

SORTE
19 – “Tem mais sorte do que rapariga nova”.
20 – “Mais sorte que isso é achar dinheiro em calçada alta” (Nem precisa se baixar para apanhar.)

TRISTEZA
21 – “Mais triste do que São Sebastião flechado”.

MULHER “FALADA”
22 – “Dá mais do que paca da mão branca em noite de lua cheia.”
23 – “É mais furada do que tábua de pirulito”.
24 – “Leva mais vara do que chiqueiro de criar bode”.
25 – “Leva mais vara do que casa de taipa”.

OS “MAIS”
26 – “Mais perigoso do que pastel de botequim”.
27 – “Mais afiado do que língua de manicure”.
28 – “Mais duro do que rabo de ovelha”
29 – “Mais enfeitado do que penteadeira de rapariga”
30 – “Mais escondido do que rapariga de pastor”.
31 – “Mais alegre do que pinto de 2 dias”.
32 – “Mis curto do que coice de preá”.
33 – “Mais colorido do que pescoço de arara”.
34 – “Mais desconfiado do que cachorro de índio”.
35 – “Mais seguro do que carrapato em cu de peba”.
36 – Mais desarrumado do que ninho de xexéu”.
37 – “Mais sério do que um bode cagando numa canoa”.
38 – Mais por baixo do que cu de arraia”.
39 – “Mais escuro do que casa de viúva”.
40 – “Mais fino do que assobio de saguin”.
41 – “Mais ligeiro do que coceira de cachorro”.
42 – “Mais enjoado do que menino que tá nascendo os dentes”.
43 – “Mais chato do que lençol curto”.
44 – “Mais cheiroso do que filho de barbeiro”.
45 – “Mais gordo do que filho de ladrão quando o pai tá solto”.
46 – “Mais arrochado do que cu de sapo”.
47 – “Mais quieto do que menino cagado”.
48 – “Mais sujo do que poleiro de pato”.
49 – “Mais empenado do que o gato da Zinebra”.
50 – “Mais enrolado do que cabelo de relógio”.
51 – “Penando mais do que galinha que cria pato”.
52 – “Quem refresca cu de pato é lagoa”.
53 – “Quem enche cu de judas é molambo”.
54 – “Tremendo mais do que Toyota em ponto morto”.
55 – “Vomitando mais do que urubu novo quando vê gente”.


Um comentário:

  1. Maravilha eu amo esses ditos popular. Coisa de nossa infância que perpetua em nossas vidas.

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