Obrigado
Moro!
Marcos Inácio
Fernandes*
“Dizem
que o meu povo
É
alegre e pacífico.
Eu
digo que o meu povo
É
uma grande força insultada. (...)
Eu
digo que o meu povo
É
uma pedra inflamada
Rolando
e crescendo
Do
interior para o mar.”
(Alberto Cunha Melo – Aos Mestres Com Desrespeito)
Não tem como deixar de
reconhecer e exaltar o Juiz Globeleza, Sérgio Moro, pela demonstração de força
e de poder que ele demonstrou ontem (6ª feira, 4 de março), quando mandou
sequestrar o presidente Lula e o levou,
sob vara, para depor em Congonhas. Comenta-se que o plano inicial era sequestrar
o Lula até a “Vara de Guantânamo” em Curitiba, que só não se concretizou graças
ao ex-deputado do PT, professor Luisinho que, no aeroporto, começou a botar a
boca no trombone fazendo-os recuar da ousadia.
Mas ontem o Juiz de 1ª
instância, Sérgio Moro, mostrou quem tem PODER no Brasil. Um poder equivalente
ao sangue de Cristo (lembram-se da frase: “sangue de Cristo tem poder” dos
religiosos?!). Um poder também equivalente ao de um delegado do interior da
República Velha, que “mandava soltar e mandava prender” ao seu bel prazer. Um
poder como o dos antigos coronéis do nordeste, também na 1ª República, que
diziam, debochadamente: “a lei é como uma cerca. Se ela é alta, agente passa
por baixo, se ela é baixa, a gente passa por cima”.
Pois bem. Ontem o Moro
agiu dentro desse espírito da República Velha e se prevalecendo do poder
divino, que a Globo lhe confere e em conluio com ela e os demais comparsas da
mídia familiar, armaram o espetáculo para mostrar Lula entrando no camburão da
polícia, se possível algemado, colocando mais combustível na fogueira do golpe.
Tudo muito sincronizado e vazado, naturalmente, como a reportagem da Isto É
(dizem que caberia melhor na revista o título de “Quanto É”), a vergonhosa edição
dessa matéria no Jornal Nacional, com a versão de verdadeira, apesar de ter
sido desmentida pelo pretenso delator, Senador Delcídio Amaral. O circo estava
armado. Desde a madrugada que os helicópteros da Globo e seus repórteres
estavam mobilizados para mostrar Lula ser conduzido coercitivamente, como de
fato foi.
Com essa ação, Moro rasgou
a Constituição e o Código Penal (alguém só pode ser conduzido, coercitivamente,
em baixo de vara, caso se negue a prestar depoimentos à justiça e depois de ser
convocado pela 2ª vez) e atropelou o Supremo Tribunal Federal, que ainda estava
por decidir, qual a competência de Forum para ouvir Lula. Em síntese, Moro, tratorou o Estado Democrático de Direito e o
velho bom senso. Se agem assim com um ex-presidente,
que teve dois mandatos populares, tem base social e tem projeção nacional e
internacional, a que risco não está exposto o cidadão comum?
Como muitos já
desconfiam (eu entre eles), essa Lava Jato, pode ser tudo, mas, efetivamente,
não é para combater a corrupção (pois só tem foco na corrupção do PT). É um
projeto de poder. Ele está em curso para devolvê-lo aos que sempre foram os
seus donos. Parodiando o Clinton: “é o Pré-Sal, estúpido”. Isso é o que está em
jogo e já recebeu seu 1º ataque (o PSL 131 do Serra /Renan). O mais é
perfumaria.
Mas voltando ao queridinho da Globo, seu premiado. O Moro, realmente, faz a diferença. Ele teve a capacidade e o poder de tirar o PT da letargia, da pasmaceira e do imobilismo. Teve a imprudência de tirar o “Lulinha paz e amor” do sério. Teve a temeridade de pisar no rabo da jararaca, que estava quietinha. Teve a mesquinharia de envolver os familiares de Lula, seus filhos e netos. Quando o Lula, paz e amor, percebeu que estavam em vias de profanar o túmulo de sua mãe e também de exumar o cadáver de D. Lindu em buscas de vestígios de corrupção dele, então, Lula virou uma fera!! Falou duro, bateu firme e acenou para a militância assumindo a sua condição de guerreiro do povo brasileiro. Assumiu a sua disposição de voltar a percorrer o Brasil e se lançar candidato a Presidência em 2018. Em resumo, Lula deixou a plutocracia numa sinuca de bico. Se for preso, torna-se herói. Se for morto, torna-se mito ( e um mito não se mata). Se continuar solto, será o nosso candidato e, provavelmente, o elegeremos de novo. Estávamos precisando desse aceno. Vamos à luta, pois como disse o Presidente - poeta Agostinho Neto: “Lutar para nós é um destino – É a ponte entre a descrença e a esperança de um mundo novo”
Não sou ingrato. Agradeço
o bem que o senhor fez a nossa militância. Obrigado, de coração, Dr. Moro, por
essa mãozinha. Ela veio em boa hora. O golpe foi postergado mais uma vez. A
farsa da “Republica de Congonhas” não repetiu a tragédia da “República do
Galeão”. Dessa vez não haverá tiro no peito. Nem suicídio nem renúncia. Muito
menos impeachement.
Às ruas!!! A velha luta de classes nos chama.
*Marcos Inácio Fernandes é
professor aposentado e militante do PT
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