Lula
Ministro
Marcos Inácio Fernandes*
- “Quando cercar um exército, deixe um saída livre. Isso não
significa que permita ao inimigo fugir. O objetivo é fazê-la acreditar que é um
caminho para a segurança, evitando que lute com a coragem do desespero. Pois
não se deve pressionar demais um inimigo desesperado.” ( A Arte da Guerra - Sun Tzu 500 a.C)
-
“Nunca concedas privilégios e graças irrevogáveis, porque virá um tempo
necessário para mudá-las, e não poderás fazê-lo.” – Breviário dos Políticos –
Cardeal Giulio Mazzarino (1602-1661)
- “Considero seja melhor ser impetuoso
do que dotado de cautela” -Cap. XXI de O Príncipe de Nicolau Maquiavel
(1469-1527).
Aventa-se, nesses últimos dias, que
Dilma teria convidado Lula para o Ministério, o que lhe daria prerrogativa de fórum.
O Moro teria que encaminhar seu presumível processo para o Supremo, a quem
compete processar e julgar Ministros. Comenta-se ainda, que Lula teria recusado,
estando disposto a correr o risco de ser preso por Moro. Não posso avaliar se é
coragem ou uma temeridade que o Lula está praticando. Pois vejamos:
Depois da última operação da Lava Jato,
ironicamente, chamada de ALITHÉIA, ficou claro, até pro mundo mineral, (como
costuma falar Mino Carta), que o grande objetivo dessa investigação é
desconstruir o PT, desmoralizar o Lula, prendendo-o, e derrubar o governo.
Forças poderosas se articulam e agem em sincronia nesse sentido. O Moro
atravessou o Rubicão na 6ª feira (04-03), quando tentou sequestrar Lula ao
arrepio da lei. Avalio que não tem volta.
Felizmente, o Moro não leu Sun Tzu.
Pressionou demais um inimigo acossado e a reação foi a que se viu. Lula subiu o
tom e a militância respondeu. A consciência democrática da nação se manifestou
e denunciou o arbítrio, mas o fato é que o PT e o governo continuam no cerco e
nas cordas (Não conseguimos nem nomear o Ministro da Justiça, conforme
interpretação hoje do Supremo). Entretanto, o clima na militância do PT e nos
demais democratas mudou consideravelmente. Os ânimos se assemelham ao daquele
general Republicano da guerra civil espanhola; “Companheiros! Estamos cercados!
Não vamos deixar o inimigo escapar!”. O sentimento é esse de combate e de
enfrentamento, que já começou com o MST em Goiás.
Dentro desse clima é que surge a
proposta e a possibilidade de Lula Ministro, sem dúvida, uma jogada de risco,
mas que fatalmente mexeria no xadrez político. Ela de imediato tiraria a caixa
de fósforo da mão do Moro e daria mais um fôlego ao Lula e ao governo. Por
outro lado, seria uma abdicação da sua autoridade e do seu poder. Lula, seria
aquele auxiliar, que Dilma não poderia demitir, como diz o Cardeal Mozzarino,
quando trata da “graças irrevogáveis”. Seria uma sombra sufocante da
Presidenta, um 1º Ministro, de fato. Mas a crise é tão grande que está a
requerer dois presidentes compartilhando o executivo para debelar a crise.
Dilma com a gerência da máquina administrativa e Lula com a articulação
política. A oposição iria uivar muito, mas a caravana teria uma chance de
chegar a um oásis.
Ademais, Lula seria um auxiliar leal e
teria mais espaço e condições de pavimentar a sua candidatura em 2018. Resta
saber qual seria o Ministério onde ele seria mais útil. Um Ministro da casa, ou
um Chanceler? Eu simpatizo mais com o Ministério da Relações Exteriores com
atribuições específicas de consolidar o Mercosul, fortalecer os BRICS e
viabilizar a estrada de ferro bi-oceânica e outros projetos estratégicos do
país.
É um movimento arriscado? É. Mas como
ensina Maquiavel: “é melhor ser impetuoso que dotado de cautela”.
Fora dessa possibilidade, resta esperar
a voz de prisão do Moro: “teje preso”! E seja o que Deus quiser. Em seguida,
virá o golpe da deposição da Dilma e, por fim, a cassação da legenda do Partido
dos Trabalhadores. Antes que aconteça tudo isso, fiquemos em vigília e nos
preparemos para o combate e enfrentamento. Se o golpe se consumar, só me resta entrar
novamente na clandestinidade!!
*Marcos Inácio Fernandes é professor
aposentado e militante do PT
Nenhum comentário:
Postar um comentário