quarta-feira, 9 de março de 2016

LULA MINISTRO





Lula Ministro
Marcos Inácio Fernandes*


- “Quando cercar um exército, deixe um saída livre. Isso não significa que permita ao inimigo fugir. O objetivo é fazê-la acreditar que é um caminho para a segurança, evitando que lute com a coragem do desespero. Pois não se deve pressionar demais um inimigo desesperado.”  ( A Arte da Guerra - Sun Tzu 500 a.C)

 - “Nunca concedas privilégios e graças irrevogáveis, porque virá um tempo necessário para mudá-las, e não poderás fazê-lo.” – Breviário dos Políticos – Cardeal Giulio Mazzarino (1602-1661)

- “Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de cautela” -Cap. XXI de O Príncipe de Nicolau Maquiavel (1469-1527).

Aventa-se, nesses últimos dias, que Dilma teria convidado Lula para o Ministério, o que lhe daria prerrogativa de fórum. O Moro teria que encaminhar seu presumível processo para o Supremo, a quem compete processar e julgar Ministros. Comenta-se ainda, que Lula teria recusado, estando disposto a correr o risco de ser preso por Moro. Não posso avaliar se é coragem ou uma temeridade que o Lula está praticando. Pois vejamos:
Depois da última operação da Lava Jato, ironicamente, chamada de ALITHÉIA, ficou claro, até pro mundo mineral, (como costuma falar Mino Carta), que o grande objetivo dessa investigação é desconstruir o PT, desmoralizar o Lula, prendendo-o, e derrubar o governo. Forças poderosas se articulam e agem em sincronia nesse sentido. O Moro atravessou o Rubicão na 6ª feira (04-03), quando tentou sequestrar Lula ao arrepio da lei. Avalio que não tem volta.
Felizmente, o Moro não leu Sun Tzu. Pressionou demais um inimigo acossado e a reação foi a que se viu. Lula subiu o tom e a militância respondeu. A consciência democrática da nação se manifestou e denunciou o arbítrio, mas o fato é que o PT e o governo continuam no cerco e nas cordas (Não conseguimos nem nomear o Ministro da Justiça, conforme interpretação hoje do Supremo). Entretanto, o clima na militância do PT e nos demais democratas mudou consideravelmente. Os ânimos se assemelham ao daquele general Republicano da guerra civil espanhola; “Companheiros! Estamos cercados! Não vamos deixar o inimigo escapar!”. O sentimento é esse de combate e de enfrentamento, que já começou com o MST em Goiás.
Dentro desse clima é que surge a proposta e a possibilidade de Lula Ministro, sem dúvida, uma jogada de risco, mas que fatalmente mexeria no xadrez político. Ela de imediato tiraria a caixa de fósforo da mão do Moro e daria mais um fôlego ao Lula e ao governo. Por outro lado, seria uma abdicação da sua autoridade e do seu poder. Lula, seria aquele auxiliar, que Dilma não poderia demitir, como diz o Cardeal Mozzarino, quando trata da “graças irrevogáveis”. Seria uma sombra sufocante da Presidenta, um 1º Ministro, de fato. Mas a crise é tão grande que está a requerer dois presidentes compartilhando o executivo para debelar a crise. Dilma com a gerência da máquina administrativa e Lula com a articulação política. A oposição iria uivar muito, mas a caravana teria uma chance de chegar a um oásis.
Ademais, Lula seria um auxiliar leal e teria mais espaço e condições de pavimentar a sua candidatura em 2018. Resta saber qual seria o Ministério onde ele seria mais útil. Um Ministro da casa, ou um Chanceler? Eu simpatizo mais com o Ministério da Relações Exteriores com atribuições específicas de consolidar o Mercosul, fortalecer os BRICS e viabilizar a estrada de ferro bi-oceânica e outros projetos estratégicos do país.
É um movimento arriscado? É. Mas como ensina Maquiavel: “é melhor ser impetuoso que dotado de cautela”.
Fora dessa possibilidade, resta esperar a voz de prisão do Moro: “teje preso”! E seja o que Deus quiser. Em seguida, virá o golpe da deposição da Dilma e, por fim, a cassação da legenda do Partido dos Trabalhadores. Antes que aconteça tudo isso, fiquemos em vigília e nos preparemos para o combate e enfrentamento. Se o golpe se consumar, só me resta entrar novamente na clandestinidade!!

*Marcos Inácio Fernandes é professor aposentado e militante do PT

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