Brasil
- As Raízes das Nossas Desigualdades
Por: Marcos Inácio Fernandes*
1 – Quadro da situação
Político/Administrativa. (1500-2020)
Situação
Político /Administrativa
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Anos
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%
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1- Colônia
Portuguesa (1500-1822)
|
322
|
61,9
|
2 –
Império (1822-1889)
|
67
|
12,9
|
3 –
República Oligárquica (1889-1937)
|
48
|
9,2
|
4 –
Ditaduras (1937-1945) e (1964-1985)
|
29
|
5,6
|
5 –
Democracia Política Formal
|
54
|
10,4
|
Total
|
520
|
100,0
|
Observação: Depois da invasão, O Brasil ficou abandonado por 30
an
2 - A origem do “jeitinho”
brasileiro.
“Nela, até agora, não
podemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem ferro
lho vimos. Mas, a terra em si, é de muitos bons ares, (...) Águas são muitas,
infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela
tudo, por bem das águas que tem. (...) “Peço que, por me fazer singular mercê,
mande vir da ilha de S. Tomé, Jorge de Osório, meu genro, o que d´Ela
receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste porto seguro
da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500”
(carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. João III)
3 – A origem da impunidade.
“Atendendo El-Rei a que
muitos vassalos, por delitos que cometem andam foragidos (...) que passem para
as Capitanias do Brasil que se vão povoar, há por bem declará-las couto e homizio para todos os condenados
por sentença até em pena de morte, excetuados somente os culpados por crimes de
heresia, traição, sodomia, e moeda falsa. Por quaisquer outros crimes
não serão os degredados para o Brasil de modo algum inquietados ou
interpelados.” (Alvará dos Degredados de
05 de outubro de 1535, assinado pelo Rei D. João III)
4 – A origem das
desigualdades sociais.
“É sob o signo da violência
contra as populações nativas, cujo direito congênito à propriedade da terra
nunca foi respeitado e muito menos exercido, é que nasce e se desenvolve o
latifúndio no Brasil. Desse estigma de ilegitimidade que é o seu pecado
original, jamais ele se redimiria.” (Quatro
Séculos de Latifúndio - Alberto Passos Guimarães)
5 – Estado antes de Nação.
“1º Governo Geral do Brasil
- Quando em 1549, Tomé de Souza, aqui aportou com o seu “Regimento de Governo”,
trazendo 1.200 funcionários civis, militares e religiosos. Ali começávamos a
nossa vida política de forma original: “tivemos Estado, antes de ter povo”.
6 - O povo brasileiro.
“Quando o nosso povo foi
constituído a partir da miscigenação de “três raças muito tristes”, como disse
o poeta Vinicius de Moraes - o português degredado; o índio perseguido; e o
negro escravizado. - ele foi alijado, completamente, das decisões e, por
consequência, da vida política.”
7 – As Sesmarias.
“Um produto milagroso – o açucar – engendra um modo de
produção sui-gêneris na história: O regime Feudal de propriedade; e o regime
escravista de trabalho. (Quatro Séculos de Latifúndio – Alberto Passos
Guimarães).
8 – As sesmarias e os Engenhos.
As duas instituições fundamentais: A Sesmaria e o Engenho
de cana, transformam-se numa unidade econômica. O sistema de sesmarias perdurou
até 1822. (RESOLUÇÃO Nº 76 – DE 17 DE JULHO DE 1822.Manda suspender a
concessão de sesmarias futuras até a convocação da Assembléia Geral
Constituinte.)
9 – A Fazenda de Gado
“A fazenda foi o segundo tipo de domínio latifundiário. Possibilitou
o alargamento da fronteira econômica e territorial”
10 – O “ciclo do ouro” e a pequena propriedade
“O Ciclo do Ouro, possibilitou a formação da pequena
propriedade de posseiros no Brasil. Intrusos e Posseiros foram os precursores
da propriedade camponesa. 1º nas “franjas” das sesmarias; 2º nas sesmarias
abandonadas; 3º nas terras devolutas.”
12 – O latifúndio cafeeiro.
“O 4º ciclo econômico do Brasil, também foi estruturado
em torno da grande propriedade. O Comendador da Ordem da Rosa, Joaquim José de
Souza Breves, era o “rei do café”. Senhor de 20 fazendas e de 6.000 escravos. Produzia
em torno de 300.000 arrobas de café por ano.
13 – Lei de Terras de 1850.
“Lei nº 601 de 1850, visava
3 objetivos: 1º - Proibir as aquisições de terras, por outro meio, que não
fosse a compra (extingue o regime de posse); 2º Elevar o preço das terras e
dificultar sua aquisição (venda em hasta pública com pagamento a vista); e 3° -
Destinar o produto das vendas de terras à importação de colonos.”
14 – A profecia do padre
Antônio Vieira (1608-1697)
“(…) O pior acidente que
teve o Brasil em sua enfermidade foi o tolher-se-lhe a fala: muitas vezes se
quis queixar justamente, muitas vezes quis pedir o remédio de seus males, mas
sempre lhe afogou as palavras na garganta, ou o respeito, ou a violência; e se
alguma vez chegou algum gemido aos ouvidos de quem o devera remediar, chegaram
também as vozes do poder, e venceram os clamores da razão”. (Padre. Antônio
Vieira – Sermão da Visitação de Nossa Senhora, - Salvador, junho de 1640)
15 – Talvez essas passagens
históricas expliquem, em parte, nosso “complexo de vira-lata”
“Por
complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca,
voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um Narciso às
avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretexto
pessoais ou históricos para a nossa auto-estima.” Nelson Rodrigues (1912-1980)
As Raízes
das nossas desigualdades, portanto, estão associadas a três vetores:
a - Concentração de terras;
b - Caráter patrimonialista do Estado;
c - Caráter concentrador e excludente dos modelos
econômicos.
Rio Branco (AC), 13 de maio
(132º ano da Lei Áurea) de 2020
Organização: *Prof.MSC.
Marcos Inácio Fernandes (aposentado e Secretário de Formação do PT de Rio
Branco
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